O desejo da Tae nos pegou de surpresa. Acaricio o lado esquerdo do peito, sinto meu coração doer com a ideia de que Tae viajará para seu país, e mesmo que ele não tenha estipulado uma data para isso, sinto que não vai demorar a fazê-lo. Tae não é do tipo que enrola para fazer as coisas.
Ele foi para o meu quarto sem ao menos se despedir da mãe, apenas pediu que ela o avisasse sobre o retorno à Coreia do Sul, ainda em choque com o acontecido, ela assentiu com a cabeça e olhou-me com culpa.
- Não estou tentando afastá-lo de você. - Ela explica. - Por favor, não leve isso para o pessoal.
Eu não a culpo pelo filho querer retornar a seu país de origem, Taeyang é grande o suficiente para tomar suas decisões, e eu sou madura o suficiente para lidar com elas.
Obviamente estou com medo de que sua viagem nos afaste, de que as coisas entre nós mude, fazendo o relacionamento chegar ao fim.
Tenho tantos medos e pouca certeza de que ele retornará para Londres, para sua vida na faculdade e para mim.- Acho melhor eu preparar um chá para a senhora. - Me levanto abruptamente do sofá e corro para a cozinha. A vontade que tenho é de chorar, mas ser forte, pois a um garoto de coração partido precisando de mim.
Imagine só você crescer sendo hostilizado por seu pai a ponto de passar a se questionar se realmente é filho dele, para no fim descobrir que ele o odeia por seu nascimento ter tirado a vida da sua mãe, e pior ainda, você descobrir que na verdade sua mãe é sua tia falecida.
Não suportaria descobrir essas coisas, não suportaria saber que sou fruto de uma traição tão baixa assim. Nunca vou entender como uma irmã tem a coragem de dormir com seu cunhado. Isso é um absurdo, completamente imperdoável.
Aquela moça na sala foi de uma resiliência e de uma empatia fora do comum, não sei se em seu lugar, conseguiria perdoar meus traidores e cuidar do filho deles como se fosse meu.A água na chaleira começa a ferver, então finalizo o chá de camomila e retorno a sala, a Sra Choi está com as bochechas molhadas pelas lágrimas, ela chora baixinho e sofrido, mas aí ver que estou de volta, ela seca o rosto e força um sorriso.
- Aqui está! - Digo, entregando sua xícara.
- Obrigada. - Diz, ambas sorrimos na tentativa de fingir que nada aconteceu. - O que está cursando?
Sua pergunta me pega de surpresa, esperava que ela me abordasse com qualquer outro assunto.
- Literatura. - Digo sem entusiasmo. - Mas eu devia estar fazendo jornalismo.
- Porque não faz, então?! - Toma um gole do seu chá, faço o mesmo com o meu.
- Falta pouco para eu me formar. - Coço a ponta do meu nariz. - Seria tolice parar agora.
- Então está desistindo do que realmente quer fazer? - Pergunta incrédula.
- Ah, não! - Solto um risinho. - Claro que não. Vou finalizar o curso de literatura, fazer uma pause de um ano e depois cursar jornalismo.
Ela encara-me orgulhosa, até parece minha mãe quando digo algo que a agrada.
- Meu filho não poderia ter escolhido melhor! Você é uma mocinha admirável, querida. - Ela sorri. - Agora sei o porquê de ele a amar tanto.
Finalizo meu chá e coloco a xícara na mesinha de centro.
- É uma pena seu marido não pensar o mesmo.
- Ah, aquele velho estúpido e desalmado! - Ela revira os olhos. - Ignore o Choi, a única coisa que ele entende sobre o amor, é como destruí-lo. Infelizmente, meu odiavel é assim, nenhum sentimento e vontade além dos seus importa.
- Sinto muito pelo que aconteceu em seu passado. - Minhas palavras são sinceras, pois sei bem o quão doloroso é ser traída por quem amamos, imagine só como foi para ela ser traída pela irmã e por seu marido, pelo amor de sua vida. A Sra. Choi é de uma força absurda.
- Não é por meu passado que tem que sentir muito, mas sim por meu presente. - Sorri com amargor. - Estou casada há anos com um homem que ama outra mulher, pior de tudo, uma mulher que está morta.
- Porque continua com ele?
- Por meus filhos. - Suspira. - Principalmente por Tae, assim eu conseguiria protegê-lo, nem que fosse um pouco, do pai. Acredite em mim querida, a vida do Taeyang teria sido mais miserável do que foi.
- Mas a senhora poderia ter posto um ponto final no casamento e levado seus filhos com você.
- Ah, claro! - Ela sorri negando com a cabeça. - Não é tão simples assim. O Sr. Choi é um homem poderoso o suficiente para acabar com quem o trai. Já tentei deixá-lo mais de uma vez, então sei bem do que estou falando. - Ela coloca sua xícara na mesa de centro e cruza os braços, o olhar perde o pouco de brilho que tinha. - E para piorar, sempre que eu ia embora o Tae quem pagava o preço.
- Como assim?
- O Choi machucava o Tae, da mesma forma que ele culpava seu filho pela morte da amada, o culpava também por eu ir embora. Nossa vida era um verdadeiro inferno. - Suspira. - Bom, ainda é, mas não é tão pesada quanto antes.
- Isso é muito triste. - Minha garganta arde um pouco, sinto vontade de chorar.
- Eu preciso ir. - Ela encara seu relógio. - Por favor, cuide do Taeyang para mim.
- Quer se despedir dele?
- Ah, não! - Enruga o nariz. - Ele não deve estar querendo me ver no momento. - Ela revira sua bolsa e me entrega seu celular. - Salve seu número aqui, assim poderei falar com você sempre que necessário. - Salvo meu número e devolvo seu aparelho. - Mesmo que nessa situação, foi um prazer conhecê-la.
- O prazer foi meu. - Sorri. - Novamente, cuide do meu menino.
- Pode deixar! - Sorrio e fecho a porta.
Vou até o quarto, Tae está deitado embaixo das cobertas, mas ao ouvir minha voz sai debaixo delas e vem até mim, seus olhos vermelhos denunciam que estava chorando.
- Porque fizeram isso comigo? - Pergunta ele, antes de cair no choro.
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EU ODEIO ETHAN HOLT
RomanceDecidida a esquecer Ethan, a jovem Madson Cooper arruma suas malas e retorna à faculdade de Oxford, de onde desejou nunca ter saído. Com o coração e orgulho ferido, Madson se joga nas festas, faz novos amigos, planeja sua volta ao jornal da faculdad...