Henry.

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Dez anos atrás...
Henry- Oito anos.

Ouço cada palavra calado, sem interromper a conversa deles, mesmo que muitas vezes eu tenha que controlar a minha língua, não por acabar aumentando o meu castigo, e sim porque sei que errei, eu deveria ter controlado minha força ao agarrar o braço daquele menino.

Mesmo que ele tenha merecido ficar com o braço quebrado agora. Ninguém puxa o cabelo do meu irmão e sai impune!

Eu entendo o lado do Henry, mas não é a primeira vez que isso acontece, senhor Harris. Henry precisa controlar mais o seu temperamento, só assim para saber lidar com sua força!– encaro o diretor enquanto ele fala olhando para o meu pai em sua frente.

—Ele é só uma criança que deveria estar brincando sem preocupações como as outras. Mas não, ele tem que lidar com seus instintos tão jovem, o que ocasiona em crises de estresse, e não é algo que ele pode acabar com um estralar de dedos!– a voz da minha mãe me faz abaixar a cabeça, lembrando quantas vezes que ela teve que conversar com o diretor por minha causa.

Eu sempre causo preocupações neles!

—Lobinha, está tudo bem!– papai aperta uma das mãos da minha mãe antes de se virar para o diretor.—Irei arcar com os custos daquele menino, mas ele será advertido por agredir o meu filho mais novo fisicamente!

—Sim, não se preocupe com isso, as regras são rígidas diante esses assuntos!

—Licença, irei sair e esperarei do lado de fora!– digo já me levantando e indo em direção da porta.

—Tudo bem.– consigo ouvir a voz do meu pai antes de fechar a porta, encontrando o Josh sentado em um dos bancos.

—Como foi lá dentro?– ele pergunta ao se levantar e passar os dedos ajeitando os fios de sua franja.

—Matheus vai levar advertência, mas ele não vai poder ir pra escola por algumas semanas, porque eu quebrei sem querer o braço direito dele!

—Eu ainda não entendi como isso aconteceu, eu só fui no banheiro e quando cheguei o garoto estava gritando de dor no chão!

—Matheus estava implicando com o Noah de novo, mas dessa vez ele tocou no Noah, puxou o cabelo dele...– paro de falar quando ouço um rosnado baixo vindo do Josh.—Aí quando eu fui puxar o braço dele para longe do Noah, acabei usando um pouco de força!

—Ele mereceu! Ele fica implicando com o Noah para descontar a raiva que ele sente por você ser melhor que ele. E o Noah só tem cinco anos!

—O que tem eu?– olho para o lado, observando meu irmão se aproximando com a mochila do Homem de Ferro nas costas.

—Nada, baixinho. Sua cabeça ainda está doendo?– pergunto quando ele para ao meu lado e acaricio a sua cabeça.

—Sim, quase fiquei careca e sem uma parte da pele da minha nuca, ia ficar mostrando só o osso que nem aquele esqueleto da sua sala, nunca mais entro nela, vai que ele ganhe vida e queira me pegar por ter o derrubado da última vez!

—Toma cuidado, ele se irrita fácil com as crianças mal criadas, e quando você menos esperar, ele te fará uma visita de noite no seu quarto!– olho feio para o Josh quando sinto o Noah se encostando mais em mim!

—Isso é mentira, você está querendo me assustar de novo!– Noah resmunga indo se sentar no banco que Josh estava antes.

—Depois não diz que eu não avisei!

Abro a boca para mandar Josh parar, mas a fecho rapidamente quando sinto uma fragrância ácida de perfumes misturados. Abaixo minha cabeça, franzindo o cenho enquanto mais cheiros começam a me atingir. Terra. Poeira. Suor. Tinta. Giz de cera. Madeira. Livros. Ferrugem. Mais perfumes...

Meu Vigia Noturno IIOnde histórias criam vida. Descubra agora