EU ODEIO ETHAN HOLT

Essa é a verdade

Meu corpo está trêmulo, minha cabeça dói com o tanto de perguntas que se formam em minha cabeça, uma delas mais que as outras. Quem é o pai dessa criança? Não é possível que Cristopher tenha feito isso com minha irmã. Não é possível que aquela história de que os Irmãos Holt sempre dividiam as garotas seja real.
Sem me dar conta, entro no cômodo e sou recebida por dois pares de olhos assustados.

- Como você pôde? - É tudo que consigo dizer.

- Madson...

- Cala a boca! - Interrompo a garota loira com um grito. - Estou falando com esse cretino.

Cristopher adota um ar sério, o maxilar tenso e as mãos fechadas em punho, ele se joga no sofá e cruza os braços, completamente calado, apenas fitando-me atenciosamente.

- Minha irmã e seu filho estão esperando por você, enquanto isso você está aqui com essa vadia...

- Eu tenho nome. - Diz, ofendida. - É Cristal. E não me ofenda, pois não errei sozinha...

- Pouco me importa o seu nome. - Me pergunto se ela se lembra de mim. Talvez sim, pois encara-me com certa familiaridade. - Como você pôde? Você e seu irmão são nojentos...

- Você não sabe o que está dizendo. - Holt deixa o sofá e vem até mim. - O quê, Ah?! Acha que eu estou tendo um caso com a ex do meu irmão? Acha que esse filho é meu?

- Isso é um absurdo! - Cristal resmunga, acariciando sua barriga.

- Não me compare com o Ethan, pois a única coisa que temos em comum é o sobrenome e os pais. - Enruga o nariz. - Ele traiu você e sinto por isso, mas seu trauma não te dá o direito de me atacar...

- Holt...

- Sou um homem casado, ponto! - Os olhos frios de Holt encaram-me com furiosos. - Amo meu filho, amo sua irmã e a família que construímos. Nunca trai sua irmã e se estamos separados no momento, foi porque ela se foi e não deixou eu me explicar. - Sua voz é embargada, parece que ele vai cair em prantos. - Eu amo sua irmã o suficiente para ser fiel a ela, nunca a trairia. Então, pare de me ofender.

Meus olhos ficam marejados, meu peito vai explodir de tanta angústia, vergonha e dor. Pelo tamanho da barriga, essa criança não foi concebida na noite em que flagrei o Ethan com Cristal, mas sim antes. Fui enganada bem antes do que pensei.

- Sim. - Cristopher acaricia meu braço, tentando me passar conforto, nem precisei fazer a pergunta a ele, está estampado em meu rosto o grande ponto de interrogação. - Ela está grávida do Ethan.

Mesmo não o amando mais, sinto meu peito ser atingido por uma dor insuportável.

- Sinto muito por ter me envolvido na história de vocês, mas eu estava apaixonada. - Cristal parece sincera. - Na verdade, foi você quem se envolveu entre nós.

- Como? - Me aproximo, assustada, ela dá alguns passos para trás achando que vou agredi-la. O que é um absurdo, jamais bateria em uma mulher grávida. Bom, jamais bateria em mulher alguma, ainda mais por homem.

- Estávamos juntos há meses, mas ele não queria assumir um compromisso, até você dar a ele uma chance. - Ela suspira. - Ele sempre gostou de você. E eu nunca gostei de perder, então...

Agora sou eu quem joga o corpo contra o sofá, parece que fui atingida com um chute em meu estômago.
Meus olhos cravam na barriga da Cristal, depois em seus olhos verdes, ela parece alguém bem diferente da garota que flagrei com o Ethan meses atrás. Sei lá, menos confiante.

- Ele sabe sobre a gravidez? - Aponto sua barriga.

- Eu tentei contar a ele, mas Ethan não atendeu nenhuma das minhas ligações. - Dá um sorriso amargo. - Ah, ele também me bloqueou depois de eu muito insistir. Então, decidi cuidar de tudo sozinha, mas o Cristopher descobriu e aqui estamos.

- Eu a convenci de contar ao Ethan. - Holt olha o relógio. - Já era para ele estar aqui.

- Bom, eu não quero estar aqui quando ele chegar. - Passo a mão na cabeça. - Isso é entre vocês.

- Novamente, sinto muito por aquela noite.

Ouvir um pedido de desculpas sinceros é muito bom, parece que finalmente essa página ruim da minha vida chegou ao fim.

- Madson - Holt me chama. - Não conte nada a sua irmã, quero eu mesmo explicar essa história e o motivo de eu ter agido dessa forma.

No fundo eu sei porque ele não contou a Katherine, para ela não me contar e eu não ficar mal. Sei disso.

- Obrigada! - Digo.

- Pelo quê? - Balança a cabeça, arqueando as sobrancelhas.

- Por tentar me proteger disso. - Aponto com a cabeça para a barriga de Cristal.

- Como está se sentindo?

- Eu não sei. - Dou de ombros. - Saber que seu irmão vinha me traindo antes mesmo do que imaginei... - Minha voz falha. - ...Dói.

- Preciso de ar - Diz, Cristal. - Vou para a sacada.

Holt e eu balançamos a cabeça e voltamos para nossa conversa.

- O Ethan é impressionante. - Resmungo. - Teve a coragem de me trair, ir atrás de mim na faculdade e insistir para eu dar a ele uma chance, já que cometeu um erro por causa da bebida. Ele até jurou me amar.

- Esse é o Ethan. - Diz, revirando os olhos.

- Eu conheci um cara legal. - Sorrio. - Taeyang. Nós estamos namorando.

- Isso é bom. - Holt sorri, mesmo assim sua expressão é triste. Ele está com sdd da Katherine.

- Seu irmão quase destruiu meu relacionamento.  Ele tentou várias e várias vezes, mas não conseguiu.

- Em algum momento, pensou em perdoar o meu irmão? - Holt cruza os braços, encarando-me com curiosidade. - Pensou em dar a ele uma segunda chance?

Sua pergunta causa um nó em minha garganta, pois já pensei nisso várias vezes, a maioria delas antes de conhecer o Taeyang, outras, quando estava no começo desse novo e maravilhoso relacionamento.
Recordo-me dos dias que seguiram a traição, quando eu deitava a cabeça em meu travesseiro e chorava até pegar no sono, e enquanto não dormia, pensava em me sentar com o Ethan e tentar entender o que aconteceu para ele ter feito o que fez. Eu me pegava imaginando como seria nossa vida de casal, claro, caso ele não tivesse me traído. Eu pensava, pensava e pensava. Chorava, chorava e chorava.
Agora, sinto que tive um grande livramento, me sinto aliviada por não ter dado uma chance ao Ethan, isso teria me deixado emocionalmente desestabilizada.

- O amor não é para o seu irmão. - Finalmente respondo. - Essa é a única resposta que posso te dar.

- É claro. - Concorda.

- Bom, não quero encontrar com o cretino do seu irmão. - Digo. - Então, vou nessa.

- Assim que resolver esse assunto, busco minha esposa e filho. - Sorri para mim. - Está na hora da Katherine voltar para casa.

- Está sim. - Sorrio, mesmo que minha vontade seja chorar de raiva.

Deixo o apartamento improvisado e caminho rapidamente até o elevador, preciso de ar puro e uma dose de uísque, preciso do abraço dos meus pais e da voz embriagante do Taeyang. Preciso me deitar na cama e ter meu cabelo afagado por ele, preciso muito ouvir sua voz sussurrar em meu ouvido o quanto me ama. Preciso...

A porta do elevador abre e sou recebida por um sorriso cafajeste, Ethan Holt aperta os olhos e lambe os lábios da forma mais vulgar possível.

- Não aguentou de saudade e veio me ver?!

Ele sai tão rápido de dentro do elevador e agarra minha cintura que mal tenho tempo para pensar, então faço o que me parece mais sensato no momento.

- Cretino! - Abro bem minha mão e dou um tapa bem forte no rosto do Ethan, fazendo seu sorriso estupido morrer. - Nunca mais chega perto eu fale comigo novamente.

- Madson...

- Seu irmão e mais duas garotas esperam por você. - Digo, ele me olha confuso. - Se eu fosse você entrava logo, a surpresa é de parar o coração.

Entro no elevador, Ethan continua paralisado, a mão direita massageia o local que eu bati, seus olhos perdidos fitam-me incrédulos.
Finalmente a porta do elevador fecha e posso soltar o ar e as lágrimas de ódio.