Meu Vigia Noturno II

Henry.

Dois anos atrás...
Henry- 16 anos.

Com um sorriso satisfatório no rosto, jogo todas as correntes e algemas enfeitiçadas no chão do meu quarto, agradecendo por não precisar mais ficar trancafiado em locais resistentes e usar elas para me manter preso durante a lua de sangue. Sendo que mesmo não durando mais que uma hora, é o tempo suficiente para fazer com que meu lobo perceba que não irá conseguir encontrar o que tanto procura, fazendo com que a raiva intensa se transforme em angústia.

Angústia essa que me faz ficar acordado em todas as noites de lua cheia, sentindo falta de algo que só tive por meros minutos, e me questionando se não fui equivocado ao constatar que ela é uma humana. Em nenhum registros, dos anciãos mais antigos, relatam alguma ligação de companheirismo entre um lobo e uma humana, ainda mais com um surprmo. Não tem lógica o único ser que pode ser usado como arma para me afetar ser tão frágil.

Essa situação é tão embaraçosa!

Suspiro e afasto qualquer pensamento que desencadeie a sessão de reflexão que só me trás interrogações ao invés de exclamações. Curvo meus lábios em um pequeno sorriso ao voltar aos pensamentos sobre a próxima semana, pois depois da lua de sangue não irei me preocupar com o curto período de descontrole, ou sentir medo de buscar saber se houve assassinato da minha parte envolvendo alguém que apenas cruzou o meu caminho. Agora vai ser diferente, a minha ligação com o Josh vai ser concretizada assim que o eclipse lunar começar, trazendo uma troca mútua quando o morder no ombro, o tornando oficialmente o meu único beta.

A mordida pode ser dolorosa quando não é feita para selar uma ligação amorosa, mas só há essa maneira de conectar os nossos lobos, passando uma parte dos meus poderes atravéz dos fluidos em meus caninos ao adentrar sua pele na lua de sangue. Algo que não é feito por um alfa comum.

—Sério, Henry, eu espero muito que você não tenha avisado a nenhum daqueles alfas sobre a "mordida" da próxima semana!– Josh murmura jogando a bola de tênis para o alto e a pegando antes de tocar no chão, enquanto permanece esparramado em meu sofá.

—Eu contei que irei concretizar a nossa ligação, só que deixei claro que não precisam vim!– respondo me sentando no chão do quarto.—Mas uma hora ou outra você terá que encarar eles ao meu lado. Então vai se contentando, porque suas obrigações só irão aumentar!

—As vezes eu me questiono se não estou entrando em uma enrascada!– jogo a única almofada perto de mim nele, que não consegue desviar e solta um resmungo logo em seguida.

—Cala a boca! Você não tem mais escapatória!– Josh sorrir e volta a jogar a bola de tênis para cima.

Nem dá para imaginar outra pessoa no lugar dele para ser o meu beta!

—Agora que você vai ter mais auto controle nos dias de eclipse, pensa em passar com alguém?– Josh pergunta, mudando de assunto sem aquele sorriso divertido no rosto.

—Eu não parei muito para pensar sobre isso...– respondo coçando a nuca.

—Você poderia tentar. Melhor do que passar vontade, porque por mais que você tenha controle do seu corpo, ainda sentirá desejos.– Josh continua jogando a bola para cima, só que agora mais alto.

—Então você vai passar a lua de sangue com alguém?– pergunto e analiso sua ação de jogar a bola de tênis com tanta força para cima, a fazendo bater no teto e rebater em outras direções do quarto por várias vezes.

—Não há nada que me impeça do contrário!– sua voz sai grave e levanto uma das minhas sobrancelhas.

—Nem o meu irmão?– falo atraindo o seu olhar raivoso.—Não adianta me olhar assim, não dá para esquecer uma história que foi contada aos pedaços!