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Por favor não me matem 😭😭, a faculdade voltou e tô atolada em trabalhos e textos pra ler. Sem enrolação, vamos ao capítulo😊.


Estávamos prontos antes mesmo do primeiro raio de sol beijar o céu cinzento, a atmosfera pareceu querer acompanhar o turbilhão de emoções que percorriam meu corpo, o vento estava frio, nuvens espessas pairavam sob nossas cabeças e o silêncio era ensurdecedor; como se toda a vida tivesse parado e permitido que apenas nós existíssemos. Uraraka trouxe uma bolsinha repleta de ervas medicinais e unguentos, ouvi atentamente a explicação de cada um e para que serviam. Quando terminou, pousou a mão livre sob meu ombro e respirou fundo, eu podia não conseguir mais farejar a mudança hormonal das emoções, mas pude ver em seu olhar o quanto ela estava tentando segurar o choro.

- Eu vou voltar. – Falei numa tentativa vaga de acalmá-la.

- Nunca vi a floresta tão quieta desse jeito, não tenho um bom pressentimento, Deku... – A voz embargada trouxe as lágrimas reprimidas e o aperto em meu ombro aumentou. – Dessa vez é diferente, você tá diferente.

- Ninguém conhece essa mata melhor que eu, Hela me aguarda e preciso acha-lo. – Peguei sua mão com delicadeza e a segurei enquanto tentava manter minha voz firme. – Eu o coloquei nessa confusão, preciso consertar as coisas, prometo que vou voltar.

Abracei-a com força e senti suas lágrimas molharem meu casaco, beijei o topo de sua cabeça antes de guardar a bolsinha de remédios e me juntar ao grupo. Shin ficaria para me substituir como líder, ele me abraçou como se fosse a última vez que nos veríamos, retribuí com a mesma intensidade, afinal, tudo poderia acontecer. Shindo nos aguardava na entrada do clã, era um tanto difícil imaginar que aquela criança problemática havia se tornado um dos seres mais poderosos do mundo, ele me olhava em respeito e nos cumprimentamos do modo antigo, como líderes faziam.

- Muito obrigado, os lobos estarão em eterna dívida com as raposas. – Falei tentando soar com o antigo eu.

- Um humano que fala como alfa. – Shindo sorriu de canto enquanto me analisava. – Um dia cobrarei a dívida, mas por enquanto concentre-se em sua missão. – Ele estendeu a mão e bagunçou meu cabelos. – Boa sorte, Coelhinho.

Bufei diante daquele apelido ridículo, o ganhei quando passei uma semana inteira tentando capturar o mesmo coelho diversas vezes, caçar criaturas pequenas não era meu forte. Respirei fundo e olhei para Toshinori, deixei que o restante do grupo se despedissem e então nossa jornada começou.

***

1º dia:

Caminhamos por trechos difíceis, encostas íngremes, solo barroso e galhos retorcidos dificultavam o trajeto. Minha forma humana mostrou-se completamente inútil em alguns momentos, como quando precisei ser carregado nas costas quando foi preciso subir uma encosta, ou quando fiquei preso no barro, ou quando não consegui quebrar os galhos que me separaram do grupo. Era frustrante.

Não encontramos nenhum dos metamorfos pelo caminho, mas algo me dizia que não estavam tão longe. Além disso, a sensação de estar sendo seguido fazia meu corpo entrar em estado de alerta, as sensações e reações manifestavam-se de uma maneira diferente, antes era apenas um leve eriçar de pelos na nuca, mas agora era mais... intenso. Meu estômago pesava, todos os pelos do meu corpo eriçavam, sentia um comichão na pele e um calafrio nos ombros.

2º dia:

Um metamorfo com aparência semelhante a de um cachorro nos atacou enquanto estávamos lendo o mapa, não consegui fazer nada além de me esconder e assistir enquanto todos lutavam contra aquela besta malformada. A sensação de estar sendo observado aumentou quando vi um vulto passar por entre as árvores enquanto todos estavam distraídos com o monstro, o que poderia ser aquilo?

Não poder fazer nada enquanto outros lutam bem na sua frente foi uma das piores sensações de inutilidade que já havia sentido, mesmo que fosse um metamorfo de classe baixa, era notável o divertimento no olhar dos outros quando conseguiram derrotar o cachorro. O grupo estava mais alerta depois de ter sido pego desprevenido, por sorte nenhuma daquelas bestas voltou a aparecer, montamos acampamento e a primeira ronda foi minha.

O clima tenebroso continuava a assolar a floresta, estava tão nublado que a luz do luar não conseguia nos alcançar, não ter visão noturna era um saco, como os humanos conseguiam? Não sentir o que está por vir, não ouvir quando estão se aproximando, não ver no escuro, não ter força e reflexos limitados... humanidade era um fardo difícil de aguentar.

3º dia:

Duas bestas nos atacaram ao mesmo tempo durante um trajeto "tranquilo", não estávamos tão despreparados dessa vez, uma raposa conseguiu farejar o inimigo segundos antes do ataque. Não me senti tão inútil daquela vez, um dos metamorfos estava encurralando uma raposa, então peguei o primeiro pedaço de madeira que vi pela frente e pulei nas costas daquele bicho. Investi contra ele usando o pedaço de madeira, o que causou uma reação de dor e fui jogado para trás com força, tinha acertado o olho daquilo.

Sentir a adrenalina da batalha novamente foi como uma explosão de oxitocina no meu organismo mundano, fiquei entorpecido pela descarga repentina de adrenalina no sangue. Yagi me arrastou para fora do campo de batalha e me olhou com aqueles olhos azuis gélidos, sabia que levaria um esporro por ter me colocado em risco daquele jeito, mas um membro do clã Vulpe estava em perigo e não poderia deixar que a besta o machucasse.

4º dia:

Estávamos próximos do local, as criaturas metamorfas de maior nível conseguiram nos colocar numa emboscada, eram 5 bestas horrendas e fedidas. Elas sabiam que eu era humano, já haviam decido o alvo antes mesmo de nos atacarem, correr naquela forma humanoide foi horrível; meus pulmões queimavam, minhas pernas queimavam, minha boca estava seca, o suor escorria por todas as partes do meu corpo e aquele animal bestial não cansava de tentar me agarrar com a boca podre e cheia de dentes afiados.

Avistei um emaranhado de troncos retorcidos e uma fissura larga o suficiente para que eu conseguisse entrar, forcei meu corpo a correr o mais rápido possível em direção ao meu último movimento de sobrevivência, aquela era minha única chance. Conseguia sentir o chão tremer quando a criatura pegava impulso para continuar sua perseguição contra mim, pulei em direção a abertura e senti a força no vento passar pelas minhas costas quando o metamorfo quase abriu minhas costas com as garras afiadas.

Ele investiu contra a entrada daquela caverna de troncos e galhos, mas as árvores da floresta negra eram difíceis de serem quebradas. Outra investida mais violenta e ouvi algo rachar, eu estava tão perto e tão longe ao mesmo tempo de conseguir recuperar meu Katsuki. Por que eu tive que trazê-lo para esse inferno? Por que não consegui deixa-lo quando tive a chance? Por que não matei aquela desgraçada quando a vi no beco? Por que voltei? Por que... por que... por que...

Um urro escapou da minha garganta, toda a frustração e sentimentos acumulados explodiram e deixei que escapassem. As investidas cessaram quase instantaneamente, meu coração acelerado fazia meu sangue borbulhar e meu corpo vibrar pela adrenalina, precisava sair dali e reencontrar o grupo, juntei todas as forças restantes em mim e saí em disparada pela entrada. Corri por alguns minutos, mas parei ao perceber que não havia mais nada me perseguindo, na verdade, o exterior havia mudado. Nada de árvores, galhos retorcidos, pedras afiadas e... um calafrio percorreu meu corpo quando algo quente soprou minha nuca.

- Olá mais uma vez jovem alfa. – A voz melodiosa e suave invadiu minha audição. – Está aqui por causa do lofniano?

- Sabe onde ele está? – Virei para encará-la, mas havia desaparecido.

- Claro que sei, mas não é por isso que você está aqui, não é? – Do que ela estava falando?

- O que mais poderia ser? Me diga onde Katsuki está. – Virei novamente em direção ao som de sua voz e não a encontrei de novo.

- Ah sim, você está fadado a não lembrar. – Senti um dedo gélido tocar minha têmpora direita e uma dor dilacerante invadiu minha cabeça. – Diga-me Fenrir, qual será sua escolha dessa vez?

Hihihi, tamo no final da fic. Não sei se fico feliz por estar terminado ou triste por estar, justamente, terminando kkkkkkk mas é isso lobinhos, prometo não demorar séculos pra postar novamente 😘🐺

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