Eu corri sem rumo, só queria me distanciar de tudo e todos, escondi as garras embaixo dos braços e cerrei a boca com força para disfarçar as presas, eu sabia que a transformação estaria completa dentro de alguns instantes. Comecei a virar aleatoriamente nas esquinas, esquerda, esquerda, direita, esquerda, direita, direita... Senti meu corpo se chocar contra algo firme.
- Mas que porr... – Vejo um menino lindo parado em minha frente, seus cabelos são estranhos, metade ruivo e metade branco, seus olhos me encantam mais, um castanho e um azul, heterocromia era sinal de sorte na minha terra natal. Passo um bom tempo admirando seu rosto até que ele pigarreia e olho em seus olhos bicolores.
- Você está bem? – Ele pergunta, cerro mais a boca e escondo mais as mãos, apenas aceno com a cabeça concordando. – Tem certeza? Não machucou? – Eu que deveria estar fazendo essa pergunta, a pancada foi forte, só então percebo que foram duas perguntas, sinto meus olhos esquentarem e baixo a cabeça rapidamente.
- Estou bem, desculpe. – Falo direcionado ao chão e antes que ele possa falar mais alguma coisa, saio apressado.
Essa foi por pouco. Encontro um beco escuro e fico por lá tentando controlar o lobo. Soarele, luna, adevărul, soarele, luna, adevărul, soarele, luna, adevărul... Repito mentalmente até conseguir sentir os sintomas irem embora. Mas que porra, se eu for ter que dividir apartamento com aquele cara, tenho que aprender a controlar isso, nunca tenho paz nessa merda. Demoro um pouco para achar o caminho de casa, tive que me basear pelo cheiro, me perdi um pouco quando tive que andar de metrô, uma experiência estranha e claustrofóbica. Depois de ter pego dois ônibus errados e andado oito quarteirões, finalmente cheguei em casa. No momento que abro a porta sou recebido por um Bakugo só de calça moletom e um avental de cozinha, fico estático na soleira da porta.
- Cinderela voltou para casa? – Ele perguntou sarcástico me fitando de cima a baixo. Pigarreio antes de falar e pisco algumas vezes.
- Me perdi. – Tento parecer o mais Midorya possível.
- Da próxima vez que for virar bicho, me avisa que te escondo.
Fiquei atônito com essa declaração, então não tinha sido um sonho, mas... como? A carne ainda estava no congelador, ele não tinha um arranhão e o mais importante... ele ainda estava aqui? Por quê? Ele deve ter percebido minha confusão e se explicou.
- O que foi? – Suspirou pesado antes de prosseguir. – Olha, Izuku... Eu sei que você sente alguma atração por mim, então quando for ficar excitado, me avisa que te escondo.
Dessa vez minha boca se abriu em surpresa e vergonha, senti meu rosto esquentar, muito... mas senti alívio, respirei fundo umas duas vezes e sorri de lado ainda olhando Katsuki nos olhos. O encarei por alguns longos segundo antes de falar algo, notei que ele tinha ficado nervoso, ouvi seu coração acelerar e senti o cheiro de seu suor aumentar, era doce, então era dali que vinha o cheiro doce.
- Graças a Fenrir. – Ele me olhou confuso. – É um deus antigo do meu país. Me desculpa Katsuki, mas eu não sinto nada por você – Seu coração errou uma batida, parece que não sou eu que nutro sentimentos aqui. – Eu saio correndo porque seu cheiro doce me deixa enjoado, por falar nisso, por que seu cheiro é doce?
- Tch. – Ele endireitou a postura e assumiu a carranca diária. – Não é da sua conta, nerd de bosta.
Essa era minha deixa, saí da entrada do apartamento e fui direto tomar um banho, enchi a banheira com água morna e deitei deixando a temperatura do banho relaxar meus músculos doloridos, respirei profundamente e recitei o mantra mais uma vez. Fechei os olhos e a imagem daquele menino do beco veio a minha cabeça, que gato! E que corpo firme, meu Fenrir! Balancei a cabeça para afastar a imagem daquele garoto e me concentrei no banho, olhei meu membro e tentei ouvir Bakugo, ele continuava na cozinha, depois de um dia estressante desse, uma rapidinha não faria mal.
Assim que comecei escutei batidas na porta, soltei um gemido de raiva e ignorei a presença dele, mas as batidas estavam me deixando louco, relutante me levantei da banheira, coloquei a água para escoar e envolvi minha pelve com uma toalha. Abri a porta com raiva e Bakugo congelou ao olhar mais embaixo, percebi que minha ereção estava bem aparente, limpei a garganta chamando sua atenção e repeti a mesma coisa que ele dissera para mim.
- Meus olhos estão aqui em cima. – Senti seu olhar de ódio queimar em contato com meu rosto, mas apenas sorri de lado e fui para o meu quarto, amanhã o dia seria bem longo, primeiro dia de aula.
Escolho uma calça de pijama qualquer e vou para debaixo dos lençóis, me aconchego de modo que consigo ver a lua pela janela do quarto, observei a pálida luz e pensei que meu bando estaria olhando a mesma luz branca, mas em outro lugar do mundo, são nessas horas que me arrependo de ter fugido. Porém, se não fosse embora, os caçadores os teriam achado e a profecia se realizaria. Permiti uma lágrima cair e levar embora esses pensamentos, pensei novamente no garoto lindo do beco e adormeci com sua imagem na cabeça.
Desculpem a demora, mas agora estou quase entrando no recesso, então tenho uma folguinha, o capítulo deve ter ficado meio pequeno, mas postei alguma coisa finalmente kkkkkkkk espero que gostem!