Intimidante

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Não só o olhar do Sr. Choi está fixo em mim, mas o do Charle também. Meu amigo mal consegue acreditar que esse homem a nossa frente é o pai do Taeyang.
Com muita cordialidade, Charle levanta e estende sua mão na direção do Sr. Choi, que diferente do meu amigo não se mostra nada cortês.

- Gostaria de sentar conosco? - Continua Charle educadamente. - Talvez tomar um café ou chá...

- Agradeço o convite, mas... - Faz uma pausa e me encara de forma ameaçadora. - ... Gostaria de conversar a sós com a Sra. Cooper.

Charle olha do Sr. Choi para mim, percebo que ele busca minha permissão para nos deixar a sós. Balanço a cabeça positivamente e dou um sorriso discreto, mesmo que no fundo eu queira gritar e implorar para ele não me abandonar com esse homem assustador. O pai do Taeyang parece um gangster bem vestido e extremamente malvado, daqueles que aparecem em filmes e séries em que o vilão leva as mocinhas a loucura.
Respiro fundo, tentando afastar esse pensamento inoportuno da minha cabeça.

- Claro! - Meu amigo encara o pai do Taeyang por alguns segundos, assim como eu, Charle deve estar encantado por tamanha beleza. - Me liga depois. - Balanço a cabeça e ele se retira.

- Por favor! - Ofereço a ele o lugar vago.

O Sr. Choi olha a nossa volta com bastante arrogância, seu jeito deixa-me bem desconfortável. Onde ele pensa que está? Quem ele pensa que é? Isso aqui é Londres.
Eu devia gritar para ele ter mais respeito com minha segunda casa.

- O senhor aceita um café? - Tento manter a voz firme, recuso mostrar a ele que tem algum poder sobre mim.

O vento gelado bate com força em meu rosto, ajeito as mechas de cabelo que se espalharam com o vento atrás da orelha e volto a encarar o homem a minha frente. Deviamos ter sentado do lado de dentro da cafeteria, aqui fora está muito frio e minha jaqueta está igualmente fria.
Penso em sugerir que sentamos lá dentro, mas o Sr. Choi tira seu maço de cigarro do bolso, leva um aos lábios e o acende.

- Até perguntaria se você se importa, mas acredito que meu filho fume bastante na sua frente. - Sua voz é grossa e bem sexy. Engraçado, essa sua postura é a mesma que Tae teve nos primeiros dias de convivência. - Respondendo a sua pergunta, eu gostaria de um expresso duplo.

- Ótima escolha. - Sorrio, esquecendo por um minuto que esse homem é o motivo da minha infelicidade. - Ah, eu vou buscar.

Entro na cafeteria, está quente, confortável e acolhedora, como eu queria uma mesa aqui dentro, mas está lotado. Educadamente, sorrio para a barista e aguardo ela perceber que não sou idiota como os outros e me atenda primeiro. Funciona, ela vem até mim e faço meu pedido, não demora nada para ela me entregar minha xícara de café. Volto para o lado de fora, meu não convidado fala ao telefone, ao me ver se aproximar, ele se despede e rapidamente finaliza a chamada.

- Aqui está. - Entrego o café, o Sr. Choi agradece com um aceno de cabeça e me analisa por segundos agoniantes. - Como o senhor me encontrou?

- Isso não importa. - Diz impaciente. Seus olhos negros e puxados prendem os meus de um jeito inexplicável. - Não gosto de rodeios, então vou direto ao assunto. - Sopra a fumaça em meu rosto, fazendo-me tossir.

- Por favor! - Minha voz sai trêmula, ele sorri, deve estar gostando do efeito que está tendo sobre mim.

O senhor Choi se inclina para frente, seus olhos negros me puxam para mais perto, minhas mãos começam a soar e mordo os lábios com mais força do que deveria.

- Sei que você e meu filho estão a um bom tempo juntos... - Seu celular toca, fazendo ele revirar os olhos. - Um minuto. - Ele atende a ligação. - Oi querida. Ah, entendo. Estou conversando com a ex-namorada do Taeyang. Vejo você mais tarde. - E desliga.

Seu sorriso maléfico o entrega, ele usou a palavra ex-namorada para me ferir, mas não vou dar a ele esse gostinho.

- Acho que o senhor cometeu um equívoco!

- Mesmo?! - Sorri debochado.

- Não sou ex do seu filho! - Dessa vez minha voz sair firme.

Um grupo de jovens passa por nós, esbarrando em nossa mesa, o Sr. Choi lança a eles um olhar mortal, um deles vê e fica sem graça. Finalmente não sou a única aqui.

- Vamos embora! - Ordena, o encaro com olhos arregalados. - Não vou ficar nesse lugar cheio e barulhento.

- Não vou sair com um desconhecido. - Nego com a cabeça.

- Não sou um desconhecido. - Ele abre um sorriso de orelha a orelha. - Sou pai do seu ex-namorado. - Provoca.

Olha só, o senso de humor é o mesmo do filho.

- Sei porque o senhor me procurou. - Digo com seriedade. - Não vou terminar com o seu filho, Sr Choi.

- Vai sim! - Revira os olhos. - Ele está noivo...

- Porque o senhor o obrigou. - Rebato indignada.

- Na minha cultura é assim que funciona. - Diz como se fosse óbvio. - Termine com o Taeyang e deixa ele cumprir com sua obrigação.

Nego com a cabeça, isso é a coisa mais ridícula que já ouvi na minha vida, sei que outras culturas fazem o mesmo com seus filhos, agradeço a Deus por ter nascido do lado certo do continente. Não me vejo casando com um desconhecido só para agradar uma família, que certamente não respeita meus sentimentos e vontades.

- Meu relacionamento com seu filho, começou muito antes desse noivado ridículo. - Minha voz é trêmula, não por medo e sim por raiva. - O Taeyang gosta de mim e eu dele... E, sinto muito mesmo, mas não vou deixá-lo se casar só para que o senhor se beneficie com isso.

Ele joga o cigarro aceso dentro da minha xícara de capuccino, olho para ele com indignação.

- Como dizer isso sem parecer rude?! - Um sorriso diabólico toma conta do seu belo rosto, seus olhos se tornam mais negros e intimidadores que segundos atrás. - Você não é boa o suficiente para o meu filho. Não vou aceitá-la nunca...

- Ah...

- E não preciso que termine com ele para que esse casamento aconteça... - Para o meu espanto, o Sr. Choi segura meu queixo com um pouco de força, fixo meus olhos nos seus. - Fique longe do meu filho...

- Ou?! - Resmungo.

- Os dois sofreram as consequências. - Ele solta meu queixo, mas não sem empurra-lo para o lado. - Estou de olho em você. - E sai.

Massageio meu queixo dolorido, isso foi mais assustador do que imaginei que fosse, agora entendo o porquê do Taeyang querer distância do pai. O desgraçado é assustador. Lindo e assustador.

EU ODEIO ETHAN HOLTOnde histórias criam vida. Descubra agora