Intruso

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Retornar as aulas foi incrível, me ajudou a pensar em tudo que não fosse Ethan Holt e a garota com quem ele me traiu.
Mas, deixou-me bem desesperada ao ver o quanto estou atrasada nas matérias e pouco preparada para os exames futuros, mesmo tendo estudado muito no tempo em que fiquei em casa. Decidida a recuperar o tempo perdido, passei a tarde toda na biblioteca, me perdi nos livros e nas minhas anotações sem me dar conta de que a Lili me ligou várias vezes.

Encaro a hora no celular, faltam poucos minutos para as oito da noite, além de mim tem outros dois alunos, ambos estão tão entretidos em seus estudos que parecem não notar o barulho que os livros que derrubei fizeram. Nem mesmo a bibliotecária. Recolho os livros que derrubei e caminho para o lugar de onde os tirei, devolvo cada um deles e volto para arrumar minhas coisas.

Saio do prédio e ligo para a Lili, nada. Caixa postal, então aviso por mensagem que vou comprar nosso jantar e voltar o mais rápido possível para casa.

Cumprimento alguns rostos conhecidos, essas pessoas não parecem surpresas em me ver, talvez nem tenham se dado conta de que fui embora por sete meses e meio. Deixo meus pensamentos fúteis de lado e continuo caminhando, compro uma pizza em um restaurante não muito longe de casa.

Abro a porta do apartamento com dificuldade e deixo o jantar em cima da mesa de centro.

-Lili?! - Chamo, mas Lili ainda não chegou e não sei que horas vai chegar.

Vou para o quarto e tiro minhas roupas, depois do dia corrido que tive um banho longo e quente me cairá muito bem, vai fazer minha tensão diminuir e minhas ideias clarearem.
Fecho meus olhos e traço meu caminho até o jornal da faculdade, como estudante de jornalismo sinto-me no dever de retornar a essa atividade.
Desligo a ficha, enrolo uma toalha felpuda em meu corpo e volto para meu quarto, que divido com a Lili, assusto-me com o garoto tatuado deitado na cama da Lili, ele me olha com desinteresse e da um trago longo em seu cigarro. O cheiro de fumaça faz meu nariz arder.

- Quem é você? - Digo assustada, seguro a toalha com bastante força. - E como entrou aqui? - Me lembro perfeitamente de ter trancado a porta.

- Tenho a chave. - Ele encara meu corpo e umedece os lábios. - Sou o Taeyang.

- Madson. - Minha voz vacila. - Pode sair para que eu possa trocar de roupa?

- Relaxa gata. - Ele sorri com malícia. - Eu não vou olhar.

Encaro o garoto com atenção, ele tem olhos puxados e tão escuros que até parecem ser negros, assim como seu cabelo, seu rosto é pálido e seus lábios perfeitamente alinhados são rosados e parecem ser bem macios e convidativos.
Me repreendo por pensar no sabor que eles tem.

- Gosta do que vê? - Zomba.

Seu olhar se concentra em minhas coxas nuas e molhadas e vejo um sorriso cafajeste se formar em seus lábios. Não o conheço, mas sinto que faz isso para me provocar.

- Eu... Acho melhor eu me trocar no banheiro.

Pego um short de pano preto e uma regata branca e sigo de volta para o banheiro.
Tranco a porta e levo a mão ao peito, meu coração está acelerado e minhas bochechas ainda estão em chamas. Esse garoto parece ser bem intenso. Eu nunca imaginei que os asiáticos pudessem se tão sexy e bonitos fora da televisão, a beleza deles é mesmo natural. To impressionada.

Depois de vestir minhas roupas, saio do banheiro e evito olhar para o garoto na cama da minha amiga, mas ao ouvir o barulho do isqueiro o encaro com reprovação.

- Não pode fumar aqui dentro.

Ele revira os olhos e guarda o isqueiro e o cigarro no bolso da calça.

- Sabe onde a Lili está?

- Comprando o jantar. - Ele senta na cama e fica me encarando.

Penso em falar que já fiz isso, mas não é da conta dele.

- O que foi? - Mordo o lábio.

- Nada. - Diz, um sorriso gentil se forma em seus lábios. - Gosto de encarar garotas bonitas.

Minhas bochechas queimam violentamente com suas palavras, mas não vou cair nesse papinho de novo, foi exatamente por causa de um garoto como esse que voltei para cá.
Taeyang me parece a versão asiática do Ethan Holt e evitá-lo é uma coisa sensata a se fazer.

- Vou esperar a Lili no corredor. - Deixo o quarto e me sento na escadaria.

Está um pouco frio e me arrependo de não ter pego uma blusa antes de fugir do badboy asiático.
Não sei quanto tempo se passou, mas parece que foi uma eternidade, e sorrio aliviada por ver a Lili subir as escadas com algumas sacolas em mãos.

- Você demorou. - Resmungo.

- Não vai me dizer que perdeu sua chave. - Ela beija minha bochecha e sorri.

- Não. - Nego com a cabeça. - Tem um amigo seu lá dentro. - Me esforço para pronunciar seu nome corretamente. - Taeyang.

- Aposto que ele deu em cima de você. - Ela ri.

- Não. - Minto.

- Isso é um milagre. - Continua rindo. - Ele já dormiu com metade das garotas daqui. As garotas tem uma queda por coreanos ou por conversa fiada.

- Já ficou com ele? - Minha pergunta sai sem que eu perceba.

- Ele não faz meu tipo amiga. - Ela faz uma careta e sou obrigada a rir. - Vamos entrar. Estou morrendo de fome.

- Eu também.

Voltamos para o quarto, Taeyang me encara por alguns segundos, depois olha para Lili com um sorriso bonito.

- Fumou aqui de novo? - Ela dá um tapa em seu braço. - Você prometeu que não faria mais isso. - Ela resmunga. - Agora o quarto está fedendo.

- Desculpa. - Ele resmunga acariciando o local que Lili bateu. - O quê trouxe? Estou com fome.

- Comida japonesa. - Ela passa a língua nos lábios e sorri.

- Não fode. - Ele revira os olhos. - Eu odeio comida japonesa. - Ele encara minha expressão surpresa. - O quê? Só porque sou coreano tenho que gostar dessas coisas? - Crítica.

- Não é isso. - Sento na minha cama. - É que todo mundo gosta de comida japonesa.

- Eu não sou todo mundo. - Diz seco.

- Não quis ofender. - Mordo o lábio. - Eu trouxe pizza, mas já deve estar gelada e...

- Eu gosto de pizza. - Ele sorri e vai em direção a caixa.

Nos sentamos no carpete e assistimos a um filme de suspense enquanto comemos.
Taeyang não está tão perto de mim, mas posso sentir o calor gostoso do seu corpo e o cheiro de perfume amadeirado misturado com tabaco.

Lili reclama que o corpo está doendo e deita na cama, não demora para eu ver que minha amiga pegou no sono e me deixou sozinha com o badboy asiático.
Tento me concentrar no filme, mas é difícil, sabendo que ele está me olhando vez ou outra.

- Parece nervosa. - Diz baixinho.

- É que não gosto que me encarem. - O encaro.

- Não consigo evitar. - Sorri. - Você é muito bonita, sabia disso?!

- Não vou transar com você. - O encaro com seriedade, mas isso não o impede de continuar sorrindo. - Então não perca seu tempo.

- E por quê acha que eu quero te foder? - Ele ri.

- E não quer? - Franzo a sobrancelha.

- Você quer? - Ele se aproxima de mim.

Sua proposta indecente faz meu corpo incendiar de constrangimento.

- É claro que não - Me afasto um pouco. - O que pensa que eu sou, em?! - Esbravejo.

- Isso me deixa triste. - Ele se levanta e caminha até a porta. - Se mudar de ideia pede meu número pra Lili. Te vejo por aí.

Respiro fundo e tento acalmar meu coração, isso que acabou de acontecer beira ao bizarro.

EU ODEIO ETHAN HOLTOnde histórias criam vida. Descubra agora