Capítulo 32.

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Quinze de março...
Maya.

Pego as duas peças de roupa antes de sair do quarto, gritando pelo nome da minha avó para pedir um conselho de qual roupa ficaria melhor no encontro de hoje, mas não obtenho nenhuma resposta e constato que ela saiu.

Respiro fundo e fecho meus olhos, controlando a minha ansiedade desnecessária em relação a minha aparência e boas impressões que sempre tentei transparecer em todos os meus encontros com garotos soberbos. Pois ao contrário de todos eles, a presença do Henry não me faz querer repensar em todas as minhas ações e me auto julgar.

E é até engraçado e deprimente o quanto ele conseguiu me viciar em seus beijos em tão pouco tempo!

Seguro os cabides em minhas mãos, voltando a andar pelo corredor na direção do meu quarto e olhando de relance o meu reflexo no espelho na parede. Mas tomo um susto ao ter um breve vislumbre da figura do Henry no reflexo, como se ele estivesse no meu lugar por dois segundos.

Credo, estou ficando maluca!

Acabo franzindo o cenho, me perguntando se não preciso de um óculos enquanto passo a mão na minha frente. Entretanto, esse pensamento é cortado assim que meu olhar pousa no reflexo do espelho de algo atrás de mim. A pequena distância entre o lado da porta com a maçaneta e o batente, justamente do quarto da minha bisavó.

Dessa vez não é delírio!

Me viro na direção da porta, me aproximando da mesma e repassando na minha mente se devo ou não terminar de abri-la, pois tenho que respeitar as decisões da minha avó, que sempre deixou claro ao trancar o quarto que não gostaria que ninguém entrasse. Mas dessa vez o quarto não está trancado, e eu faço parte da família, não há nenhum mal em apenas dar uma olhada.

Pensando nisso, termino de empurrar a porta para frente, a abrindo e procurando as cegas o interruptor próximo a porta, o encontrando e apertando, fazendo com que todo cômodo fique iluminado e a nostalgia de entrar nele novamente me atinja, já que as poucas lembranças que tenho faz jus a visão em minha frente, sem nenhuma modificação.

O quadro com a imagem dos meus bisavós continua no mesmo lugar, pendurado em cima da cabeceira da cama de casal, me causando calafrios ao ter a sensação dos olhos deles me seguindo a cada passo que eu dou dentro do quarto. Tento desviar o olhar dos rostos deles e prestar atenção nas pinturas distribuídas em abundância em todas as paredes do cômodo, e sempre com as mesmas assinaturas da minha bisavó Baker e com uma interpretação única da minha parte, sendo que assim como anos atrás, apenas consigo enxergar nos traços com cores escuras as partes de um corpo de uma raposa meio exótica, pois ainda há a ausência de uma cauda nos quadros, que quase se completam ao juntar cada pintura.

Pena que eu não herdei o gosto e habilidade de pintura dela!

Passo a ponta dos dedos em alguns objetos antigos enfeitando uma mesinha de madeira. Mas logo retiro eles dos objetos quando o medo de deixar quebrar alguma coisa de pessoas  mortas me invade, e olho novamente para o maior quadro no quarto, engolindo em seco ao notar que ele está um pouco torto para o lado direito, e tento controlar a minha vontade de deixá-lo certo.

Vamos lá, Maya, é só um quadro meio macabro de pessoas mortas que parecem estar te vigiando. Não tem nenhuma ligação com espíritos e olhos vermelhos!

Com cautela, subo em cima da cama de casal para poder ter acesso ao quadro, pegando as duas pontas dele no mesmo instante que um grito sai dos meus lábios ao sentir uma vibração vinda do bolso da minha calça. E por míseros segundos, quase deixo o quadro estranho ir direto para o chão ao o afastar demais da parede.

Meu Vigia Noturno IIOnde histórias criam vida. Descubra agora