A FALTA QUE ELE FAZ

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O dia no jornal chegou ao fim, Taylor apareceu faltando meia hora para eu ir embora, chamou-me para conversar e perguntou o que eu estava achando do primeiro dia. Respondi o óbvio, que estava gostando muito.
Depois que sai do prédio, Charle convidou-me para outro café, pensei em recusar por estar muito chateada por Tae não me ligar, mas sabia que um minuto com Charle melhoraria meu humor.

Mas agora, sozinha, deitada nesta cama gelado, sem Lili em casa para me fazer companhia, sinto-me pior que antes e solitária. São momentos como este que sinto vontade de largar a faculdade e novamente voltar para o conforto da minha casa, voltar para o abraço protetor do meu pai e os sábios, porém duros, conselhos da minha mãe. E, claro, não menos importante, passar meus dias com a Missy e com a Kate. Mas, abandonar pela segunda vez a faculdade que tanto amo, porque sinto-me solitária e um tanto perdida, não será nada maduro ou louvável. Sério, não devo ser a única pessoa no mundo, principalmente na Inglaterra, que sinta isso. Solidão.

No fundo, sei que esse turbilhão de sentimentos desagradáveis tem a ver com a ausência do Taeyang, sério, ele faz falta. Sinto saudade do seu cheiro, sua voz, dos xingamentos em coreano, da risada contagiante e principalmente do calor do seu corpo. Sinto tanta saudade que chega a doer, mal consigo respirar de tanto que sinto saudade dele. Para piorar tudo, sinto que seu pai e a noiva arranjada, chegaram por agora, só porque nosso relacionamento não está bem, assim como acontece nos filmes e séries românticas.

- Céus, vou enlouquecer!

Meu celular começa a tocar, rapidamente me viro na cama e pego o aparelho em cima do criado mudo, o número é desconhecido, mas a esperança de ser o Taeyang faz-me atender.

- Oi. - Minha voz é cheia de dor.

Ouço a respiração pesada, máscula e longa, meu coração vacila por alguns segundos, abro a boca para chamar o Tae, mas sou bruscamente interrompida pela última pessoa com quem quero falar.

- Boa noite, Cooper. - A voz do Ethan deixa-me náuseada.

- O que você quer? - Pergunto, furiosa com ele, mesmo sabendo que a maior culpada de tudo sou eu. - E seja rápido, estou esperando outra ligação.

- Do seu namorado? - Ele ri.

- Não é da sua conta.

- Bom, se for do China pode esquecer.

Me levanto da cama, coloco uma camiseta, caminho até a janela do quarto e abro a janela, preciso de um pouco de ar.

- Do que está falando? - Sinto minha garganta fechar.

Ele faz uma pausa dramática, solta um pequeno riso debochado e lança sua carta mais perigosa.

- Abra a porta que eu te conto. - Diz, da forma mais descarada possível.

Sério, nosso prédio precisa de um porteiro novo, qualquer um está entrando agora, só porque Ethan é amigo de um morador, nosso porteiro deixa ele entrar e sair quando bem entender, e a maior prejudicada sou eu.

- Não estou em casa. - Minto.

- Não seja ridícula, estou vendo a luz acesa
Por debaixo da porta. - Resmunga.

- É a Lili...

- Você não tem mais quatro anos, pare de agir feito criança e abra a porta.

- Que inferno! - Grito, desligando o celular.

Visto minha calça e uma blusa, movida pelo ódio vou receber Ethan Holt, mas não o deixarei entrar, seja lá o que ele queira falar, será da porta para fora, estou cansada de permitir que ele tenha controle sob minha vida. Eu cansei.

- Fala! - Digo, já abrindo a porta, minha expressão muda de irritada para confusa. O que diabos ele pensa que está fazendo?

- Diga, solteira. - Sorri de forma diabólica, tirando uma foto minha.

- Vá para o inferno. - Reviro os olhos.

- Ok. - Ele ri. - Pode falar x se quiser. A escolha é toda sua, mas fique sabendo que solteira me agrada mais.

Me seguro para não pegar a câmera fotográfica de sua mão e quebrá-la no chão ou na parede, tanto faz, deixando-a em pedaços é o que importa, mas sou civilizada demais para tal feito.

- Você não é engraçado. - Encaro seus olhos castanhos penetrantes. - E, não é bem vindo aqui, então apaga minha foto, de meia volta e desapareça da minha vida. Você já me causou muitos problemas.

- Ah, Madson, porque está com raiva de mim se foi o Taeyang que a deixou?! - Seu deboche me causa náuseas. - Odeio fazer fofoca, mas acabei de ver o China num barzinho com varias garotas. - Ele analisa sua maquina fotográfica. - Sinceramente, não sei o que vocês vêem naquele cara. Certo que o K-pop tá em alta, mas não é para tanto. - Ri.

Saber que o Taeyang possa estar em um barzinho com outras garotas faz meu coração doer, mas a uma grande possibilidade do Ethan estar mentindo para me machucar. Ele é capaz de qualquer coisa para me fazer sofrer, me ver sofrer o deixa feliz. São nesses momentos que percebo que Ethan não ama ninguém, exceto ele mesmo, pois, quando amamos alguém, tudo que queremos é ver o outro feliz.

- Ah, então foi para isso que veio fazer, discórdia?! - Cruzo os braços. - Bom, já fez o que queria, agora vá embora.

- Não vim aqui só para isso. - Revira os olhos, balançando sua câmera no ar. - Eu precisava de uma foto sua.

- Pra quê, Ethan? - Franzo a sobrancelha. Nada do que sai da boca de Ethan Holt faz sentido.

- Para eu olhar para ela todas as noites antes de eu dormir...

- Ah, que ridículo. - Um riso debochado escapa. - Acha mesmo que isso funcionará comigo?!

- Funcionou antes. - Pisca para mim da forma mais canalha possível, sinto vontade de socar seu lindo rosto. - Mas, falando sério agora, vou passar uma semana longe de você, por isso a foto. - Diz, já tirando outra foto minha. Abusado.

O fato de que ficará uma semana longe de mim, deixa-me muito feliz, seria tão bom se ele fosse embora de uma vez por todas.

- Estou curiosa. - Umedeço os lábios. - Para onde você vai?

- Olha só. - Sorri. - Parece que as irmãs Cooper não estam conversando muito.

Isso é verdade, mas não direi a ele.

Vendo que não responderei a sua provocação, ele continua.

- Meu irmão e sua irmã estam em crise...

- Como? - Arregalo os olhos. Kate não me contou nada.

- Para de me interromper. - Diz, zangado.

- Então, para de enrolar.

- A mimada da sua irmã reclamou que ele está trabalhando demais e deixando a família de lado. - Revira os olhos. - Ele até chegou a dormir no escritório, então Kate pegou o Tommy e foi para casa dos seus pais.

- Ah, não! - Levo a mão a boca. - Quando foi isso?

- Ontem a noite.

- Então, foi para isso que veio?! - Digo, mais para mim do que para ele. Ethan faz um sim com a cabeça, agora sério e mais humano. - Mas, o quê exatamente fará em Seattle?

- Vou ajudar meu pai com os hotéis, assim meu irmão poderá ir atrás da chata da sua irmã, salvar o casamento e tirar esse tempo para eles.

- Primeiro, minha irmã não é chata. - O encaro de forma mortal. - Segundo, desde quando você se preocupa com o próximo?

- Desde que, não me importar, fez eu perder a mulher que eu amo. - Sua voz é carregada de sinceridade, seu olhar triste e o maxilar tenso.

Céus! Essa declaração faz meu coração doer.

EU ODEIO ETHAN HOLTOnde histórias criam vida. Descubra agora