XVII

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April Lockheart

Tinha chegado a hora. A qual eu sempre temi depois de todos esses anos de apocalipse.

- Você precisa me prometer que não vai me deixar de lado, que não vai me julgar e...

- Eu não vou! Nunca.

Eu sabia que eles estava falando aquilo da boca pra fora, ele não iria cumprir, pelo menos uma parte não. Respirei fundo uma última vez e encarei o olhar claro de Carl em minha frente.

- Fui criada em um laboratório. - digo - Não nasci de uma barriga ou da forma convencional, fui criada em uma bolsa, semelhante a bolsa amniótica, meu DNA foi modificado, ainda não sei me decidir se para melhor ou para pior já que tudo que aconteceu foi ruim. Quando "nasci" a única pessoa que me dava confiança suficiente e me mostrava o que era ser bom, era meu irmão. Ele trabalhava pro governo, fazia parte do que eles chamavam de família temporária.

- Você não tinha família então?

- Ele era minha família. Fui registrada, colocada em uma escola e menti minha vida toda sobre minha família, dizendo que eles haviam morrido quando eu era bebê. Durante duas semanas por mês eu era levada para o laboratório secreto do governo, sendo obrigada a fazer coisas que eu não queria. Eles me forçavam a usar minhas habilidades. Meu irmão tentava me ajudar, até que um dia fugimos, nos escondemos dos militares e trocamos de nomes, cortamos os cabelos e mudamos as cores deles, minha vida começou a melhorar aí.

Carl estava segurando minha mão, com força, como se quisesse passar alguma positividade ou segurança para mim.

- Minha memória biográfica não é apenas uma memória. Minhas dores de cabeça não são apenas dores de cabeça.

- O que são?

- São poderes! Eu não gosto do nome, mais são isso.

A expressão no rosto e Carl se transformou e ele se distanciou, começando a andar de um lado para o outro, sem parar.

- Que tipo de poderes?

- Eu não sei! Pelo menos não os que causam as minhas dores de cabeça, eu nunca os usei. Eu tenho visões, essas vieram junto com a memória biográfica e a telepatia. Por isso sempre soube onde você estava, mesmo chegando atrasada, por isso eu soube da sua mordida.

- Não podia ter tentado chegar mais rápido todas às vezes que perdemos alguém? Dale, Tyreese, minha mãe, Jason, Abraham e...

- Eu nunca conseguia, Carl. Não me culpe. Eu sempre tentei e...

- Meus amigos morreram. Você devia saber que eles eram importantes pra mim e para minha família. Porra April - ele grita batendo a mão no criado e deixando o copo cair no chão. - Você podia ter nos avisado, podia ter salvado a vida de muita gente.

Como eu pensava. Ele me culparia por tudo e não cumpriria sua promessa ou qualquer coisa que já tivesse dito antes.

- Eu já disse! Eu nunca consegui chegar a tempo, nunca consegui parar uma ação.

- Quando os salvadores mataram Jason e Abraham, onde você estava?

- Eu estava presa em uma casa. Longe demais para poder...

- Você estava se escondendo! É isso que você faz, você se esconde e deixa os outros morrerem.

- Eu tive que me esconder, minha cabeça estava a prêmio entre os salvadores. - grito sentindo meus machucados doerem  - Você acha que eu sou o que? Eu sou humana, eu tenho medo, assim como você.

- Você não é uma humana. Humanos não tem poderes, humanos não são criados em bolsas fora da barriga da mãe. Você é um monstro!

Encarei o rosto de Carl uma última vez antes de chamar a médica e pedi para ela tirar ele de lá. Quando a porta se fechou, as lágrimas escorreram em meu rosto e eu me senti ainda pior.

Eu tinha que ir ao banheiro.

Me sentei na cama e encarei o chão cheio de cacos. Meu corpo caiu no chão depois de deslizar sobre a cama, e comecei a juntar os cacos que estavam próximos as minhas mãos, ainda com a visão embaçada eu pude ver o sangue fluir de um dos cortes recém feitos  por eles em minhas mãos.

- Por que tem que ser tão difícil?

E um pouco da verdade foi dita, tem tanta coisa ainda pra ser falada.
Comentem e votem,me contem sobre o que esperam da história.

𝐎𝐁𝐒𝐂𝐔𝐑𝐄 𝐖𝐎𝐑𝐋𝐃↬ᶜᵃʳˡ ᵍʳⁱᵐᵉˢOnde histórias criam vida. Descubra agora