Uma semana havia se passado desde os últimos acontecimentos, fora instruído à população que ficasse em casa enquanto as forças armadas investigavam o motivo das explosões. Dois dias depois o telejornal local anunciou que um grupo terrorista tinha implantado bombas nos locais públicos mais frequentados da cidade, o intuito era protestar contra o tipo de governo atual do país, achei uma tremenda falta de noção, acabar com vidas inocentes só para chamar atenção dos representantes políticos. Os pontos afetados tinham sido o parque, o shopping, o mercado popular e queriam um terreno próximo a U.A, o objetivo era atingir os filhos das famílias mais ricas e influentes no momento, algumas apoiavam o governo e outras não. Me mudei pra esse fim de mundo justamente para ter paz, não esperava uma coisa assim, essa adrenalina toda não era boa para mim.
A semana com Bakugo foi normal, parecia que ele tinha esquecido de tudo que acontecera depois do atentado no parque. Naquela noite ele tinha acordado um pouco desnorteado e surtou quando me viu deitado ao seu lado na minha cama, recebi uma sequência de socos e empurrões, devolvi tudo com um sorriso, aquilo estava longe de me causar algum dano.
- QUE PORRA É ESSA? - Katsuki gritou em meu ouvido fazendo com que me assustasse e encolhesse um pouco pela dor.
Ele levantou rapidamente da cama se desvencilhando do meu abraço, ficou em pé me olhando com raiva. Logo ele cambaleou um pouco e colocou a mão na cabeça onde estava o ferimento, escutei ele resmungar alguma coisa incompreensível, voltou seu olhar raivoso para mim e bufou de raiva.
- Que merda seu idiota. - Ele perdeu o equilíbrio mais uma vez e levantei para impedí-lo de cair no chão. - Me solta seu porra! - Ele falou soltando seus braços das minhas mãos, dei um sorriso de lado e senti um soco na linha do maxilar.
Ele continuou me batendo e me empurrando para abrir passagem até a porta do meu quarto, um soco no estômago, um empurrão, um soco no queixo, um empurrão. Eu estava rindo com aquela cena toda, até que vi outro soco vindo na direção do meu olho, desviei e empurrei seu ombro só para provocar, funcionou. Ele se aproximava de mim com o rosto retorcido de raiva, mas saí da frente no último segundo fazendo com que Bakugo batesse de frente com a porta.
- Pode sair se quiser. - Me joguei na cama e deixei um espaço proposital ao meu lado. - Ou pode voltar pra cá. - Passei a mão sobre o lençol e o olhei inclinado a cabeça como um cachorrinho.
Katsuki saiu do quarto falando todos os palavrões que sabia, escutei até uns novos, fiquei no quarto olhando para o teto e rindo da reação explosiva dele.
Agora o loiro não olhava mais na minha cara, mal trocava duas palavras comigo. Em compensação, Todoroki mantinha contato, trocávamos mensagens todos os dias, algumas sobre o acontecido e muitas sobre nossa "relação", era engraçado falar tanta intimidade por telefone. O final de semana já estava acabando e nós iríamos retornar às aulas, era domingo e eu estava deitado no sofá assistindo um filme de terror. Era sobre um homem que morava numa casa grande, era rico e um lobisomem. Os efeitos eram medianos, a história era engraçada e não tinha nada a ver com a realidade, um cara que vira uma besta grande e peluda com sede de sangue. A sede de sangue até que era verdade, mas virar aquele bicho não aconteceria nunca.
Estava na metade da cena em que o lobisomem novo brigava com o lobisomem velho quando Katsuki sentou no canto do sofá, me ajeitei para que ele se acomodasse melhor. Voltei a prestar atenção no filme, mas a presença do loiro ali me distraía, fiquei viajando no seu aroma doce até que percebi que ele estava olhando para mim com uma expressão interrogativa.
- O quê? - Perguntei baixinho.
- Perguntei se posso pegar o controle.
- Ah, sim. - Entreguei o controle da tv e fiz menção de me retirar da sala.