A verdade

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- Madson?! - Ouço uma voz distante chamar por mim, tento abrir os olhos, mas não consigo, a luz faz meus olhos arderem. - O que faz no chão?

Nao acredito que bebi tanto a ponto de acabar no chão, se não estivesse tão chateada ficaria envergonhada.

- Lili?! - Resmungo, os olhos ainda fechados, a cabeça latejando e a certeza de que ainda estou embriagada.

- Segura meu pescoço. - Eu conheço essa voz. - Vou levá-la para cama. - Ele abraça minha cintura, agarro seu pescoço e deixo-me ser ajudada. - Céus, você está queimando de febre.

- Vá embora. - Sussurro. Meu corpo dói, meu coração dói. - Mentiroso, desgraçado...

- Melhor você tomar um banho. - Diz. - Vou te dar um banho, depois colocá-la na cama.

Não consigo protestar, não consigo me soltar de seus braços, tão pouco quero isso.
Ouço o som da água batendo na banheira, o cheiro de lavanda e o vapor quente em meu rosto, também sinto cada peça de roupa sendo arrancada do meu corpo, sinto o momento que o garoto me coloca dentro da banheira, recostada em seu corpo, sinto suas mãos lavarem meus cabelos, meus ombros, rosto e costas, sinto seus lábios no topo da.minha cabeça. E, finalmente, sinto a dor da traição, tristeza e dúvida.

- Tae... - Digo, já chorando.

- Eu posso explicar. - Diz, baixinho. - Só me deixa cuidar de você e da sua febre.

- Você me machucou muito. - Choro. - Como pode?

- Vou explicar tudo a você, mas não agora. Lili foi comprar alguns medicamentos.

Finalmente abro os olhos, viro meu tronco para encara-lo, seus olhos inchados denunciam choro. Encaro suas roupas, não acredito que ele entrou na banheira vestido. Volto a encarar seus olhos puxados, nunca vou cansar de dizer o quanto amo seus olhos puxados. Só de pensar que não os verei mais, sinto um nó se formar na garganta. Meu peito vai explodir.

- Eu odeio você. - Digo, virando-me para frente.

- Eu também odeio. - Sua voz é fraca.

- Está frio. - Resmungo, depois de vinte minutos na banheira.

- É a febre. - Diz, calmo. - Você ainda está bem quente. Não devia beber tanto.

- Você devia se preocupar com sua noiva e não comigo. - O ataco, a voz cheia de raiva e tristeza.

- Esqueça ela. - Diz. - Você é tudo que importa. Vou morrer sem você.

Cretino! Como ousa falar palavras bonitas a uma bêbada, ainda mais sendo noivo de uma coreana dez vezes mais bonita que eu.
Sério, nunca pensei que seria amante de alguém, acreditem, a sensação é horrível, mesmo eu não sendo a culpada por isso.

- Não saia daqui. - Tae deixa a banheira. - Vou buscar seu roupão.

Como ele ousa ser cuidadoso comigo? Como ousa fazer eu me apaixonar mais? Tae não devia fazer isso, está perdendo seu tempo e o meu, no fim, eu o largadei mesmo. Nunca, jamais, serei amante de alguém.

Não demora para ele retornar, com sua ajuda Levanto-me e deixo a banheira, coloco meu roupão preto e deixo-me ser carregada por Tae até meu quarto.

- Estou com frio. - Sussurro.

- Eu sei, mas não posso cobri-la, se o fizer a febre aumentará. - Tae começa tirar a roupa molhada. - Posso abraçá-la se quiser...

- Está me zoando? - Digo, ofendida.

- Não. - Nega com a cabeça, já deitando ao meu lado na cama. - Venha cá! - Me puxa para os seus braços. - Durma um pouco, quando Lili chegar com o remédio a acordo.

- Precisa me contar a verdade.

- E vou, mas não agora. - Diz, com seriedade.

Ajeito a cabeça em seu peito, Tae acaricia meu rosto, meus cabelos e minhas costas até eu pegar no sono.

- Como ela está? - A voz da Lili faz-me despertar.

- A febre parece ter baixado. - Diz, Tae. - Eu fiquei tão preocupado.

- Eu sei. - Lili vem até mim. - Como está se sentindo?

- Minha cabeça dói. - Reclamo. - Mande-o embora, Lili.

- Não, meu bem. - Bate o indicador em meu nariz de forma carinhosa. - Vá por mim, você vai gostar de ouvir o que ele tem a dizer.

- Eu...

- Vou deixá-los a sós, tenho que fazer um trabalho com a Holly. - Se afasta. - Não chegarei tarde, prometo.

Lili fecha a porta do quarto, Tae coloca os dedos entre meus cabelos e fica fazendo carinhos circulares. Novamente adormeço.

- Entendo. - A voz do Tae me acorda. - Não vou deixá-la sozinha. Boa noite, Lili. - Ele coloca seu celular sob o criado mudo.

- O que ela disse?

- Não voltará para casa hoje.

- Está tudo bem?

- Sim. Ela vai dormir na casa da Holly e pediu para eu cuidar de você.

- Não preciso que cuide de mim. - Protesto.

- Precisa sim. - Diz, com seriedade.

- Eu preciso é que conte a verdade. Aquela notícia é verdadeira ou falsa?

Um longo e doloroso silêncio toma conta do quarto, deixando-me angustiada e enjoada.
Deixo o peito do Tae, sentando-me frente a frente com o garoto que me jurou amor e fidelidade.

- A notícia é verdadeira...

- Tae... - Choramingo.

- Deixa eu explicar. - Ele segura meu rosto com as mãos. - Em meu país, famílias extremamente ricas casam entre si com fins lucrativos. - Respira fundo. - Acredite ou não, mas essa porcaria de casamento é surpresa até para mim.

- Como assim?

- Madson, esse casamento é arranjado - Diz, a voz repleta de amargor. - Foi a maneira que meu pai encontrou para me punir.

Céus, não sei se fico aliviada ou mais preocupada.

- Punir pelo quê?

- Por estar com você. - Diz triste. - Uma americana. E, por várias coisas. A verdade é que meu pai é um desgraçado cruel, não gosta de ver ninguém feliz.

- Por que não me contou isso antes?

- Porque Lili quem me contou a novidade. - Ele ri. - Com um belo tapa na cara.

Sorrio fraco.

- Parabéns. - Digo, triste.

- Por favor, não faça isso. - Ele pega minha mão direita e leva até sua boca, beijando-a com ternura. - Não vou me casar com ninguém que não seja você, Madson Cooper. - Outro beijo. - O que sinto por você é real.

- Mas, e seu pai, sua noiva...

- Não tenho noiva. - Resmunga. - E, meu pai terá que aceitar isso. Esse casamento arranjado é um absurdo, não sou uma marionete.

- Aquela noite na mansão, você disse algo sobre seu pai destruir sua vida, não me lembro ao certo. O que significa?

- Madson, ele colocou alguns seguranças para me seguir, foi assim que descobriu nosso relacionamento. - Umedece os lábios, o olhar triste. - Meu pai ordenou que eu voltasse a Coreia e quando neguei arrumou esse noivado ridículo.

Fico em silêncio.

- Sinto muito por isso, Madson.

- Você não tem culpa.

Beija minha testa.

- Prometo que resolverei isso. - Me puxa para os seus braços. - Agora volte a dormir..

- Tae, não quero perder você.

- Não vou a lugar algum. - Sorri. - Seremos eternos, Madson Cooper.

EU ODEIO ETHAN HOLTOnde histórias criam vida. Descubra agora