Capítulo 17.

15.9K 1.6K 2.8K
                                    

Nove de Fevereiro...
Noah.

Deslizo meus dedos nos seus fios escuros, segurando a vontade de os puxar, pois sei que serei morto se fizer isso, sendo que o motivo nem é a dor, e sim por acordá-lo. Começo a trilhar linhas imaginárias no seu cabelo, gostando da maciez que me tira do tédio dessa aula de geografia, aula que não dou a mínima de prestar atenção, mas sei que precisarei me esforçar mais quando chegar às provas.

Levanto o meu olhar para cima, observando minha irmã e Maya prestando atenção a cada fala da professora, que não está se importando com o Leon dormindo na sala de aula e apenas explica o conteúdo sem pausas, algo que eu detesto, já que só consigo ouvir a voz dela ecoando pela sala.

Suspiro e volto a olhar para o corpo adormecido ao meu lado, mas sorrio largo quando o som que precisava ouvir ecoa por todo o colégio, anunciando o intervalo para o almoço. Olho ao redor, avistando algumas pessoas saindo depressa da sala e o Leon ainda sem despertar.

—Noah, estou indo com a Lotte e Luan pro refeitório!– Mia se aproxima de mim, beijando as minhas bochechas, sem me deixar nenhuma escapatória, se afastando logo em seguida.

Hoje ela amanheceu carente, já perdi as contas de quantas vezes ela me abraçou e beijou só nessa manhã!

—Quem é que vai acordar ele?– Maya se vira na cadeira assim que a sala fica vazia.

—Vamos de pedra, papel ou tesoura!– digo e ela confirma com a cabeça, levantando uma das mãos e abaixando ao mesmo momento que abaixo a minha, mostrando a tesoura enquanto coloquei papel.

—Sempre perco, puta que pariu!– resmungo e me viro novamente pro Leon.—Leon, o sinal já tocou. Cachorrinho, acorda!

Balanço o seu braço devagar, sem obter nenhuma resposta vindo dele, então começo a bater em seu braço, escutando leves rosnados vindo dele e agradeço por serem muito baixos, pois a Maya não escutou, está concentrada demais esvaziando o apontador na lixeira.

Melhor não puxar o cabelo dele, pois se o mesmo acordar raivoso, não vou ter desculpas para os olhos brilhantes e os rosnados altos!

Lembro-me do nome da música que ele coloca para despertá-lo todas as manhãs e a raiva que ele sente por ela, o que me vem na mente uma ótima ideia. Pego meu celular na mesa e começo a colocar a música para tocar, observando Leon se movendo e levantando o rosto emburrado, passando o olhar ao seu redor até parar na minha mão.

—Era preciso, você não queria acordar!– digo guardando o meu celular antes que ele queira quebrar o meu bebê.

—Já é a hora do intervalo?– sua voz sai baixa e rouca, enquanto ele coça os olhos e se levanta da cadeira.

—Sim, e é melhor a gente ir logo pra não perder os melhores lugares!– Maya indaga, voltando a se sentar na cadeira para fechar a mochila, e concordo com ela.

Quero ficar perto da vidraça que dá uma bela vista ao jardim.

Maya se levanta da cadeira e no processo acaba batendo o lado direito do quadril na mesa, fazendo com que eu tenha que segurar a risada enquanto ela resmunga massageando o local e recebo um olhar sonolento do Leon, sem entender nada, apenas balanço a cabeça em negação e me levanto do meu lugar, seguindo eles em direção a saida da sala.

Mas antes que eu consiga passar pela porta, Josh aparece em minha frente, barrando apenas a minha passagem e fixo o meu olhar no seu, sem entender o motivo da aparição repentina e o seu semblante sério enquanto não desvia por nenhum segundo a sua atenção em mim.

Quebro o contato visual com ele e procuro Leon e Maya, os encontrando do lado de fora da sala enquanto nos observa sem dizer uma palavra, apenas me esperando para podermos ir ao refetório logo.

Meu Vigia Noturno IIOnde histórias criam vida. Descubra agora