Noite de festa

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Os pneus do carro da Holly, amiga da Lili, chiaram ao virar repentinamente em uma rua larga e não muito espaçosa por conta da grande quantidade de carros e motos estacionadas uma atrás da outra.

- Não acredito que chegamos vivas. - Diz Lili, com um sorriso debochado nos lábios pintados de vermelho vivo.

- Com vocês reclamando toda vez que eu paro no sinal vermelho, Não mesmo! - Ela resmunga, por falta de vaga, Molly estaciona longe da casa dos DELTA. - Não acredito que não tem uma vaga próximo a casa. Meu salto alto está acabando comigo.

- É a festa dos Delta. - Lili pega a garrafa de cerveja da minha mãe - O que esperava?

- As festas deles são sempre cheias assim?

Elas encaram-me com espanto.

- Você fala como se nunca tivesse estado aqui antes - Diz Lili, já saindo do carro.

- Nunca estive na casa dos Deltas. - Sigo minha amiga para fora do carro, afim de recuperar minha cerveja, mas Lili tomou até a última gota. - Preciso de uma bebida.

- Leu meus pensamentos. - Holly abraça meu braço e caminhamos rapidamente. Lili vinha atrás de nós resmungando sobre os saltos estarem apertando seus pés.

A casa da fraternidade é absurdamente grande e charmosa, nem parece que um bando de manés moram nela.
Chuto alguns copos de plásticos no meu caminho e observo as pessoas saírem e entrarem na grande casa, elas sorriem e conversam animadas, agora sim me sinto na faculdade.
Diversos garotos, alguns conhecidos e outros não, nos cumprimentavam com sorrisos maliciosos e seguiam uns aos outros derramando suas bebidas no caminho.
A festa está rolando a todo vapor dentro da casa e é difícil conseguir entrar sem esbarrar nas pessoas a nossa volta, mas elas estão bêbadas demais para notar qualquer contato físico.
Um garoto qualquer tropeçou e caiu à nossa frente e mordi o lábio para conter uma risada.

- Caramba. - Lili grita - Eu amo essa música. - Ela me puxa pelo pulso. - Vem, vamos dançar.

Mesmo sem conhecer a música ou mesmo simpatizar com o ritmo, mexo os quadris do mesmo jeito que Lili e Holly. Sabendo que sou péssima em dança e que devo estar ridículo, paro de dançar e praticamente grito.

- Vou buscar uma bebida. - Aviso, virando-me e procurando com os olhos por um bar improvisado ou a cozinha. - Vai querer o quê, Holly?

- Qualquer bebida quente. - Ela agarra o pescoço de um garoto qualquer e continua se balançando no ritmo da música.

- Eu quero o que você escolher. - Lili grita.

Caminho com dificuldade entre a multidão abafada e ao chegar no bar improvisado respiro aliviada. O calor e som alto desse lugar está acabando comigo.
Garrafas de bebidas alcoólicas cobrem a mesa de madeira, além de litros de energético, copos vermelhos, azuis e brancos e três baldes cheios de gelo. Ficar bêbada é tentador. O que eu não faria para esquecer Ethan Holt por uma noite, mas como não conheço grande parte dos caras dessa festa, não posso me dar ao luxo de baixar a guarda. Na verdade, mesmo se eu conhecesse todos, jamais baixaria a guarda. Não sou tola.

- E aí, Madson! - A voz de Taeyang atrás de mim me faz virar bruscamente. - Não sabia que vinha. - Ele sorri e me olha dos pés a cabeça. - Está bonita.

- A Lili me obrigou - Pego um copo plástico e o encho de whisky, gelo e energético. - Preciso levar isso para ela. - Olho para minha amiga que beija desesperadamente os lábios de um desconhecido. - Bom, acho que ela não vai querer trocar a boca daquele garoto por isso.
Taeyang tira o copo da minha mão e da um gole longo, depois acende um cigarro e da dois tragos rápidos.

- Não pode fumar aqui dentro. - o repreendo.

Pego uma garrafa de cerveja e molho os lábios, o líquido gelado me faz relaxar.

- Como você está? - Ele fala próximo ao meu ouvido por causa da música alta.

- Bem. - Desvio o olhar. - E você?

- Estou ótimo - Sua voz grossa faz meu corpo se arrepiar, e olha que a música está bem alta. - Me desculpe pelo que fiz naquela dia.

- Não se preocupe. - Digo com sinceridade.

- Então estamos numa boa? - Um sorriso bonito se forma em seus lábios.

- É claro. - Sorrio gentilmente.

Me viro e encaro as pessoas dançarem, senti falta disso.
Tae fica ao meu lado e posso sentir o calor de sua pele próxima a minha, é gostoso.
Viro a garrafa e tomo todo o líquido em um só gole, fazendo o garoto de olhos puxados me olhar com diversão.

- Você gosta mesmo de cerveja.

- Me ajuda a relaxar. - Confesso com um sorriso tímido. - Lugares cheios me deixam nervosa.

- Quer ir pra um lugar mais calmo? - Diz sério e sinto falta do sorriso malicioso.

- Não vou para o seu quarto. - Brinco e pego outra garrafa de cerveja.

- Não ia levá-la para o meu quarto. - Ele umedeço os lábios e segura minha mão. - Quer ir ou não?

- Quero. - Falo pegando outra garrafa por garantia.

Ele me puxa para as escadas, o segundo andar não está tão vazio como eu esperava, protesto ao ver o Taeyang abrir uma porta, mas ele me ignora.

- Esse quarto é meu, mas não é aqui que vamos ficar. - Ele abre duas portas de vidro e me puxa até a sacada.

O vento gelado me arranca um sorriso de alívio e encaro o céu estrelado, a noite está linda.

- Vista bonita. - Digo com sinceridade.

Taeyang abre duas cadeiras de madeira e sento ao seu lado. Ele acende outro cigarro e me oferece, mas nego com a cabeça.

- Odeio essas festas - Resmunga. - Começam cedo e acabam tarde.

- Pode dormir no meu quarto e da Lili. - O encaro. - Acho que ainda temos colchão de emergência.

- Não tem mais. - Ele me olha sério. - Eu o queimei com meu cigarro e Lili o jogou fora.

- Tá falando sério? - O olho, assustada.

- Sinto muito. - Ele ri. - A Lili ficou uma semana me ignorando por isso.

- E com razão - Tomo um gole da minha cerveja. - Bom, acho que a Lili não vai dormir no quarto hoje, então... - Coloco a garrafa no chão, acho que já bebi o suficiente.

- Não vai se incomodar?

- Não. - Por incrível que pareça, minha resposta foi sincera.

Tae leva o copo até seus lábios perfeitos e toma um gole de sua bebida. Encaro seus lábios, me questionando qual o sabor que eles possuem. Devem ser doce e bem quentes, tão quentes ao ponto de levar qualquer garota para sua cama. Como eu queria sentir o sabor dos seus lábios sem acabar me envolvendo..

- Está olhando para minha boca de novo.

- Não. - Desvio o olhar. - Sua boca não é tão atraente assim. - Brinco.

- Então é um pouco? - Ele se aproxima e sorri.

- Cala a boca. - Dou risada e sei que a culpa é da bebida.

- Só vou calar, porque preciso de um lugar para dormir. Da última vez que tivemos uma festa aqui, uma garota mais bêbada que você e nada sexy como você envadiu meu quarto e tentou me beijar, então...

- É, dormir aqui não é seguro. - Me inclino para o lado, meus lábios quase roçando em seu lóbulo - Não pode dormir na casa de uma das garotas com quem transa? - Zombo.
- Sim, mas prefiro dormir com você. - Diz, virando o rosto e quase tocando seus lábios aos meus. Minhas bochechas ficam mais vermelhas que pimentão.

- Ficou vermelhinha. - Ele umedece seus lábios, viro o rosto rapidamente. Não vou deixar que ele me beije.

Sua risada me deixa mais nervosa e foco no céu bonito e estrelado, e ao olhá-lo rapidamente vejo que ele encara o céu e ficamos assim por um longo tempo. E pela primeira vez percebo algo que não havia notado antes. Quando estou ao seu lado, não penso em nada e nem ninguém. Ninguém mesmo.

EU ODEIO ETHAN HOLTOnde histórias criam vida. Descubra agora