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•April•

Os meus passos eram rápidos, minha respiração ofegante e o gosto do sangue ainda estava em minha boca. Minha mão estava
junto com a do meu irmão, ele me puxava sem parar desde horas atrás.

Estávamos fugindo do governo. Mais uma vez.

- Entra! - sou colocada dentro do carro e a porta bate mais uma vez, me fazendo colocar o cinto e esperar meu irmão entrar no carro.

Segundo, depois o carro estava atravessando a cancela do hotel e entrando na rua movimentada.

Os carros eram deixados para trás, as buzinas dos donos dos carros que quase havíamos batido não paravam, os gritos e as derrapagens que eles faziam.

- Isso é culpa minha! Me deixa pra trás, eles vão te matar e eu...

- Não, prometi a mamãe e ao papai que cuidaria de vocês, que te protegeria deles o máximo que eu pudesse e o tempo que eu achasse que fosse necessário. Minha vida só é vida se você estiver nela, se eu te perder, tudo acaba April e eu não posso viver sem você.

Abaixei a cabeça e suspirei pesado, pegando a arma que estava sobre o colo do meu irmão.

- Me deixe ajudar então, me deixe te proteger como você me protege.

Ele sorriu e tirou sua mão do volante, a colocando sobre meus cabelos.

- Vamos nós proteger juntos, vamos continuar a cuidar um do outro. Ok? Eu preciso que você saiba que isso que tem nas mãos não é um brinquedo e que só vai usar quando achar que é o momento certo, quando estiver encurralada e prestes a...morrer. Não sei quanto tempo vamos conseguir viver assim, temos que mudar de país, de roupas, de nome e de corte de cabelo, acha que consegue me ajudar nessa?

- Sim.

O ar encheu meus pulmões e meus olhos se abriram. Meu sangue pingava mais uma vez para dentro do maldito recipiente transparente. Mais um sonho causado por causa dos remédios.

Estava sozinha, ouvindo os mortos batendo nas grades. Ele andava com eles, eram dois mortos pelo o que eu havia visto de relance uma vez, ambos com jalecos brancos e sujos com sangue. Não dava para ler seus antigos nomes ou muito menos saber quem eles eram de onde eu estava, era longe e minha visão estava embaçada.

Observei bem o lugar que ele havia me prendido e reparei que havia uma escada com 5 degraus do lado esquerdo - bem próxima a mim por sinal - a água pingava sem parar em algum canto e haviam plantas sobre a bancada e um corpo ao lado do meu.

- Ei..ei...você está vivo? - sem resposta. - Ei, você está vivo?

Tento me levantar da cama, mas caio no chão sentindo aquela corrente amarrada em meus pés. Chamo a pessoa que estava na outra cama mais algumas vezes até ver seu corpo se remexer de forma lenta e os olhos leitosos me encararem. 

- Não - deixo escapar por meus lábios, sentindo as lágrimas molharem meu rosto. -  Você não!

A risada ao fundo me fez observar os cantos escuros e tentar encontrar aquele maldito médico. 

- Gostou de reencontrar seu querido irmão? - ele questiona deixando as sombras. - Confesso que manter ele assim por tanto tempo foi difícil, mas nada paga o prazer que é ver essa sua carinha assustada e cheia de perguntas. 

As lágrimas estavam pesadas e meu queixo não parava de tremer. Era meu irmão em minha frente. Meu irmão que eu havia visto eles matarem enquanto tentava me salvar. 

- Como?

- Como o quê?- eu queria poder o matar -  Ah sim, como eu o tenho você quer saber. Bom quando vocês fugiram e nós o matamos no início do apocalipse, eu o guardei junto comigo, junto com seus pais, com pessoas que haviam te ajudado e que agora estavam mortas. É querida, seus papais estão aqui também. 

Não tinha como aquilo ser verdade, meus pais haviam sido mortos em uma explosão no laboratório que eles trabalhavam um ano antes do mundo ruir. Eu tinha ido ao enterro deles as escondidas junto com meu irmão. 

- Sabe aquela história de explosão? Bum...mentira. Eu os matei e criei um jeito de todos acharem que havia acontecido uma explosão, mas na verdade, eles só estavam fazendo parte do meu teste, o qual eles continuam firmes, fortes e cheios de  fome. 

Em transe, era assim que eu estava. As mãos mortas do meu irmão tentando me alcançar, as palavras do médico, as mentiras que rondavam a minha vida, tudo aquilo estava me deixando em transe e totalmente perdida.


Esse cara é...

Votem e comentem amores
Me desculpe também o sumiço, estou sem tempo para escrever

𝐎𝐁𝐒𝐂𝐔𝐑𝐄 𝐖𝐎𝐑𝐋𝐃↬ᶜᵃʳˡ ᵍʳⁱᵐᵉˢOnde histórias criam vida. Descubra agora