dezesseis

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PHILIPPE
dias depois

Encaro o meu celular, vendo que a Natalya do Twitter ainda não tinha me respondido. A verdade era que eu nem esperava mesmo uma resposta, já sabia que ela me enrolaria o máximo possível até dizer se queria mesmo me ver ou não.

Tinha quase certeza que não.

Queria a conhecer, mas não tinha como fazer ela querer o mesmo.

Eu deveria ser sincero com ela, sobre quem eu era e o que eu fazia, mas temia que aquilo dificultasse ainda mais.

— Philippe? — Ouço na porta, juntando com batidas de palmas.

Me levanto rápido do sofá e abro a porta, indo até o portão e abrindo o mesmo para Natalya.

Natalya. Era uma enorme coincidência as duas terem o mesmo nome.

— Achei que não vinha. — Falo, dando espaço para ela entrar.

— Você disse que era importante e urgente. — Disse. — Fiquei preocupada. Tudo bem com a sua mãe?

— Tudo ótimo. — Digo, segurando de leve no braço dela e a puxando para dentro de casa. — Não é assim tão importante, nem tão urgente, mas eu precisava que você viesse logo.

— O que é? — Perguntou.

— Você sabe fazer bolo? — Pergunto e vejo ela franzir o cenho.

— Sei. — Respondeu.

— Ótimo! — Sorrio e a puxo para a cozinha. — Você vai me ensinar. — Digo e pego o avental, jogando para a mesma.

*
NATALYA

Philippe e eu éramos amigos de novo, eu acho. Conversávamos às vezes por mensagem e ele sempre me convidava para tomar sorvete ou para irmos ao parque.

Não éramos como melhores amigos inseparáveis, mas era até legal ter a companhia dele.

— Droga. — Resmungou e enfiou a mão na vasilha, tirando a casca de ovo que ele havia deixado cair. — Pronto. E agora?

— Farinha de trigo. — Digo e espio dentro da vasilha. — Philippe, você não tirou todas as cascas de ovo não. — Aviso.

— Claro que tirei. — Falou.

— Ali. — Aponto.

— Ah, mas aquela é só um pedacinho, é bom que dá crocância. — Disse.

Eu franzi o cenho e olhei para ele, que enchia uma xícara de farinha de trigo.

— Por que quer aprender a fazer bolo? — Pergunto.

— Minha mãe falou que estava com vontade de bolo de cenoura. — Contou. — E ela saiu, então, como eu não estava fazendo nada, achei que seria uma boa fazer o bolo.

— Fofo. — Falo e ele me olha sorrindo.

— Sou, não é? — Disse.

— Agora não mais. — Digo.

Ele riu e voltou a atenção para a farinha.

— Também é uma oportunidade de aprender uma coisa nova. — Falou. — Você tem vontade de aprender algo?

— Tenho. — Respondo. — Um monte.

— Como por exemplo...?

Pensei um pouco para o responder.

— Andar de bicicleta. — Digo.

— Você não sabe andar de bicicleta?! — Perguntou como se fosse um absurdo e ligou a batedeira.

— Não. — Respondo. — Meu pai não teve paciência para me ensinar. — Conto.

— Quantos anos você tem?

— 25.

— E não sabe andar de bicicleta?

— Você tem 26 e não sabe fazer um simples bolo. — Retruco.

— Andar de bicicleta é mais fácil do que fazer bolo. — Falou.

— Não é não!

— Só diz isso porque não sabe. — Falou e eu revirei os olhos, fechando a cara. — Vamos fazer assim... como você está fazendo esse favor de me ensinar a fazer bolo, vou retribuir te ensinando a andar de bicicleta.

— Eu não quero.

— Quer sim. — Disse e desligou a batedeira. — Agora vê se tá bom. — Falou e sujou o dedo com a massa do bolo, colocando na minha frente.

Ignoro e pego uma colher sobre a mesa, a sujando com um pouco da massa e levando até a minha boca. Philippe deu de ombros e colocou o dedo na própria boca, experimentando.

— Está bom. — Digo. — Você colocou fermento?

— Sim.

— Ok. Agora é só colocar na forma e levar para o forno. — Falo e ele balança a cabeça, começando a preparar a forma com as minhas instruções.

[…]

— Você não disse que colocou fermento? — Pergunto olhando para o bolo de Philippe, que estava mais fino que o meu dedo.

— Disse.

— E então...?

— Acho que me enganei. — Falou e eu o olhei, vendo ele encarar o bolo.

Rio e coloco a mão na boca, chamando a atenção dele.

— Desculpa. — Peço.

— Está rindo do meu bolo, Natalya?! — Perguntou indignado e então eu ri mais. — Ele não está tão feio assim!

— Ele está. — Falo. — Mas tudo bem, na hora que você colocar o recheio vai ficar melhor. — Digo tentando melhorar a situação.

— Poxa. — Disse baixo. — Coitado do meu bolo. — Falou e eu tive que colocar a mão na boca novamente, me afastando para rir. — Natalya!

— Desculpa, não consigo! — Digo ainda rindo.

**
muito fofos, não aguento

Twitter ━━ Philippe CoutinhoOnde histórias criam vida. Descubra agora