cinco

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NATALYA
dias depois

Dona Esmeralda era um poço de simpatia. Depois dela me convidar mais umas três vezes para tomarmos café juntas, eu aceitei. Ou melhor, a minha mãe aceitou por mim.

Ela falou para Esmeralda que sim, eu iria comparecer às 17h da tarde de uma quinta feira para tomar café com ela e bater um bom papo. No fim, só me restou ir. Não era nenhum sacrifício pra mim, mas eu não fazia ideia do que iríamos falar.

O que tínhamos em comum?

Eu estudei com o ridículo do filho dela, e só isso.

Aliás, era muito estranho pensar que o Philippe era mesmo filho daquela mulher. O que ela tinha de simpática, gentil e  amorosa, ele tinha de idiota, grosso, sem educação e falso.

— O meu Philippe está na Europa, não sei se você sabe. — Disse ela, como se tivesse adivinhado que eu estava pensando nele.

— Ah, eu sei. — Murmuro. — O meu pai gosta de acompanhar o futebol europeu, então eu soube. Dizem que ele não está muito bem, não é? — Pergunto e me arrependo em seguida.

Aquilo era coisa de se falar para a mãe dele?!

— Creio que é só uma fase ruim. — Disse ela, parecendo não ter se ofendido. Me senti menos culpada. — Todo mundo tem uma fase assim. O bom é que sempre passa, então logo ele voltará a brilhar.

— Sim, claro. — Falo, concordando também com a cabeça. — Desejo muito sucesso para ele.

Não desejo não.

— Obrigada, querida. — Ela sorriu realmente agradecida e eu me senti culpada outra vez. — Se eu não me engano, você não gostava dele na infância.

— Não sabia que eu deixava isso tão óbvio. — Digo.

— Você deixa até hoje. — Falou e eu fiquei sem graça, arrancando um riso dela. — Motivo eu tenho certeza que você tinha, pode me contar?

— Ah, coisinha de criança. — Murmuro. — Ele só era chato, só isso.

— Sei. — Riu. — Nunca entendi porque se afastaram.

— Nunca fomos próximos. — Falo.

— Foram sim, nos primeiros anos da escola. — Disse e eu me mexi um pouco desconfortável no sofá.

— Bom, algumas pessoas tomam rumos diferentes, não é? — Digo e ela confirma com a cabeça.

— Verdade. — Concordou. — Queria que tivessem continuado amigos, seria lindo ver os dois crescendo juntos e mantendo uma bela amizade.

Aquilo poderia ter acontecido, se ele não fosse um falso comigo. Era impressionante a mudança de comportamento de Philippe assim que chegávamos na escola.

Ele rapidamente se afastava, antes mesmo de entrarmos, e então passava todo o tempo com o grupinho que eu mais odiava.

Não é que ele fazia bullying comigo, mas também não me defendia, para não perder os "amigos" dele, portanto ele compactuava com aquilo.

Twitter ━━ Philippe CoutinhoOnde histórias criam vida. Descubra agora