vinte e três

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NATALYA

p_algumacoisa
eu sei que você deve estar bastante brava comigo, e eu não te julgo por isso, só queria me explicar

natcomy
te falei várias vezes sobre o quão insegura eu me sentia em te encontrar. você continuou insistindo e eu me esforcei para deixar a tal insegurança de lado e ir me encontrar com você...

e então você não foi.

não faço a mínima ideia de qual será a sua explicação/desculpa por ter me deixado plantada naquele restaurante como uma idiota, mas eu tenho certeza que você teve a oportunidade de pelo menos me avisar que não poderia ir.

só não quis mesmo.

*
semanas depois

O raio de Sol que conseguia passar pela fresta de um amontoado de folhas da árvore atingia o meu pé, o esquentando mais do que eu gostaria.

Encolhi as pernas e ajeitei o livro nas mesmas, mantendo-me concentrada.

— Sempre que eu quiser te encontrar eu vou vim aqui. — Ouço e levanto a cabeça, olhando para o lado e vendo Philippe se aproximar de onde eu estava deitada. — Já virou o seu cantinho.

— A muito tempo. — Digo e volto a atenção para o livro.

Senti ele se sentar ao meu lado.

— O que está lendo? — Perguntou e encostou a cabeça em meu ombro, lendo do livro.

— Fantasia. — Respondo. — Sempre bom fugir da realidade horrível que é a minha vida. — Completo baixo.

— Aconteceu alguma coisa?

— Não.

Um silêncio se instalou entre nós dois e então Philippe levantou a cabeça do meu ombro.

— Por que eu estou achando que você está me ignorando? — Perguntou e eu dei de ombros. — Já faz alguns dias que está estranha comigo. Fiz alguma coisa?

— Sabe o que eu acho as vezes? — Pergunto, ignorando a pergunta dele. Fecho o meu livro, marcando a página, e então olho para Philippe. — Que eu nasci para ficar sozinha aqui nesse mundo.

— Por que acha isso?

— Levando em consideração a todos os meus fracassos amorosos, é o que me parece. — Respondo.

— Eu estou incluído nessa de fracassos amorosos? — Perguntou, inclinando a cabeça para o lado.

— Nós dois não temos nada, mas, é... está incluído.

— Quer dizer que nem começamos direito e já foi um fracasso? — Confirmei com a cabeça. — Nossa... — Murmurou.

— Sabe aquele dia que tivemos um "encontro"? — Pergunto.

— Sei, o melhor encontro da sua vida. — Brincou e eu dei um sorriso forçado, então ele se ajeitou, me olhando com atenção. — Ok, eu acho que você quer conversar sério.

— Eu tinha acabado de levar um bolo. — Falo. — Combinei com uma pessoa e ela não foi. — Ele inclinou a cabeça para o lado, me olhando curioso.

— Que azar o dele. — Falou.

— E meu, que perdi o meu tempo me arrumando e ficando ansiosa para nada. — Digo.

— Não foi para nada, tivemos o nosso encontro. — Disse. — E você estava linda.

— Você me encontrou aqui no parque e é claro que percebeu que eu não estava bem. — Continuo. — Foi legal você ter me convidado para um, mas depois eu entendi que foi por pena.

Philippe levantou as sobrancelhas, consequentemente arregalando os olhos. Inclinou a cabeça para o lado outra vez e me encarou confuso.

— Como é? — Perguntou.

— Philippe, você não me chamaria para um encontro em outras condições. — Digo baixo, vendo ele franzir o cenho.

— Quem disse que não?!

— Eu sei. — Falo. — Qual é, você... olha, você é um cara bonito, é óbvio que tem um monte de mulher na sua cola, e é claro que são mais interessantes do que eu, então...

— Natalya, eu não te convidei para um encontro por pena e muito menos te beijei por pena. — Me interrompeu. — Você é uma mulher bonita e é interessante, por isso que te beijei. Que coisa mais doida é essa que está falando?

— Desculpa, eu não... — Suspiro fundo. — Não consigo acreditar nessas coisas. — Murmuro.

— Mas deveria! — Disse. — Estou falando sério quando falo essas coisas pra você. Por favor, não pense que eu fiz aquilo por pena. — Pediu e colocou as mãos em meu rosto.

Molho os meus lábios e seguro em seus pulsos, o afastando.

— Philippe, você tem vergonha de ser visto comigo. — Digo. — Aquela vez, quando estávamos na frente da minha casa e a minha irmã chegou, você me afastou como se eu tivesse a doença mais contagiosa e horrível do mundo.

— Eu só me assustei.

— Ah, é claro. — Falo. — Assim como aquele dia em que você também se afastou quando o seu amigo apareceu.

— Naty...

— Está tudo bem. — Digo. — Quer dizer, não está, mas tudo bem mesmo assim. Não é nada do que já não me aconteceu.

— Eu não quis passar a impressão de que tenho vergonha de você, é só que... — Começou e eu levantei as sobrancelhas, esperando. — Não tenho vergonha de você!

Senti um pouco de vontade de rir. Não era engraçado, é claro, mas é que aquilo sempre acontecia.

— Um fracasso. — Sussurro.

*
PHILIPPE

p_algumacoisa
qual o meu problema com as Natalyas?

**
bom domingo nessa porra do caralho
estressada.

Twitter ━━ Philippe CoutinhoOnde histórias criam vida. Descubra agora