dezoito

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NATALYA

natcomy
minha bochecha tá formigando até agora.
e o meu joelho está doendo.

↪️ p_algumacoisa
     você pagou boquete?

↪️ natcomy
     O QUE????

↪️ p_algumacoisa
     bochecha formigando e joelho doendo... coisas de boquete

↪️ natcomy
     como você sabe, hein?

↪️ p_algumacoisa
     já me contaram 😐

↪️ natcomy
    aham, sei... boqueteiro ✊😯

*
natcomy
o que fazer na hora de pagar boquete?

p_algumacoisa
paga um pra mim e eu te conto 😏😏😏

natcomy
KKKKKKKKKKKKKKKKKKK
eu sou evangélica, parou!

p_algumacoisa
você que começou 😇

natcomy
saudades de falar bobagem com você
pareceu meio distante esses dias

p_algumacoisa
eu? você que sumiu. foi só eu tocar no assunto de nos vermos

natcomy
não é assim também

p_algumacoisa
é sim
já entendi que você não quer me encontrar, então podemos ser amigos virtuais que nunca viram a cara um do outro

isso é tão ridículo
tenho 26 anos e estou nesse lance de amigo virtual

natcomy
não quer ser meu amigo então?

p_algumacoisa
quantas vezes tenho que dizer que o que eu quero é te conhecer pessoalmente?

natcomy
mais nenhuma, você já disse isso

p_algumacoisa
é, não é? várias vezes...
já até cansei.

natcomy
eu sei que deve mesmo ser cansativo isso e entendo que provavelmente você esteja perdendo o interesse em mim por conta disso, mas não é simples pra mim me encontrar com alguém

você é legal, tenho vontade de te conhecer, mas eu sinto medo de te encontrar. não porque eu não te conheço (eu deveria ter medo disso, na verdade), mas porque eu não sei como você vai reagir ao me conhecer

não me sinto segura o suficiente sobre mim para conhecer você. e isso é horrível

me desculpa.

*

— Você tem alguém? — Pergunto para Philippe, que empurrava a bicicleta até o local onde eu tentaria de novo.

— Como assim?

— Romanticamente falando. — Digo, olhando para o chão e chutando algumas pedrinhas.

— Está perguntando se eu namoro? — Perguntou.

— Não exatamente. — Respondo e o olho. — Com "alguém" quis me referir a qualquer pessoa que você tenha um caso. Por exemplo, você pode não estar namorando, mas tem alguém que está... conhecendo melhor, vamos dizer assim.

— Tenho. — Respondeu. — Quer dizer, eu acho que tenho. — Completou mais baixo e confuso. — Você tem?

— Não. — Digo e olho para o chão outra vez. — Estrago tudo antes mesmo de começar a dar em algo.

— Hum, parece uma pessoa que não conheço. — Falou e eu franzi o cenho, o olhando confusa, mas ele não deixou eu questionar a frase. — Pelo menos você tem a mim e a essa bicicleta.

— Eu não acredito mais em você e ainda tenho medo da bicicleta. — Falo.

— Nós resolvemos isso rapidinho. — Sorriu e parou de andar quando chegamos ao parque. — Vamos lá!

— Eu não quero cair de novo. — Digo.

— Você não vai cair, agora você já sabe. — Disse. — O lado certo de frear é o que tem a fitinha. Pelo amor de Deus, não usa o outro, ou então você vai ir de cara no chão.

— Fiquei nervosa. — Falo e ele ri.

— Não vou soltar você.

— Engraçado, eu já ouvi isso antes... — Murmuro pensativa. — E no final eu acabei com o joelho e as mãos raladas! — Completo brava e ele ri outra vez.

— Já pedi desculpas. — Disse. — Hoje é sério, só vou soltar quando você estiver confiante para ir.

— Eu não devia confiar em você. — Digo. — Mas vamos. — Resmungo.

[…]

Philippe se aproximou de mim, enquanto eu resmungava, olhando para o céu, ainda deitada sobre a grama. Ao menos era mais macia do que o chão que eu caí na última vez.

— Tudo bem? — Perguntou.

— Por que não me ensinou a virar?! — Pergunto.

— Mas eu ensinei! — Disse. — Foi você que se atrapalhou toda. Nem entendi o que aconteceu. — Falou e segurou em minhas mãos, me fazendo sentar.

— Eu não consigo pedalar e virar ao mesmo tempo. — Digo. — Não vou aprender nunca.

— Claro que vai. — Afirmou. — Você já está aprendendo, é só mais algumas tentativas e você estará melhor do que eu na bicicleta.

— Você mente tão mal. — Falo e ele ri.

— Quer ir de novo? — Perguntou e fez carinho em minhas mãos, que ele ainda segurava.

Olhei para as mesmas, sentindo um formigamento no local, como senti em minha bochecha quando ele me beijou.

— Quero. — Respondo e solto nossas mãos, me levantando sozinha.

*

Consegui, tia! — Conto para dona Esmeralda. — Você precisava ver, fui muito bem, não é, Philippe?

Olhei para o mesmo, que encarava a tela do celular.

— Tenho certeza que sim, querida. — Ela falou, chamando a minha atenção para ela novamente. — Fico feliz que estejam se dando bem. Parecem duas crianças de novo.

— É... — Murmuro e olho para Philippe, que mantinha a atenção voltada para o aparelho celular, digitando algo.

O meu apitou e eu olhei para o mesmo sobre a mesa.

— Seu namoradinho? — Dona Esmeralda perguntou, dando um gole no suco dela.

— Que namorado? — Philippe se pronunciou, deixando o celular de lado.

— Não é...

— A Naty tem um namoradinho. — Ela me interrompeu e eu senti meu rosto esquentar de vergonha. — Não precisa ficar sem graça, querida, o Philippe também tem uma namoradinha na internet. — Completou e tomou outro gole do suco.

**
hmm q coincidência
🧐

Twitter ━━ Philippe CoutinhoOnde histórias criam vida. Descubra agora