Humilhação

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Noivo.

Meu namorado está noivo de uma coreana que dá de dez a zero em mim e qualquer americana, não entendo como os asiáticos podem ter um rosto tão perfeito. Maldito skyn care. Estou feia de ciúmes. E anestesiada pela mescla de susto e tristeza.

Pensei que Tae fosse diferente dos outros, mas vejo que me enganei.
Não, não, não!
Eu passei todos esses meses com Taeyang Choi, conheci cada parte do seu corpo, todos seus tipos de sorriso, olhares, defeitos e qualidades.
O meu Taeyang não é um cretino manipulador, jamais ficaria comigo estando noivo de outra pessoa, sinto isso no fundo do meu coração.

- Porra! - Resmungo, sem conseguir acreditar que novamente fui enganada.

Depois da nossa descoberta, Lili saiu furiosa do nosso apartamento para procurar o Tae, juro que tentei segurar minha amiga, mas quando ela coloca uma coisa na cabeça, ninguém tira.

Abro o armário da cozinha, pego as duas garrafas de uísque da Lili e volto para o chão do corredor. Meu peito dói, minha cabeça dói, meu ego e todo o resto dói.
Enquanto seco a primeira garrafa, rezo para que Lili entre por aquela porta e diga que a notícia não passa de uma maldita fofoca. Finalmente chego a segunda garrafa e já começo ligar os pontos, Tae percebeu que errou em enganar-me, sua consciência pesou e ele caiu em lágrimas na mansão da família.

Céus! Meus pensamentos vão acabar me matando.

A segunda garrafa acabou e nada da Lili. Será que ela matou o Tae e foi presa?
Isso já aconteceu uma vez, calma, vou explicar o que aconteceu.
Em nosso primeiro ano de faculdade, Lili, suas amigas e eu fomos em uma festa de uma fraternidade bem popular, os rapazes eram bem bonitos e musculosos, mas não tinham respeito algum e foi aí que tudo se complicou. Eu fui até o segundo andar em busca de um banheiro decente e um garoto com o dobro do meu tamanho tentou me beijar contra minha vontade, eu o empurrei e fiz um escândalo. Claro que ninguém escutou, já que a música estava muito alta. Lili estranhou minha demora e foi me procurar, foi aí que ela viu que eu estava em apuros e socou o nariz do rapaz que me assediava. Resultado, ela quebrou o nariz do garoto e nossa noite acabou na delegacia, para nossa sorte um professor da Lili intercedeu por nós e não deixou que nossos pais soubessem. Como Lili quebrou o nariz do garoto em legítima defesa, o caso foi encerrado discretamente, menos para o garoto, mais tarde descobrimos que o professor o fez ser expulso por assédio.

A lembrança me arranca um sorriso, aquele dia foi o início de uma grande amizade, desde aquela noite Lili e eu nunca mais nos separamos, até fomos morar juntas em seu novo apartamento.

Meu celular toca, atendo sem ao menos saber quem é, só espero que seja a Lili.

- Você o achou? - pergunto.

- Nem comecei a procurá-lo. - A risada do outro lado da linha faz meu sangue ferver.

- Ethan. - reviro os olhos. - A que devo desprazer?

Uma pausa curta e uma risada longa.

- Você está bêbada? Madson Cooper, quem te viu, quem te vê...

- Vá para o inferno. - Soluço. - Isso tudo é culpa sua. Eu odeio você, Ethan Holt.

- Do que está falando? Não vai me dizer que o japonês a deixou...

- Asiático. Ele é asiático. - Choramingo. - O desgraçado é coreano. Ela também.

- Ela quem? - Pergunta, Ethan.

- Eu a vi hoje. - Desabafo. - Linda, elegante e perfeita.

- Madson, de quem está falando?

Mordo o lábio com força, tem de haver mais bebida em casa, Lili adora um álcool durante os tempos livres.

- Vou desligar, Ethan. - Aviso. - Tenho que achar a garrafa.

- Que garrafa?

- De uísque. - Esbravejo. - Você é tão lento pra algumas coisas, menos para trair, né?!

- Eu cometi um erro, mas se me der uma chance...

- Ah, vá para o inferno! - Digo com firmeza.

- Madson, estou falando a verdade.

- Ah, claro! - Arremesso a garrafa na parede, ela se quebra em vários pedaços. - Vocês são todos iguais.

- Que barulho foi esse? - Grita do outro lado da linha. - Você se machucou?

Não respondo. Não é da conta do Ethan.

- Madson?! - Sua voz está preocupada. - Estou indo para sua casa.

A ideia dele pisar aqui embrulha meu estômago, nego com a cabeça várias vezes, mas não consigo falar, apenas desligo o telefone e vou até a cozinha, preciso de mais álcool. Só assim para essa dor em meu coração passar.

- Te encontrei. - Pego a garrafa embaixo da pia e volto para o corredor. - Não acredito que fui enganada de novo. - Uma lágrima escapa. Sento no chão e abro a garrafa. - Ele tem uma noiva... Céus! Eu o amei do fundo da alma e confiei nele cegamente. - Tomo um gole do uísque, minha garganta já não arde mais com o líquido quente, ambos tornaram-se bons amigos.

A campainha toca, talvez Lili tenta esquecido a chave, talvez Tae tenha vindo sozinho para me explicar toda essa confusão. Levanto-me e cambaleante vou até a porta. Para minha decepção não é Lili, não é o Tae, nem mesmo alguém tolerável, e sim o maldito do Ethan Holt.

- Vá embora! - Ordeno, irritada demais com sua audácia. - Você não é bem vindo aqui.

- por que está chorando? - Diz, segurando a porta que acabei de tentar fechar. - O que o japonês te fez? Posso mata-lo se quiser...

- Coreano. - Grito. - Ele é Coreano.

- Ok. - Revira os olhos. - O que o coreano fez?

- Não é da sua conta. - Fecho o punho. - Va embora e me deixe em paz.

- Ou você me conta ou irei atrás do coreano e deixarei o olho dele bem menor do que é.

Mordo o lábio com força, mesmo que Tae tenha mentido para mim, se é que mentiu, mesmo que tenha deixado-me chateada, não quero o seu mal, e outra, Ethan não tem nada haver com isso. Ele também partiu meu coração.

- Não ouse chegar perto do Taeyang. - Aponto o dedo em sua cara. - Não ouse fingir que se importa comigo e com meus sentimentos....

- Madson...

- Não se esqueça que eu o encontrei na cama do seu hotel, no quarto que compartilhamos por meses... - Respiro fundo. - ... Com uma garota em seu colo...

- Já me arrependi...

- Não me importo. - Sou sincera.

- Eu te amo. - Responde, desesperado.

- Não me importo. - Encaro seu olhos castanhos, estam marejados, mas isso não me comove.

- Madson, eu amo você e quero uma chance. - Ele empurra a porta e entra no apartamento. - Olha como o coreano deixou você...

- Sai daqui! - Grito.

- Eu posso fazê-la esquecer aquele merda. Se você voltar para mim, prometo que a farei feliz...

- Eu que bebi e você que ficou bêbado. - Sorrio com amargor. - Não precisa se humilhar, Ethan. - Nego com a cabeça. - Tão pouco fazer promessas vazias, pois de nada adiantaram. Agora, faz um favor para nós dois. - Aponto para fora. - Vá embora e não apareça mais.

Ele respira fundo, o rosto contorcido de raiva e angústia, mas não me importo. Não me importo com nada.

- Céus! - Ethan sai e bate a porta com toda minha força. - Só quero que o Tae venha e me explique tudo.

Deito me sofá, bêbada adormeço profundamente e tenho um sonho perturbador, mas não ousarei conta-lo a vocês, já basta uma traumatizada aqui.

EU ODEIO ETHAN HOLTOnde histórias criam vida. Descubra agora