Capítulo 2.

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Vinte de Janeiro...
Maya.

Pecorro o olhar por cada canto do meu quarto pela última vez, segurando a alça da minha mochila com força e fechando a porta logo em seguida, tentando não deixar que nenhuma lágrima desça pelo meu rosto, pois sei que se deixar uma cair, várias irão cair logo em seguida e o aperto no peito irá voltar.

Respiro fundo e olho receosa para a escada, tendo a noção que no primeiro andar os meus pais estão a minha espera para nos despedirmos, e não me dou nada bem com despedidas. Sei muito bem do que eu quero e não irei voltar a trás da minha decisão, pois o que eu mais anseio é passar os três anos ao lado da minha avó, mesmo que para isso a saudade irá predominar por cada dia que irei passar longe deles.

Vamos , Maya, é apenas uma despedida, você não irá passar a sua vida toda sem os ver!

Desço os degraus da escada e já encontro os meus pais conversando no sofá, minha mãe está com o rosto vermelho e sei que ela havia chorado.

—Não quero choro, pois se começar não vou conseguir ir embora hoje!– falo, trazendo a atenção dos dois para mim.

—Isso seria ótimo, você não precisa ir hoje, ainda estamos em janeiro e as aulas só começarão em fevereiro!– minha mãe levanta do sofá, me abraçando.

—Mas eu preciso me organizar na casa da vovó e conhecer a cidade, fazer matrícula e entre várias coisas!

—Tenho tanto medo que te aconteça algo!

—Não vai acontecer nada, não sou mais criança e consigo me virar, também tem a vovó que irá me fazer uma ótima companhia.

—Mas irei sentir tanta a sua falta aqui em casa!

—Também irei, mãe!

—E eu não irei ganhar um abraço antes que o táxi chegue?– me solto da minha mãe que enxuga as lágrimas e abraço o meu pai.

—Irei ligar sempre para vocês!

—Aproveite bem essa experiência, mas moderadamente, é claro!

—E se você quiser voltar antes para casa, é só ligar para nós que iremos lhe buscar o mais rápido possível.

—Pode ficar tranquila, vai ficar tudo bem!

O som do carro me faz virar para a porta aberta de casa, comprovando que o meu táxi chegou. Respiro fundo e sorrio para os meus pais, me inclino para poder pegar as malas caidas no chão, mas o meu pai as pega primeiro que eu, as levando para fora da casa.

—Irei mandar sua mesada todos os meses, se precisar de algo é só me ligar!– mamãe começa a falar caminhando para fora da casa, ainda chorando, sendo seguida por mim.

—Tudo bem, mãe. Acho que é melhor eu ir!

Minha mãe passa os seus braços ao redor do meu corpo e sinto meu pai junto a nós, abraçando as duas ao mesmo tempo, e uma lágrima teimosa desce pela minha bochecha.

—Tchau, minha pequena!

—Quando chegar lá, me liga!

Confirmo com a cabeça e entro dentro do táxi, aceno mais uma vez para eles e percebo o carro se afastando cada vez mais, passo a mão ao redor da minha bochecha e me concentro em pensar na experiência boa que irei passar ao lado da minha avó.

(...)

Uma voz distante em minha mente começa a se tornar cada vez mais audível, como se estivesse tentando chamar minha atenção e me concentro em entender o que ela significa. Abro os olhos lentamente e olho para frente, onde passagem de algumas árvores passam lentamente no meu campo de visão.

Meu Vigia Noturno IIOnde histórias criam vida. Descubra agora