Vinte de Janeiro...
Maya.Quando percebo que os milhos pararam de estourar, retiro do fogão, evitando que eles queimem e tenhamos que comê-los assim mesmo. Vovó me entrega uma vasilha grande própria para pipocas e despejo o conteúdo dentro da pipoqueira nela, percebendo que fiz um ótimo trabalho por não conter nenhum milho sem estourar em cima.
Coloco a panela na pia e carrego a vasilha junto com o meu copo com refrigerante para a sala, que já está com o filme pausado na tela da televisão. Ponho o copo em cima da mesinha do centro da sala e me sento ao lado da minha avó, compartilhando a pipoca com ela.
—Sabe, você não quer mudar de ideia sobre ir a festa?
—Está querendo dispensar a minha companhia, vovó? Eu cheguei apenas algumas horas atrás e já quer se livrar de mim? Eu sempre fui uma neta comportada!
—Não é que eu não queira sua companhia, eu apenas quero que você interaja com pessoas da mesma idade que a sua e essa festa iria ajudar para isso!
—Eu iria morrer de vergonha e nem sei onde é essa festa, mas mesmo assim eu não quero ir não, prefiro ficar em casa!
—Tudo bem. Mas já é que horas?
Me estico no sofá e pego o meu celular, tocando duas vezes para a tela ligar, me mostrando que já são dezoito horas da noite.
—Já são dezoito horas!
—Nossa as horas passaram rápido demais. Você se importaria se o jantar atrasar por algumas horas?
—Não tem problema, a gente almoçou tarde, vovó, estou sem fome!– começo a comer a pipoca.
—Eu estava pensando em lhe apresentar para a Elisa, mas acho que ela já deve estar indo para a festa!
—Quem é Elisa?– pergunto depois de beber um gole do meu refrigerante.
—Filha dos nossos vizinhos do lado, acho que ela tem dezesseis anos, quase da sua idade e ela também é amiga do aniversáriante.
—Ah, depois irei tentar me aproximar dela, já que seremos vizinhas por três anos.
Ter alguém conhecida antes do primeiro dia de aula em um colegio novo, é uma boa ideia. Não queria me sentir tão deslocada assim!
—Como é a personalidade dela? Não quero pagar mico e falar coisas que provavelmente ela não irá gostar!
—Não sei bem como descrever a Elisa, pois não a conheço tão bem quanto conheço os pais, mas o que eu sei é que ela é um pouco reservada, educada quando quer e introvertida com o novo.
—Espero que ela goste de mim!
—Também espero que vocês fiquem amigas, a Elisa só tem um garoto como amigo, um dos gêmeos que lhe disse, eles vivem andando juntos, queria muito que ela estivesse mais amigos da idade dela. Assim como você!
Espero que eles gostem de mim!
—Ficamos conversando e nem demos play no filme!– sorrio para ela e me viro para frente, observando a introdução do filme começar e cessamos a conversa.
(...)
Me enrolo na toalha branca rapidamente quando começo a sentir o frio ao sair do banho me atingir, fazendo os pelos do meu corpo se arrepiarem. O coque mal feito se desfaz, deixando os meus fios castanhos soltos um pouco abaixo do ombro.
Depois que cortei eles, está sendo difícil amarrá-los sem presilhas!
Dou de ombros e decido deixar eles soltos mesmo, passo o meu olhar por cada canto do banheiro, me martializando por ter esquecido o pijama em cima da cama. Suspiro e tento erguer coragem onde não tenho para ter que andar pelo corredor até o meu quarto, pois o frio vai ser pior que dentro do banheiro e não posso chamar a minha avó para me ajudar, ela já deve estar dormindo.
Ótimo ideia tomar banho as onze horas da noite, Maya!
Levo minha mão até a maçaneta, abrindo a porta e passando rapidamente por ela. Na ponta dos pés eu passo pela porta do quarto da minha avó, temendo fazer barulho, e quando estava prestes a sair correndo na direção do meu quarto, uma porta fechada perto do quarto de visitas me chama atenção.
Me lembro dela, já tinha entrado uma vez quando era menor, mas as memórias são um pouco embasadas em minha mente, só sei que era o quarto dos meus bisavós e que tinha coisas intocáveis deles. Nunca perguntei sobre eles para a minha avó, sentia que não deveria me intrometer nas memórias dela, mas também nunca tinha uma curiosidade aguçada como a de agora.
Levo uma das minhas mãos até a maçaneta, apertando várias e várias vezes para baixo, confirmando que ela ainda continua trancada como sempre. Talvez tenha alguns grampos e cartões velhos em algum canto, eu só preciso achá-los e abrir a porta.
Não, não... Ela deve estar trancada por algum motivo, vovó não irá gostar se eu abrir sem a permissão dela!
Me distancio da porta, um pouco relutante, voltando para o meu quarto e fechando a porta dele logo em seguida. O vento que passou pela porta aberta da varanda me fez estremesser, vou até ela e a arrasto, a fechando e só deixando a cortina preta aberta, para que a iluminação lunar adentre o meu quarto, o deixando menos escuros do que as outras partes da casa.
Que com certeza irei evitar perambular a noite!
Finalmente me visto com o pijama roxo de dormir e ligo a luz do abajur ao lado da minha cama. Sem ter a mínima vontade de dormir, abro a porta da varanda e passo por ela, sentindo as rajadas de vento frio atingir o meu rosto e mãos descobertas.
Está mais frio do que de manhã!
Deixo minhas mãos sobre o parapeito de alumínio que me impede de ir ao encontro do chão no primeiro andar, observando as árvores visíveis em minha frente. Apenas o vento se chocando nas folhas das árvores é ouvidas, a calmaria é tão relaxante que entendo o motivo para que vovó goste de morar um pouco afastado da cidade.
A escuridão é maior lá em baixo, onde não se encontra nenhum poste de iluminação, apenas dependente da iluminação lunar para guiar no meu dela, com isso acabo encontrando mais um motivo para não sair do quarto no meio da noite.
Prefiro nunca ter que encarar a escuridão do lado de fora!
Me afasto da varanda com os pensamentos de ler alguns dos livros em cima da partilheira, já que o sono não irá aparecer nem tão cedo.
《Notas da autora.》
Oii, tudo bem?
Estava sem conseguir escrever direito esses dias e peço desculpas por esse capítulo não ter saído grande!
E para quem esperava que a Maya fosse para a festa, não é o momento certo ainda... Mas no próximo capítulo irá aparecer duas pessoas importantes e vocês irão conhecer eles aos poucos. Uma delas é a Elisa e a outra vocês irão ver quando postar o capítulo do Noah, e digamos que o Noah irá conhecer essa pessoa de um jeito um pouquinho peculiar, pois ele é muito sortudo!
Estou muito animada para escrever o capítulo do Noah, então não acho que irei demorar para postar, mas ainda não sei o dia certo que isso irá acontecer, mas estou confiante que será antes do sábado!
Beijos e se cuidem, até a próxima atualização!
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Meu Vigia Noturno II
Werewolf[Em hiato] Era para ser apenas uma experiência agradável ao lado de sua avó, ao lado da pessoa que mais ama e que se recusa um dia ter que morar em outro lugar que não seja a cidade rodeada por uma imensa floresta, distante das civilizações humanas...