EU ODEIO ETHAN HOLT

ELE JÁ SABIA

Acordo com uma forte dor de cabeça, encaro o lado vazio em minha cama, passo a mão no local onde Tae esteve deitado a pouco.
Como sempre, ele levantou sem me acordar.

Deixo a cama e caminho até a janela, o dia está ensolarado, minhas irmãs, cunhado e sobrinho brincam na piscina, mas não vejo sinal dos meus pais e nem do Taeyang.

Prende meu cabelo em um coque frouxo e deixo meu quarto, desço as escadas e vou até a cozinha, ouço meus pais conversarem com o Tae. Nada com que eu tenha que me preocupar.

- Bom dia. - Digo, sem o menor entusiasmo. Eles respondem em coro.

Meus pais tomam café normalmente, nem parece que foram humilhados por Ethan Holt e sua falta de bom senso, talvez, ambos tenham sofrido uma lavagem cerebral. Já o Taeyang, esse me olha como se soubesse que mexi em seu celular, talvez ele saiba.
Pego uma xícara no armário e a encho de chá, em seguida procuro por analgésico na gaveta do gabinete.

- O que procura? - Mamãe se aproxima solidária.

- Analgésico. - Resmungo. - Minha cabeça está me matando.

- Ah, querida... - Diz mamãe, revirando as gavetas.

- Talvez tenha sido uma má ideia passar a noite lendo. - A voz do Taeyang é normal, diferente do seu olhar gélido. Ele sabe o que eu fiz, a essa altura é bom que saiba mesmo.

- Aqui está! - Diz mamãe, um sorriso orgulhoso nos lábios.

- Obrigada! - Pego o comprimido da sua mão e tomo ele com um gole de chá. - Era o único jeito de eu saber o final da história. É um final bem decepcionante.

Coloco um pouco mais de chá em minha xícara e deixo a cozinha, meus pais parecem entender as indiretas, mas ficam calados, Tae me segue porta fora e segura meu braço.

- Me solta! - Resmungo.

- Não estou bravo por ter mexido em meu celular. - Começa ele. - Estou bravo por estar sendo fria comigo, não tenho culpa do pai que tenho nem do que ele está fazendo. Nós dois sabíamos que a qualquer momento ele chegaria a Londres.

- Você sabia antes mesmo de eu ver aquela mensagem. - O acuso. - Sabia e não me contou nada. Devíamos resolver isso juntos, como um casal, mas você está escondendo as coisas de mim.

Vejo que meus pais nos observam da janela da cozinha, não quero que eles nos vejam brigar, então solto meu braço da mão do Tae e sigo para a área da piscina. Preciso de um tempo com as minhas irmãs.
Percebendo o clima pesado, Holt se junta ao Taeyang e eles conversando o tempo todo, é nítido o clima de tensão entre o Tae e eu, mas não a nada que possamos fazer no momento.
Estamos sendo castigados por erro dos outros, em momento algum ele colocou uma aliança de noivado em outra, não fez pedido algum, nem se quer nutre sentimentos pela garota, então... Sim, estamos pagando pelo erro de outra pessoa. Seu pai controlador e egoísta.
Não o conheço Sr. Choi, mas o odeio e desprezo como se já o conhecesse a anos.

- O que está havendo entre vocês? - Kate se aproxima da borda da piscina.

- Não é nada demais. - Minto.

- Madson, sempre fui muito sincera com você, agora é sua vez. - Encara-me com seriedade. - O Ethan é o motivo da briga? Se for, sabe que é exatamente isso que ele quer, fazer vocês dois se desentenderem.

Dou um sorriso de lado e nego com um aceno de cabeça, Ethan não é o motivo da nossa briga, ele bem que tentou ser o protagonista dessa história, mas o pai do Tae e sua carta na manga roubou o posto de vilão ao qual pertencia a Ethan.

- Os Choi, futuros sogros e noiva, bom, eles chegaram a Londres. - Reviro os olhos. - Vi a mensagem no celular do Taeyang. Seu pai está com bastante pressa em relação ao nosso término.

- Isso é péssimo. - Kate balança a cabeça em reprovação. A criança em seu colo, bate com animação na água. - O que faram a respeito?

- Eu não posso fazer nada. - Dou de ombros. - E quem pode fazer, não parece ter coragem para mandar uma mensagem ao pai e colocá-lo em seu devido lugar.

- Não seja rude! - Me repreende. - Talvez o pai dele seja uma versão piorada do pai do Chuck Bass.

- Gossip Girl. - Reviro meus olhos e faço uma careta exagerada. - Por Deus, você desenterrou agora. - Ela ri, sou obrigada a fazer o mesmo. - A família é tradicional, então... Como posso dizer?!

- Aquela palavra com F, mas temos duas crianças na piscina. - Aponta com a cabeça para Missy e depois pro Thomas. - E esse garotinho está começando a falar.

- Não?! - Arregalo meus olhos.

- Sim. - Sorri, orgulhosa de seu filho. - Ele é muito inteligente.

Ficamos alguns minutos em silêncio, ambas encarando cunhado e concunhado conversarem seriamente. Queria ser uma mosquinha para saber o que conversam.
Taeyang parece bem chateado, seu rosto está mais pálido que o de costume, seu rosto um pouco chupado e olheiras fundas. Não sou a única perdendo noites de sono.
Se as coisas estão difíceis para mim, imagina para ele, que é o maior prejudicado nessa história toda.

- Talvez, seja melhor voltarmos para Londres, essa tarde. - Encaro minha irmã. - Quanto mais rápido terminarmos essa história, melhor.

- Tem certeza de que está pronta para isso?

- Tenho certeza de que não estou. - Sorrio com tristeza. - Só que não posso mais fugir da realidade. Eu podia ter escolhido terminar tudo, quando descobri que ele ficou noivo, mas não o fiz. Então só resta voltar para Londres com ele e esperar para ver no que dá. Talvez fiquemos juntos ou ele faça a vontade do pai e se case com ela.

- Você fala como se tivesse certeza de que ele obedeceria o pai. - Diz, incrédula. - Não acredita nos sentimentos dele por você?! Madson, aquele garoto olha para você com amor. Não acredito que ele possa deixá-la.

- Kate, a família dele é extremamente rica, talvez, ficar comigo signifique abrir mão de todos os luxos. - Mordo os lábios com força. - O Tae nunca viveu uma vida comum.

- Isso é ridículo. - Resmunga. - Dinheiro nenhum é maior que o amor.

- Pode parecer ridículo, mas comparado com a família dele, não sou ninguém. - Digo com seriedade. - Certeza que para o pai dele sou classe baixa.

- Se o pai dele é tão ruim quanto dizem, até a família Holt, que é a mais rica da América do Norte, seria considerada classe baixa pelo Sr. Choi.

Voltamos a ficar em silêncio, mas por dentro, meus pensamentos gritam de forma desesperada para que eu continue aqui e nunca mais coloque os meus lindos pés nas calçadas de Londres.