Henry.

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Nove anos atrás...
Henry- nove anos.

Respiro fundo contando de um até dez enquanto ando em passos rápidos em direção ao escritório do meu pai, buscando alívio para minha mente quando pequenos sons se tornam gritantes nela, sons esses que evoluem para falas e risadas que não estão apenas em minha casa, mas também vindas no festival que está acontecendo nesse exato momento.

Mamãe tinha razão quando me disse que talvez tanto barulho pudesse me afetar, pois a minha falta de controle está se tornando ainda mais frequente nesse mês, mas não queria que eles perdessem uma data tão especial pra nossa espécie para cuidar de mim.

E nem tem como fazer isso, apenas eu posso fazer parar!

Aperto minha mão na maçaneta para abrir a porta, mas os gritos de pessoas desconhecidas fazem com que a pontada na minha cabeça aumente e tento controlar os rosnados em minha garganta, sem querer que os meus irmãos escutem eles, e sem esperar mais, puxo o metal na minha mão para baixo, percebendo que mais uma vez usei força demais quando um ruído estrondoso de metais se soltando se faz presente apenas para mim, fazendo com que a porta fique inclinada para baixo, com apenas uma parte dela impedindo que vá direto ao chão.

Solto a maçaneta que foi retirada sem querer da porta, deixando ela no chão e tento entrar no local sem que termine de quebrar a porta, suspirando aliviado quando todos os sons em minha mente desaparecem, com apenas o silêncio prevalecendo e sorrio enquanto me deito no tapete feupudo que tem no escritório do meu pai.

Pelo menos consegui chegar antes que piore!

Tio Yan teve uma ótima ideia de colocar um feitiço no escritório, é o único local onde posso ir quando não tenho controle da minha audição, mas não sei se ele vai continuar sendo quando o dia da minha primeira trasformação chegar, e desejo que sim, que eu possa ter um refúgio de mim mesmo.

Mas falta tão pouco tempo para isso acontecer...

Me sento lentamente para ver o estrago que eu fiz na porta, pois talvez possa ter concerto, mas não, não tem como concertar o buraco que está no local onde deveria estar a maçaneta.

Mais uma porta! Ou pior, mais coisas quebradas pra coleção!

Levanto frustrado comigo mesmo, cansado de sempre estragar algo, de sempre deixar as pessoas ao meu redor preocupadas, de ser o assunto das conversas que muitos pensam que não escuto, de como o novo supremo não consegue lidar com si mesmo ou de como eu deveria ser.

Me aproximo da mesa, abrindo um pote de vidro que contém bombons dentro, os comendo enquanto admiro o jardim pela janela, que nem ao menos precisa de lâmpadas para iluminá-lo, pois a lua está fazendo esse trabalho e lembro do poder que ela terá depois da meia noite, ainda mais para os lobos que já chegaram em sua maioridade, trazendo benefícios e problemas ao mesmo tempo.

Pelo menos foi isso que mamãe me disse sobre a superlua e lua de sangue!

Fecho o pote de vidro, jogando o papel da embalagem no lixo, sem deixar mais nada fora do lugar, e passo com cuidado pelo canto da porta sem tocar nela, caminhando para cozinha, onde tia Nanda estava nos explicando como se faz um bolo, mas agora não tenho certeza se ainda continuam tentando cozinhar, pois tudo que escuto são os gritos raivosos do Noah e as reclamações do Josh.

Curioso para saber o mais novo motivo para eles estarem brigando, acabo apressando os passos, passando pela sala de jantar e entrando na cozinha, tentando entender o que está acontecendo para o chão estar com tanta farinha, mas nem ao menos tenho tempo de perguntar, pois me afasto rapidamente para o lado esquerdo quando um ovo é jogado em minha direção, quase me acertando.

Meu Vigia Noturno IIOnde histórias criam vida. Descubra agora