Conversar com o Charle é muito divertido, ele é interessante, educado, tem visão, tem um humor meio ácido, e o principal de tudo, ele sabe exatamente o que quer e o que precisa ser feito para alcançar seus objetivos. Charle mostrou ser o tipo de pessoa que não fica em cima do muro, ele é exatamente o que eu queria ser. Talvez, eu possa aprender com ele a ser mais determinada, quem sabe né.
Olho novamente para o celular, Taeyang continua nas sombras, nenhuma mensagem ou ligação, nada. Fico tentada a entrar em contato, mas o medo da rejeição é maior que a vontade de falar com ele.
- Então, o quê exatamente você faz no jornal? - Pergunto, tentando focar apenas em Charle.
- Eu comecei como um simples colunista, mas hoje sou chefe de pauta. - Da um sorriso brincalhão. - Ah, também sou o braço direito da Taylor. Em sua ausência eu sou o dono da coisa toda.
Dou risada, balançando a cabeça. Charle é muito divertido.
Penso ter sentido o celular desbloquear, pego o aparelho rapidamente, olho, não há nada, faço cara de desapontamento.
- Quem é ele? - Pergunta.
- O quê? - Guardo o celular no bolso da calça, encarando meu novo amigo com a testa franzida.
- O garoto que deveria ligar, mas não ligou.
Nossa! O Charle é muito bom de palpite. Um ótimo observador.
- Ah! - Sorrio, sem graça. - Está tão na cara assim?!
- Você não tem idéia. - Sorri, rodando a colher dentro da sua xícara de chá de frutas cítricas. - E, então?!
Mordo os lábios com força, outro sorriso sem graça estampa meu rosto, não devia me abrir para alguém que acabei de conhecer, mas, talvez seja bom ouvir a opinião de alguém de fora.
- Um possível, ex namorado. - Faço aspas com os dedos, Charle faz careta. - Nosso relacionamento entrou em crise ontem a noite e até agora ele não ligou.
- E você, ligou? - Direto e reto.
- Não tive coragem para isso. - Apoio os braços na mesa. - Fui eu quem pisou na bola, então...
- Então, liga e peça desculpas. - Diz, encarando-me como se eu fosse um tola. - A vida é tão simples, Madson de Seattle. Não faça da sua vida um grande drama.
Nossa, essa atingiu de cheio meu estômago, não estou fazendo disso um drama. Não que eu saiba.
- Por isso não entro em relacionamentos, pois, sempre acaba em drama. - Diz, com seriedade. - Estamos na faculdade, o auge da nossa vida é agora. - Sorri. - Festas, aventura, conhecimento, novas amizades, novos horizontes e a chance de ser alguém brilhante em um futuro não muito distante. A faculdade é a última chance de ser cem por cento feliz, depois, ficaremos atrás de um computador, rodeado por colegas querendo puxar nosso tapete, porque acredite, seremos jornalistas brilhantes...
- Talvez eu seja escritora. - Lembro ele, que concorda com um aceno de cabeça.
- Claro. - Sorri de lado. - Não tenho dúvidas de que será incrível no que quer que se proponha a fazer, então não deixe que uma simples briga e um relacionamento passageiro tape seus olhos para tudo isso. Viva o agora.
- O Taeyang não é passageiro. - Tomo um gole de café. - Ele está muito longe de ser só um caso. E, não estou dizendo isso porque gosto dele, não mesmo. - Sorrio orgulhosa do meu namorado. Ele é inteligente, engraçado, um ótimo amigo, é bonito e maduro...
- As pessoas sempre são diferentes quando estamos apaixonados. - Avisa. - Não se deixe enganar e resolva sua vida amorosa, assim poderá focar em seus objetivos.
Não digo nada, apenas termino meu café e observo o céu cinza, parece um dia triste, e não digo isso porque estou com o coração partido, realmente parece um dia triste e tedioso, e só vai piorar, pois, quando eu chegar em casa e não vem o Tae me esperando, quando eu tiver que ir dormir sem ele ou ao menos depois de conversar com ele por vídeo chamada, a dor no peito e aquele vazio gelado da perda me invadirá , torturando-me e fazendo-me lembrar que essa atual situação e minha culpa.
Nossa, como eu odeio o Ethan, isso também é culpa dele, tenho certeza que ele estava a espreita, olhando-me de longe, só esperando o momento certo para atacar. O desgraçado é um gênio maquiavélico, ele sabe como e o momento certo de agir, ele faz o mal de uma forma irreparável. O pior é que vi ele fazer isso com a Kate e com o Cristopher, e ainda sim, me deixei seduzir por seu belo rosto e sorriso, esquecendo-me de tudo que ele já fez com as garotas daqui. Eu o odeio muito, pois, ele teve a chance de estar ao meu lado e jogou tudo fora, depois me viu feliz com o Tae, não suportou isso e estragou meu relacionamento.
Droga!
Pensar nisso faz meu coração, estômago e cabeça doer, até parece que estou bêbada ou com uma ressaca desgraçada. Estou com saudade do Tae e me pergunto se ele também está sentindo o mesmo que eu. Acho que não, caso contrário já teria me procurado.
- Nossa pausa acabou. - Avisa, Charle, já tirando o dinheiro do bolso de sua calça. Rapidamente, seguro sua mão e ensisto para que ele deixe-me pagar. Pasmem, Charle aceita sem fazer cerimônia. - Antes que eu me esqueça, pode me passar seu contato?!
- Bom, sim. - Olho um pouco desconfiada.
- Não seja paranóica. - Ele ri. - Vou enviá-la o cronograma do teatro. - Pisca. - Aproveita e leva seu namorado.
- Mas, não estamos nos falando. - Lembro o garoto ao meu lado.
- Exato. - Cruza os braços. - Use isso para se aproximar dele. Para alguém tão inteligente...
- Nem termine a frase. - O repreendo. - Bem, você pedia ir comigo, assim, poderá me ajudar a escrever uma critica decente.
- Nem pensar. - Faz careta. - A peça será nesta sexta-feira e já tenho compromisso.
- Um encontro? - Sorrio.
- Isso é segredo. - Ele pisca para mim.
É engraçado, conheci o Charle hoje, mas parece que nos conhecemos a anos, dificilmente tenho essa conexão com as pessoas, em médio demora uns dois ou três meses para eu me sentir à vontade com a pessoa, e quase cinco meses para eu considera-la amiga.
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EU ODEIO ETHAN HOLT
RomanceDecidida a esquecer Ethan, a jovem Madson Cooper arruma suas malas e retorna à faculdade de Oxford, de onde desejou nunca ter saído. Com o coração e orgulho ferido, Madson se joga nas festas, faz novos amigos, planeja sua volta ao jornal da faculdad...