Amargor

128 8 1
                                    

- Espera - Lili vem até mim. - Ele deu a você um colar da Tiffany, disse que ama você...

- Isso...

-...e não estam namorando?! - Ela cruza os braços. - Minha filha, acorda. O fato de ele não fazer um pedido formal, não quer dizer nada.

- Pra mim diz muito. - Resmungo.

- O sol de Seattle queimou seus neuroneos.

Solto um risinho, adoro quando a Lili perde a linha, fica assustadoramente fofa. Talvez, parte de mim queira algo bem romântico na hora de ser pedida em namoro. Talvez, eu queira que ele se ajoelhe, abra uma caixinha com um lindo e simples anel dentro. Nada que não custe milhões.

- Posso conversar com ele se quiser. - Ela sugere, mas faço que não com a cabeça. Já passamos dessa fase, não somos adolescentes bobas a tempos.

- Eu mesma falo com ele - Sorrio. - Mas, deixa as coisas assim. Está sendo legal passar um tempo com o Tae.

- Eu percebi. - Lili deita em minha cama e suspira. - Você tem dormido na fraternidade com frequência. - Sinto o tom de amargura em sua voz.

- Não precisa ficar com ciúme, tá bom. - A provoco, deitando ao seu lado. - O Tae e eu passaremos mais tempo com você. Uma noite de jogos e filmes, o que acha?!

- Tanto faz. - Revira os olhos. - Só não me deixem de vela que nem a última vez.

- Bom, você não precisa ficar de vela, pode chamar o Connor.

- Ah, não! - Diz, o rosto retorcido em uma careta. - Eu e ele nunca mais.

- Foi tão ruim assim?

- Péssimo. - Vira o rosto.

- Ele gostava de você...

- Não quero mais falar sobre garotos.

- Ok!

Lili senta e faço o mesmo, ela encará-me com seriedade.

- Já falou com a galera do jornal?

- Não. - Desvio o olhar. - Estou tomando um pouco mais de coragem.

- Você não precisa de coragem, tem talento e eles a conhecem.

- Exato, já sou conhecida. - Resmungo. - Sou a garota que os abandonou e voltou para Seattle.

- Para de drama, Mad. - Ela dá um tapa fraco em meu ombro. - Eles não guardam mágoa de você.

- Isso é o que você acha. - Faço um coque no meu cabelo. - Talvez, eles tenham um leve asno de mim.

- Você é louca - Ela se levanta. - Vou assistir a uma palestra super chata, sobre sei lá o que. - Ela beija o topo da minha cabeça e dá um sorriso bonito. - Amo você.

- Eu também. - Aceno.

Ficar sozinha não é mais para mim, não tem cinco minutos que a Lili saiu e já estou entediada, poderia ligar para o Tae e encontrá-lo, mas ele está ocupado com os estudos e não quero ser o tipo de pessoa que atrasa a vida da outra. Da mesma forma que Tae me dá apoio nos estudos e nos meus planos futuros, eu o apoio também. É o certo.

Cansada de olhar para o teto pego minha bolsa e o celular e saio do apartamento, durante meu tempo no elevador decido o que fazer, já está quase anoitecendo, um café da tarde é super bem vindo. Lili comentou de uma cafeteria luxuosa a dois quarteirões daqui, e lembro de ter mencionado que o café gelado e a cheesecake de framboesa deles era uma tentação. E como a Lili tem um ótimo gosto, vou la experimentar.

Não demora para eu chegar, não foi difícil achar a cafeteria, sua sofisticação já entrega que é a que procuro, mal entro no estabelecimento e uma moça, provavelmente da minha idade, vestindo um lindo vestido azul ciano, vem até mim com um belo sorriso e mostra uma mesa disponível no terraço. Sorrio de forma agradecida e pego o cardápio de sua mão, mesmo já sabendo o que quero.

- Já trago seu pedido - Pega o cardápio. - Sou a Ana, se precisar me chama.

Nossa, rimou. Sorrio.

Ana trás meu pedido, Lili não estava brincando, é simplesmente maravilhoso, acho que nunca comi algo tão gostoso na vida. Espera, já sim, o Tae fez sopa de algas para mim lá na fraternidade. Sim, o Tae sabe cozinhar e muito bem por sinal.

- Olha só quem está aqui - A voz grossa tira minha atenção do celular, ao ver quem é fico sem ar. - Está sozinha? - Ethan não espera eu responder e senta a minha frente.

- Você não é cego. - Digo, o mais fria possível. - E, não o convidei para sentar.

Ele respira fundo, um sorriso cafajeste preenche seus lábios carnudos, o tornando mais bonito que o normal. Péssimo caráter, beleza estonteante. Esse é o Ethan.
Me levanto para deixar a mesa, mas ele segura meu braço, obrigando-me a ocupar o assento. Eu o faço, mas o repreendo com um olhar mortal.

- Não pode fugir de mim - Sorri. - Nossos irmãos são casados, somos tios do Tommy...

- Isso não nos obriga a ser amigos...

- Não quero ser seu amigo, quero muito mais que amizade. Acredite. - O maldito sorriso continua em seus lábios. - O que quero dizer é que não consegui-ra me evitar. Somos família.

Ah, Deus! Acho que vou vomitar.

- Não somos família - Rosno. - Nunca seremos, então para com esse seu papo furado e vá embora.

- Uau, você gosta mesmo do Japinha...

- Coreano - Corrijo. - E sim, gosto do Taeyang. - Fixo meu olhar no seu. - Ele é gentil, atencioso, responsável e não foge quando as coisas estam ficando sérias.

Ethan revira os olhos e cruza os braços, por fim solta um risinho debochado. Fico esperando ele falar algo, mas nada sai da sua boca. Tomo um gole do meu café gelado e desvio o olhar. A noite chegou e com ela veio a brisa refrescante e lindas estrelas iluminando o céu. Eu amo o céu noturno, é tão roman...

- Romântico. - Diz, Ethan.

- O quê?! - O encaro, assustada. Como ele sabia o que estava pensando.

- O céu noturno - aponta. - É romântico.

Dou de ombros, mas meu coração está errando todas as batidas possíveis.

- Até parece que somos um casal de namorados. - Sorri fraco.

- Mas não somos. - O interrompo, antes que as coisas tomem outro rumo. Ele é passado e continuará sendo. - Você fez sua escolha e eu fiz a minha.

- Confesso que fiz uma péssima escolha - O brilho foge de seus olhos castanhos. - Mas, estou aqui agora, quem sabe não de tempo de...

- Eu preciso ir. - Me levanto. - Boa noite, Ethan.

Pego minha bolsa e sigo para a saída do terraço, antes que eu saia sua voz grossa me faz parar.

- Eu sei que errei feio com você, mas... Eu gosto de você, Madson. - Se levanta e vem até mim, penso em fugir, mas minhas penas não obedecem. - Sempre gostei. Só vim pra cá para poder concertar as coisas entre nós...

- Não existe nós...

- Tudo que estou pedindo é uma chance...

- Você já teve, Ethan. - Reviro os olhos. Meu coração dói.

Sem aviso ele agarra minha cintura, os olhos fixos nos meus, antes que meu cérebro entenda o que está acontecendo e me faça reagir, Ethan cola seus lábios nos meus e tenta envadir minha boca com sua linha. Fecho os olhos com força, meu corpo treme de surpresa, meu coração lateja em meu peito e sinto a culpa me envadir.

- Me solta! - Empurro o Ethan. - Eu segui em frente, faça o mesmo. - Dou um tapa em seu rosto.

Ethan dá um sorriso diabólico.

- Não vou desistir de você. - Ele cruza os braços. - Você ainda voltará comigo.

Nego com a cabeça e deixo a cafeteria a passos largos, sinto meu corpo trêmulo e as pernas bambas, o coração acelerado e pesado, a cabeça dolorida e confusa. Sinto uma falta absurda de ar, o nó na garganta causado por lágrimas que ainda não caíram. Sinto um turbilhão de sensações dentro de mim. E além de tudo, sinto o amargo da dúvida.

EU ODEIO ETHAN HOLTOnde histórias criam vida. Descubra agora