Capítulo 18.

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Nove de fevereiro...
Maya.

Dou alguns passos para frente, ficando ao lado da Elisa quando percebo que o garoto que me assustou apenas com um olhar, estava atrás de mim.

Não o culpo por ter ficado com raiva, também iria sentir raiva se alguma pessoa estranha derrubasse pipoca doce em cima da minha cabeça e melasse os meus fios com leite condensado. Mas o olhar dele me deu medo, parecia que iria me estrangular a qualquer momento, só que para a minha sorte, trocamos de lugar e dessa vez não derrubei mais nada em cima da pessoa em minha frente.

Só o refrigerante na pessoa que estava ao meu lado, que por sorte era o Noah!

Me senti muito culpada nos primeiros segundos até ouvir a risada do Noah enquanto ficava me provocando por ser desastrada, mas só consegui me aliviar mais quando ele afirmou que estava tudo bem antes de arrastar o Leon pro banheiro para consertar o estrago.

Na próxima, sem comida!

Passo pela porta de saída do cinema, observando algumas pessoas circulando pelo local, mas uma me chama a atenção, não a pessoa em si, e sim o que ela está segurando entre as mãos, um livro igual ao meu, o mesmo livro que eu estava quase terminando, o mesmo que joguei naquele garoto invasor de casas alheias e banheiros femininos.

O que me deixa mais agoniada é o fato que não me lembro onde o coloquei, não lembro de tê-lo pegado da varanda e nem da minha avó me entregando ele, o que me leva a pensar que o garoto roubou o meu livro.

Era para eu ter jogado o vaso!

—Nunca pensei que seria tão divertido ir em um cinema com a Maya!– saio dos meus pensamentos pela voz da Elisa.

—Nunca mais entro em um cinema com comida ou bebida!– resmungo ainda ouvindo a risada deles.

Ouço uma música desconhecida por mim começando a tocar e olho para os três ao meu lado, percebendo que o celular era da Elisa, que o pega do bolso e atende, fazendo gesto com a mão para esperar ela enquanto a mesma se afasta com o celular no ouvido.

—Queria saber o que ela esconde!– Noah exclama e desvio o meu olhar para ele.

—Deve ser apenas os pais dela!– Leon diz descansando um dos braços ao redor do ombro do Noah.

—Não mesmo, se fosse os meus tios, ela ia apenas atender sem se afastar. Essa daí não me engana, faz tempo que tento descobrir quem é o garoto que arranca o sorriso dela com apenas uma mensagem, o que é bastante difícil de se acontecer, já que a Lisa não é bem amigável com os garotos que tentam se aproximar dela!

—Já parou para pensar que talvez não seja um garoto, e sim, garota?– pergunto relembrando o olhar de ternura da Lisa sempre que avista a Lotte e Mia, mesmo que ocorra apenas por alguns segundos, ele estava lá.

—Porra, como eu não pensei nisso antes!– o semblante abismado de Noah me faz querer rir.—Deve ser por isso que quando tentei juntar a Lisa com um garoto que era todo boiola por ela deu merda. Sabia que eu não era um péssimo cupido!

—Depois eu tenho que perguntar pra ela como foi isso!– Leon rir passando a mão nos fios castanhos do Noah.

—E se a gente tentasse descobrir quem é a garota?– Noah pergunta com intusiasmo e minha curiosidade aumenta.

—Não acho que isso é uma boa ideia, se Lisa quisesse que a gente saiba, iria falar. Ela prefere que isso seja um segredo apenas dela, mas tenho certeza que um dia ela ainda vai nos contar!– a expressão do Noah murcha enquanto ele confirma com a cabeça e faço o mesmo, pois o Leon tem razão.

Meu Vigia Noturno IIOnde histórias criam vida. Descubra agora