XCVI

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1 A N O  E  8 M E S E S 
DEPOIS


Casas haviam sido erguidas, famílias e laços haviam sido iniciados.   Cada um daquele lugar, sendo homem ou mulher, criança ou jovem tinha uma parte na mudança de todo o espaço.

April e Carl agora faziam parte das patrulhas de buscas em outros estados, faziam parte do grupo de pessoas que vestiam as fardas e iam atrás do que poderia ajudar aquelas pessoas. E eles nunca estiveram tão bem como estavam agora, namorando como dois adolescentes, se amando como senão houve o amanhã e se conhecendo ainda mais a fundo, desde os desejos mais íntimos aos medos mais insuperáveis.

Maggie estava grávida, de seu segundo filho com Glenn, eles não tinham nenhum tipo de equipamento de ultrasson na nova comunidade, então teriam que descobrir qual o sexo do bebê apenas quando ele nascesse.

April abriu a janela de seu container, que agora servia de casa, e viu Carl reclamar sobre o colchão. Ele abriu o olho e encarou a namorando trocando de roupa em sua frente, se sentando na cama e deixando algumas exclamações escaparem ao se sentar na cama. 

- Você está muito linda usando apenas isso - ele diz a puxando para a cama e a beijando. - Bom dia amor! 

- Bom dia lindo! Acho melhor você também se levantar e se vestir, vamos sair hoje para explorar um hospital, se lembra? 

Carl gemeu mais uma vez e encarou a mulher. April se levantava da cama e puxava as cobertas que encobriam o corpo semi nú do namorado. Ela jogou as roupas sobre ele e pediu para ele se vestir. 

A comida cheirou e o som das pessoas andando pela comunidade começou. O dia estava se iniciando mais uma vez, com o sol nascendo no horizonte e uma lista de coisas para serem feitas. 

Carl vestiu sua farda e parou ao lado da namorada, pegando sua escovas de dente e caminhando em direção ao banheiro para se arrumar. Ele havia deixado seu chapéu de lado, ignorando o mesmo por não "combinar" com a roupa que usava naquele momento.

- Pronto? - April diz entrando no banheiro e encarando o namorado.

- Sim. Vou pegar nosso café da manhã e te espero no caminhão.

Carl deixou um beijo nos lábios da namorada e caminhou para fora de casa, cumprimentando as pessoas e as ajudando a carregar algumas caixas.

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- Chegamos! - Nathan diz parando o caminhão em frente ao hospital de tratamento ao câncer do antigo mundo. Eles precisavam de cilindros de oxigênio e de kits cirúrgicos, já que Maggie teria um bebê e eles tinham que manter a mulher bem durante o parto que aconteceria meses a frente. - Se lembrem de pegarem os cilindros dentro dos carrinhos, equipamentos de cirurgia e remédios que acharem dentro dos armários.

O pai de Nathan havia sido médico nas forças especiais e na marinha e havia passado seus ensinamentos para o filho antes de morrer por de ataque cardíaco.

- April vai na frente, você vai criar as barreiras e se for necessário, matar mortos.

- Não é melhor matarmos todos os mortos que acharmos pelo caminho? Vão ser menos deles e mais de nós vivos. - April questiona sabendo que estava certa e que Nathan só estava tentando não ver seus homens e mulheres machucados.

Ele deu ombros e matou o primeiro morto da porta do lugar, deixando o caminho livre para que April entrasse na frente 

- Só não quero que fiquem cansados cedo demais.

- Cara, se tem uma coisa que não vamos ficar é cansados - Carl responde entrando atrás da namorada e vendo os primeiros resquícios do estrago. - Tudo bem?

- Sim - April concordou pulando o corpo morto no chão e avançando pelo corredor cheio de portas.

O cheiro pútrido invadiu seu nariz e ela fechou os olhos por alguns instantes, fechando a porta do quarto antes que algo saísse lá de dentro. Alguns dos homens que vinham atrás acertavam suas facas nas cabeças dos mortos, reforçando a morte daquilo que antes eram pessoas.

- Onde? - April questiona fechando mais uma porta.

- É no final do corredor, no outro bloco. Precisamos atravessar tudo isso aqui pra podermos chegar até os remédios e cilindros que precisamos.

April rodou a adaga em suas mãos e avançou pelo corredor, ouvindo os primeiros mortos vivos que vagavam pelos corredores. Ela engoliu seco e respirou fundo, sentindo suas mãos vibrarem e o poder as consumir.

Carl parou ao lado da namorada, apoiando- se na porta e esperando por ela.

- Pronta? - Nathan exclama ao lado dos três.

- Prontos!

As portas rangeram e eles entraram pelo corredor, vendo as sinuetas dos mortos avançarem e o barulho aumentar ainda mais. April criou a barreira ao redor de cada um, sentindo a pressão aumentar e seu nariz ficar quente por causa do sangue que começaria a escorrer em segundos.

A lâmina se manchou pelo sangue quando Carl matou o primeiro zumbi, sendo seguindo pelos outros que eram cercados pelos mortos que saiam das salas e quartos.

April fechou os olhos e mexeu com suas mãos, erguendo os mortos e deixando o caminho livre.

- Vão logo porra! - ela exclama abrindo seus olhos brancos e brilhantes e vendo os homens e mulheres passarem por baixo dos mortos. - Carl!

- Sim?!

- Eu te amo!

Ele sorriu largo e beijou a testa da namorada, largando em direção a sala que eles precisavam. April ficou para trás, ela tinha outros planos, mas não deixou que a proteção sobre eles sumisse. Então, seus passos a levaram para a ala da maternidade, encontrando a destruição e cenas ainda piores que ela não queria ver.

Sala de ultrassonografia. 345 - 349

- Merda! - o corpo April caiu quando um zumbi agarrou seu tornozelo e outro caiu sobre ela.

A adaga em sua mãos acertou o crânio da morta que estava sobre ela, e um gemido alto de dor escapou por seus lábios quando a que agarrava seu pé, lhe mordeu na perna.

- Inferno! - April exclama matando o que antes era uma mulher e vendo os mortos surgirem pelas portas dos corredores, após sentirem o cheiro de sangue.

A bolha protetora foi criada ao seu redor também e ela começou a mata - los, sacando a outra adaga e acertando os crânios podres de mulheres e homens que haviam morrido dentro daquele hospital enorme.

Era diferente, em todos os outros hospitais que ela havia ido, todos tinham a fileira de tiros na parede demarcando ontem os militares haviam matado as pessoas antes da queda do mundo, já aquele, aquele não tinha nenhum resquício de que os policiais haviam ido ali. Nada. Parecia que eles haviam sido abandonados.

𝐎𝐁𝐒𝐂𝐔𝐑𝐄 𝐖𝐎𝐑𝐋𝐃↬ᶜᵃʳˡ ᵍʳⁱᵐᵉˢOnde histórias criam vida. Descubra agora