𝐎𝐁𝐒𝐂𝐔𝐑𝐄 𝐖𝐎𝐑𝐋𝐃↬ᶜᵃʳˡ ᵍʳⁱᵐᵉˢ

XIV

Escuro. Frio. Vozes no corredor. Dor. April estava sofrendo tudo aquilo de novo. Seu corpo doía a cada machucado novo que ela ganhava, a cada gota de sangue que ela perdia. Sua visão ficava cada vez mais embaçada a cada tentativa de Negan retirar algo dela. 

A porta de metal pesada se abriu e Simon entrou puxando a garota pelo colarinho da blusa e a tirando do escuro. Os olhos de April doeram quando a luz fez contato com eles. 

Ela rezou para alguém chegar e a tirar daquele desespero. Só que ninguém de todo o santuário imaginava o que acontecia no fundo daquela fábrica, ninguém sabia as torturas que eles faziam para tentar descobrir algo que já havia sido usado antes e acabado. 

- Bom dia raio de sol! - Negan exclama ao ver a garota ser colocada sobre a cadeira de tortura e a amarrarem. - Vai falar algo pra gente hoje?

- Vai se ferrar. - ela diz encarando os  olhos negros de Negan bem em frente a seu rosto. - eu nunca vou te contar nada. 

- Porra garota - ele fala sacando a faca  e a passando no rosto da garota ouvindo ela gemer - Eu só quero saber onde está a porra daquele frasco. 

- Não esta comigo e mesmo se estivesse eu não deixaria você colocar as mãos podres nele.

A faca cortou a pele da garota no mesmo lugar onde o sangue seco estava acumulado, April mordeu o lábio com uma certa força sentindo o gosto amargo do sangue em sua boca. Negan poderia a furar, cortar e queimar quantas vezes ele quissesse. Ela não iria abri a boca. 

- Pode me ferir e até tentar me matar. Eu não vou abrir a minha boca para lhe contar onde está a cura. Não vou te entregar de mão beijada aquilo que meu irmão e eu tentamos esconder e salvar de pessoas como você.

- Se você não contar alguém da sua querida Alexandria vai sofrer. 

Os pensamentos de April viajaram para Carl, naquele momento ele já devia saber o que estava acontecendo em seu corpo. 

Negan a tocou, segurando seus cabelos e April encarou os olhos negros do homem em sua frente. Um sorriso fraco surgiu dos lábios da garota e ela começou a falar. 

- Sua mulher morreu Negan. Ela só tem os ossos naquele túmulo de merda que você fez no quintal da sua casa no começo do apocalipse - Negan se assustou e se afastou, mais era tarde. - Se ela morreu foi por sua culpa, por que enquanto você a traía com a vizinha e com as professoras da escola onde trabalhava, ela ficava cada vez mais doente. O processo de cura pro câncer dela demorou, já era tarde, foi sua culpa. Apenas sua.

A mão de Negan acertou o rosto de April e ela fechou os olhos encarando o homem alto e estressado em sua frente.

- Me bater não vai traze-la de volta. Me machucar não vai fazer ela levantar do túmulo viva e te chamar de meu bem ou meu amor.

- Cala a boca - ele grita pegando Lucille e acertando o rosto da garota.

O sangue fluiu pelos cortes e furos feitos pelo arame. Negan não aceitava a verdade, mesmo ele sabendo que ela nunca voltaria, que se ele tivesse ficado em casa e visto os sintomas aparecerem e a levado no médico a tempo.

April sorriu com os dentes vermelhos e encarou eles saírem da sala. Dois pontos para April.

April tá com a língua afiada.
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