doze

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PHILIPPE

— Philippe, você não estava comendo não?! — Minha mãe perguntou assim que me viu e eu revirei os olhos.

— Oi, mãe, eu também estava com saudades. — Falo, soltando as malas no chão e abrindo os braços para ela, que sorriu e se aproximou para me abraçar apertado.

— Tava estava com saudades do meu menino. — Disse e deixou um beijo em minha bochecha. — Mas vamos voltar ao assunto da comida. Estou te achando magro.

— Eu tô igual sempre. — Digo, entrando na casa.

— Não está não! — Teimou. — Vou fazer um almoço maravilhoso para nós hoje, você vai ficar mais fortinho. — Falou e segurou em meu braço, olhando o mesmo.

— Vixe, hein, dona Esmeralda! — Falo. — Vim pra relaxar, não começa, por favor.

— Vai relaxar comendo a comidinha da mamãe. — Sorriu. — Agora vai tomar banho, está sujo da viagem.

— Eu só entrei no avião.

— Philippe!

Resmungo e saio da sala, puxando minhas malas para o meu antigo quarto.

*

Levanto do sofá quando ouço batidas na porta de casa e caminho até lá, franzindo o cenho.

Minha mãe havia ido no mercadinho aqui perto, comprar as coisas que faltavam para o tal almoço, então só eu fiquei em casa.

Abro a porta e encontro uma mulher, que olhava para os lados.

— Oi? — Digo e a atenção dela se voltou para mim.

— O-o-oi. — Gaguejou e eu levantei as sobrancelhas. O ato pareceu a deixar ainda mais nervosa. — Dona Esmeralda.

— Ah, ela saiu. — Respondo. — Posso ajudar você com alguma coisa?

— Não. — Respondeu quase gaguejando outra vez. — Desculpa incomodar.

— Não foi nada. Você não quer deixar recado?

— Não. — Disse, já virando as costas e se afastando.

— Ok. Qual o seu nome? Posso falar que você esteve aqui. — Insisto.

— Ahn... deixa pra lá. Depois eu falo com ela, obrigada. — Falou e saiu quase correndo.

Fiquei a olhando até a perder de vista.

[...]

— Mãe, uma mulher veio te procurar. — Conto e ela me olha atenta. — É uma branquinha, de cabelo curto...

— Ah, deve ter sido a Naty! — Falou sorrindo e eu inclinei minha cabeça para o lado.

— Que Naty? — Pergunto.

Cheguei a pensar na minha Naty. Aquela que eu vivia conversando e fingindo ser outra pessoa, mas aquela mulher não parecia nem um pouco com a Naty que eu havia imaginado, e seria muita loucura e coincidência ser exatamente ela.

— Natalya. — Respondeu. — Vocês já estudaram juntos, Philippe, eram até amiguinhos. — Completou quando viu a minha cara de quem não fazia ideia de quem era.

Talvez fosse por isso que eu achava o nome Natalya conhecido.

Continuei com a mesma expressão de confuso, até me lembrar.

— Ah! A irmã da Nayara? — Pergunto e minha mãe fecha a cara, me olhando séria.

— O nome dela é Natalya. — Deu ênfase. — Se a chamar de "irmã da Nayara" mais uma vez, principalmente na frente dela, eu te dou um cascudo!

— Credo, mãe. — Murmuro e me encolho na mesa. — Tá bom.

*

p_algumacoisa
rio de janeiro continua lindo

natcomy
hum, é mesmo?

p_algumacoisa
sim

natcomy
aproveite

p_algumacoisa
🙂

natcomy
sabe aquele cara que eu não gosto e que mora lá em barcelona também? então, ele está aqui

p_algumacoisa
e você deu uma de direita como te ensinei?

natcomy
não

p_algumacoisa
😠

natcomy
😬

p_algumacoisa
eu conheci uma Natalya hoje

natcomy
ah, droga, achei que eu fosse única

p_algumacoisa
pra mim você é

natcomy
ui ui ui

p_algumacoisa
quer sair comigo no sábado a noite?

*
NATALYA

Encarei a tela do notebook com os olhos arregalados, lendo a última mensagem de P. Eu sabia que ele iria tocar no assunto de nos vermos, mas não sabia que iria ser tão direto assim.

Senti meu estômago embrulhar só em imaginar eu respondendo um sim e nós dois nos encontrando.

Quis chorar quando o sentimento de insuficiência bateu.

natcomy
não vai dar
já tenho compromisso no sábado a noite

p_algumacoisa
sei...

*
Mordo o lábio e abaixo a tela do notebook, o deixando de lado e me virando na cama. Enfio o meu rosto no travesseiro.

— Por que sou assim? — Falo abafado.

**
a naty é uma representação minha.
é exatamente assim que eu fico quando alguém me chama pra sair e é por isso que vou morrer sozinha
🙂

Twitter ━━ Philippe CoutinhoOnde histórias criam vida. Descubra agora