DE VOLTA A LONDRES

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Como havia mencionado a Kate, o melhor seria retornar a Londres e por um fim nessa história, independente do final.
Como sempre, Tae concordou com minha decisão, preparou o jato particular da família e seguimos para o aeroporto. Minha família nos acompanhou, Tae e eu nos despedimos deles e demos início a nossa viagem.
Antes de entrar no jato, abracei meu pai e o fiz prometer que ao primeiro sinal de problema, ele pegaria o primeiro voo para Londres e me daria apoio. Como o bom pai que é, ele prometeu de bom grado.
Com meu pai ao meu lado, que sempre foi meu melhor amigo, sinto que posso passar por qualquer situação com facilidade. Sempre foi assim. Principalmente quando decidi que meu lugar era em outro país, estudando em Oxford. Foi papai quem me apoiou e foi contra os protestos e tentativas frustradas da minha mãe de me impedir.

Tae e eu sentamos em nossos lugares e apertamos os cintos, eu o encaro por longos minutos antes de quebrar o silêncio constrangedor entre nós.

- E então - Começo. - Qual o seu plano?

Ele ajeita o corpo no banco de couro, um sorriso desconfortável se forma em seus belos lábios.
Não parece que ele queira ter esse tipo de assunto agora, mas quando esse jato pousar no aeroporto de Londres, duvido que teremos tempo de ter essa conversa.

- Não existe um plano. - Cruza os braços. - Vou encontrar meus pais e dizer a eles que esqueçam o casamento.

- E se eles não aceitarem? - Pergunto.

- Aí o problema é deles. - Diz irritado. - Não vou me casar com Yoo-na e ponto. Isso é ridículo.

- Mas, seu pai pode tentar forçá-lo a isso...

- Ele pode fazer o que quiser, e acredite em mim, ele vai. - Tae revira os olhos. - Mas, estou pronto para as consequências. Não é a primeira e não vai ser a última vez que ele faz algo para me prejudicar.

- Tae...

- Sinceramente, não quero mais falar sobre isso. A Lili me enviou o vídeo da peça, acho melhor você assistir agora e começar a escrever a crítica. Taylor não é muito fã de atrasos.

Me dou por vencida, mesmo sabendo que ele está usando meu artigo para se livrar da conversa, não posso adiar esse trabalho. E Lili foi uma ótima amiga indo ao teatro e gravando isso para mim, não jogarei seu esforço no lixo.
Abro o notebook do Taeyang, para minha surpresa ele assiste a peça comigo, não é das melhores, mas também não é ruim, acho até que teria sido divertido assistir pessoalmente.
Começo a escrever, Tae continua ao meu lado, completamente em silêncio para não me incomodar.
Depois de duas horas de trabalho árduo, finalmente termino minha crítica e me espreguiço. O garoto ao meu lado caiu no sono, mas só percebo agora.
Deito a cabeça do Tae em meu ombro, me pego pensando em vários desfechos para nossa história, logo, concluo que sou bem trágico, já que todos meus pensamentos me levam a finais tristes. Desde, ele descobrindo não me amar, até se casando com ela para não ser deserdado. Acho que andei assistindo filmes demais, lendo romances demais.
Ajeito minha cabeça no banco e tento dormir, quanto menos acordada melhor, assim não pensarei tanta bobagem. Tem horas que me sinto uma adolescente tonta, me apaixonar sempre me causou uma pani no sistema.

- Chegamos! - Tae acaricia minha bochecha, abro os olhos lentamente e os esfrego em seguido. - Vou levá-la para casa e depois...

- Passe o dia comigo. - O encaro com tristeza. Não sei como as coisas serão daqui pra frente, então quero passar esse dia ao seu lado. - A noite também.

Ele parece confuso com meu pedido, talvez, saiba o que estou tentando fazer, passar o dia de hoje como se fosse nosso último dia como um casal.

- Não é nosso fim, Madson. - Diz com seriedade, acariciando meu queixo. - Sabe disso, não sabe?!

Dou de ombros, ele beija o topo da minha cabeça, nada me tira da cabeça que tudo isso faz parte de um ritual de despedida, mas só eu me dei conta.
Tae e eu nos despedimos do piloto e do comissário de bordo, ambos se fizeram invisíveis durante nossa viagem, quase esqueci que tínhamos companhia. Como Tae havia solicitado, o seu belo e amado carro estava a nossa espera, ele abre a porta do passageiro e agradeço com um sorriso.
Tae senta atrás do volante acende um cigarro, a essa altura já não me importo com seu vício, apenas ligo o rádio do seu carro e fecho meus olhos. Saímos ontem a noite, depois de quase treze horas de viagem, nem esse céu azul e esse sol forte me fará ficar longe da minha cama. Queria muito que Taeyang me fizesse companhia.
Percebendo meu cansaço, o garoto ao meu lado dirige até meu apartamento sem puxar assunto, chamando-me apenas quando o carro para no estacionamento.

- Você vai subir? - Pergunto com expectativa, mas ele nega com a cabeça.

- Um dos seguranças vai trazer sua mala. - Tae segura minha mão. - Vou resolver algumas coisas, mas tarde passo aqui. - Ele beija minha mão, depois alguns dedos. Sorrio sem jeito.

Ele fica me encarando com seriedade, seus olhos puxados analisam cada detalhe do meu rosto, fico um pouco sem jeito, o que não faz sentido, já que o Tae me viu despida mais vezes do que posso contar nos dedos.

- O quê?! - Franzo as sobrancelhas e balanço a cabeça de um lado para o outro. - Porquê está me olhando assim?

Ele pega uma mecha do meu cabelo e a enrola em seus dedos, depois afaga a mão em meus cabelos e puxa minha cabeça para o seu peito.

- Nada. - Por fim, diz. - Gosto de olhar pra você.

- Ok! - Digo com estranhesa. - É melhor eu subir. Por favor, apareça mais tarde.

- Seu desejo é uma ordem. - Brinca, menos enérgico que as outras vezes. É óbvio que ele não está bem. - Ah, antes que eu me esqueça...

Com a porta do carro já aberta, paro para encará-lo, Taeyang da um sorriso genuíno e fixa seus olhos nos meus.

- Amo você!

- Eu também. - Digo já deixando seu carro.

Espero que esse amor seja forte o suficiente para impedir seu pai.


EU ODEIO ETHAN HOLTOnde histórias criam vida. Descubra agora