dezenove

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PHILIPPE

— Achei que tivesse dito que não tinha ninguém. — Falo, pegando o meu pão e dando uma mordida no mesmo, olhando para Natalya.

Minha mãe fez um ótimo trabalho em nos deixar sem graça, mas eu não ficava vermelho, diferente dela. Estava parecendo um tomate.

— Eu não tenho. — Afirmou novamente. — Não é o meu "namoradinho", é só um amigo meu que... nunca vi. — Falou.

— Não sabia que curtia essa coisa de amizade virtual. — Brinco, mesmo eu estando na mesma situação.

Ela pareceu ficar ainda mais vermelha. Só não entendi se foi de vergonha ou raiva, já que ela fechou a cara.

— Você não sabe muita coisa sobre mim. — Disse e se levantou, pegando o celular. — Tenho que ir. Muito obrigada pelo lanche, dona Esmeralda.

— Você nem tocou nele, querida. — Ela falou. — Fica mais um pouco.

— Não dá, eu... — Natalya começou e nós a olhamos, esperando por algo. — Combinei uma coisa com a minha mãe. — Completou um pouco baixo.

Era óbvio que ela estava mentindo, mas minha mãe e eu fingimos acreditar. Ela deu um meio sorriso e acenou com a mão, caminhando até a saída.

Sinto um tapa em minha cabeça e olho indignado para a minha mãe.

— De graça?! — Perguntou.

Ela nem me respondeu, apenas apontou para a saída e levantou as sobrancelhas. Suspirei e me levantei da cadeira, saindo para encontrar Natalya.

— Naty! — Chamo, dando uma corridinha para a alcançar e segurando de leve no braço da mesma. — Eu só estava brincando, você sabe, não é?

— Sei. — Murmurou e se afastou.

— É que pareceu que ficou chateada, então...

— Não, eu não fiquei. — Me interrompeu e voltou a andar.

Revirei os olhos e a acompanhei.

— Você não sabe mentir. — Digo. — Desculpa. Não precisa ficar brava comigo por conta daquilo.

— Eu não estou brava, só quero ir pra minha casa. Posso? — Perguntou, parando de andar.

— Não posso nem te fazer companhia até lá? — Pergunto.

— Não. — Respondeu e voltou a andar.

[…]

Entro em casa resmungando e encontro a minha mãe sentada no sofá, olhando para as unhas.

— E a Naty? — Perguntou.

— Sei lá. — Respondo. — Acho que ela ficou brava comigo. A senhora também, hein?!

— Eu?!

— É, pra que falar dessas coisas de "namoradinho"? — Pergunto. — É vergonhoso!

— Só achei que seria importante vocês dois saberem sobre isso. — Falou. — Não é uma coincidência vocês dois estarem interessados por pessoas "desconhecidas" na internet?

— É super normal! — Falo.

— Você acha? — Perguntou e eu levantei as sobrancelhas. — Então tá bom... — Disse e deu de ombros, voltando a atenção para as unhas. — Eu acho uma bela de uma coincidência.

*
NATALYA

p_algumacoisa
eu gosto de você.
não sei como te ajudar com isso de você se sentir insuficiente, mas eu gostaria muito que isso não te impedisse de me conhecer.

você não conquistou minha atenção e o meu carinho por você por aparência ou sei lá, mas sim pelas nossas conversas. sei que você é uma pessoa incríveil!

qual é, começamos a nos falar conversando sobre a mistura de batata frita com sorvete. acho que merecemos nos encontrar e comer batata frita e sorvete juntos...

*

— Pãozinho! — Minha mãe falou quando entrei em casa. — Que bom que chegou, estávamos comemorando uma conquista da sua irmã.

— É mesmo? — Murmuro, fechando a porta atrás de mim e me encostando na mesma. — O que a nossa querida Nayara conquistou dessa vez?

— Não gosto do tom de ironia que está usando. — Nayara falou e eu dei um sorrisinho falso para ela. — Consegui um emprego!

— Ah. — Digo. — Eu achei que era outro homem pra te bancar. — Falo e me afasto da porta, caminhando para a cozinha.

— Não é porque eu arrumei um emprego que eu não quero mais um namorado. — Falou. — Pior é você que não tem nenhum dos dois.

— Uhum. — Murmuro outra vez e abro a geladeira, pegando a jarra de água.

— Vocês duas não podem ficar um minuto sem soltar farpas? — Minha mãe perguntou.

— Não. — Nayara respondeu. — Mãe, você não vê como ela é invejosa? Nem ficou feliz por mim.

Revirei os olhos com força.

— Nayara, não começa! — Mamãe disse.

— Sempre tem que defender ela, não é?

— Tá carente hoje, Nayara? — Pergunto e ouço ela resmungar alguma coisa, saindo do cômodo batendo o pé.

Rio.

— Natalya...

— Só estava brincando, mamãe. — Digo e passo por ela, deixando um beijo em sua cabeça e saindo para o meu quarto.

*

natcomy
🥺🥺🥺
eu também acho que merecemos comer batata frita com sorvete juntos.

p_algumacoisa
então, nat com y, você quer sair comigo?

natcomy
sim, p alguma coisa, quero sair com você. :)

**
arranjar alguém p comer batata frita com sorvete comigo

Twitter ━━ Philippe CoutinhoOnde histórias criam vida. Descubra agora