EU ODEIO ETHAN HOLT

Grandes mudanças.

Para minha alegria a cobertura está vazia, nada de maconheiros ou casais cheio de amor para dar. Se é que me entendem.
Faz muito tempo que não venho aqui em cima, esse lugar me trás lembranças maravilhosas.

No meu primeiro ano, depois de eu trocar minha colega de quarto e mudar para o apartamento da Lili, o que deixou minha colega de dormitório feliz por ter o quarto só para ela, e triste por ficar sozinha, Lili apresentou-me a cobertura e seus amigos loucos. Nos reuníamos aqui quase todas as sextas-feiras, sábados e domingos, com bebidas, comidas, muitas vezes improvisavamos uma fogueira dentro de um tambor e colocavamos uma boa música, baixinho para que ninguém nos descobrisse, e jogávamos assunto fora. Era muito divertido, nunca vou entender como isso acabou.

Encaro a espreguiçadeira de madeira, me aconchego nela e abro minha garrafa de vinho, coloco uma música no meu notebook, o clima está gostoso, não está frio, então tiro minha blusa e fecho meus olhos.

Quando minha garrafa de vinho está menos que a metade, a música pausa e a chamada de Kate preenche a tela do notebook, me levanto em um pulo, estava começando a ficar aflita já esperando sua ligação.

- Kate, como você está? O que aconteceu?

- Calma! - Soluça. - Está tudo bem, não se preocupe.

- Como não me preocupar? O que está acontecendo com você e o Holt? - Ajeito o notebook em meu colo. - O Ethan contou, mas foi por cima.

- Vocês se resolveram? - Pergunto, sua expressão não é das melhores.

Essa ideia é bem absurda, ainda mais sabendo como o Ethan é um canalha egoísta.

- Não. - Digo, com firmeza. - Jamais voltarei com o Ethan. E, o foco da conversa não é ele e sim você.

Ela limpa a lágrima, respira fundo e se prepara para falar.

- Estou na casa dos nossos pais. - Faz uma pausa e engole o choro. - Holt e eu não estamos bem.

- O que está acontecendo entre vocês? - A encaro, enquanto tomo um pouco de vinho.

- O Cristopher mudou muito, Madson. Estava menos paciente, distante, sempre cansado e não mal falava comigo. - Uma lágrima escorre por sua bochecha rosada, ela limpa com as costas da mão. - Ele só pensava no trabalho e vivia indo encontrar o pai, mas, para mim a gota da água foi quando ele passou a dormir no escritório. Eu senti que ele estava me evitando, e por mais que Aida dissesse que eu estava paranóica, algo dentro de mim dizia o contrário.

Para mim essa atitude parece de alguém que está tendo um caso extraconjugal, mas não direi isso em voz alta, Kate não merece passar por essa dor. Não mesmo.
Nunca pensei que o Holt poderia fazer algo assim, mas, também pensava que o Ethan não seria capaz de me trair, e deu no que deu. Eu o flagrei com outra no quarto que era nosso, na cama que era nossa, mas, recuso-me a contar essa história novamente.

- Madson? - A voz de Kate me traz de volta a realidade. - Madson?

- Desculpa. - Dou um longo gole em meu vinho, assim o gosto amargo da traição deixará minha boca. - Eu estava pensando em algo.

- Em quê? - Pergunta. A sensação que tenho é que ela sabe exatamente no que estou pensando, que seu marido tem outra.

- Kate, amanhã pegarei o primeiro vôo para casa.

Ela arregala os olhos e nega com a cabeça, mas isso não é escolha da minha irmã e sim minha, ela precisa de mim, eu preciso da minha família e preciso dizer boas verdades para o Holt, bom, independente dele estar tento um caso ou não ele vai me ouvir. Não permitirei que ninguém trate a Katherine de forma fria.

- Não seja louca. - Diz, Kate. - Você já abandonou a faculdade uma vez, não pode fazer isso novamente.

- Mas, você...

- Por isso evitei contar a você o que estava acontecendo, até implorei para que nossos pais não contassem nada. - Revira os olhos e faz careta. - Mas, claro que o Ethan ia abrir a boca e estragar tudo.

- Fico feliz que ele tenha me contado, caso contrário eu só descobriria no ação de graças ou no natal.

- Não quero que largue a faculdade por causa do meu casamento. - Kate coloca uma mecha de cabelo atrás da orelha. - Isso não é problema seu, e outra, mamãe e papai estam aqui para mim. Não me leve a mal, mas você deve tentar controlar sua vida amorosa primeiro.

- Nossa. - Suspiro. - Muito obrigada pela sua grosseria, Katherine. Boa noite.

Ela abre a boca para falar, mas finalizo a chamada. Me concentro em minha garrafa de vinho.
Antes que a raiva de Kate tome conta de vocês, deixe-me contar algo sobre ela. A Katherine Cooper ataca as pessoas da forma mais baixa possível para afasta-las, assim, as pessoas não abriram mão de suas vidas para socore-la. E, sempre que ela faz isso, significa que ela está desesperada, perdida e que a situação está realmente feia.

Tiro meu celular do bolso, ligo para a única pessoa com quem preciso falar, não posso voltar para Seattle sem resolver essa pendência, se eu não fizer isso, não ficarei nenhum pouco em paz.
Depois de falar com essa pessoa, tenho que mandar uma mensagem para a Taylor e para o Charle, vou explicar a eles que é um problema família. Depois, rezar para que não seja dispensada do jornal.
Se isso acontecer ficarei tão frustrada a ponto de desistir dessa faculdade, do curso e de viver a vida sendo uma grande escritora ou jornalista.
Algo dentro de mim grita para que eu volte para casa o mais rápido possível, sinto que tem algo lá que mudará muita coisa. É uma sensação muito estranha, difícil de explicar, por isso nem perderei meu tempo tentando.
Antes de fazer a ligação seco a garrafa de vinho, péssima ideia não ter trago outra, serei mais atenciosa a próxima vez.

- Alô. - A voz é tão feia que me causa arrepios, o barulho de vozes misturadas e risadas escandalosas mostra que Taeyang ainda está no pub bebendo.

- Precisamos conversar. - Meu tom é tão frio quanto o dele. - Estou na cobertura do meu prédio. Não demore.

- Madson...

- Vou desligar. - E desligo. Está na hora de mandar quem manda.