Capitulo 51

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Vitória White

Meu sangue ferveu quando aquele cara desconhecido nos julgou, julgou a minha família, julgou as únicas pessoas que eu confio cegamente.

Henrique acabou de dizer que me ama, na frente da família e qual foi minha reação? Ficar parada, não o beijei, não o abracei, não sorri.

Achei que quando ele finalmente falasse aquelas três palavras, facilitaria tudo, achei que fosse ficar mais fácil, mas não ficou, parece até que havia piorado.

Sabendo que Rafael ainda estaria por aí, clamando por vingança, me deixou com um vazio no peito, não queria arrastar Henrique para a minha confusão, mas não queria afastá-lo mais uma vez.

- não precisa dizer nada - ele diz e eu percebo que ainda estava parada.

- desculpa - eu falo e corro para fora da casa, tenho um certo talento em fugir.

Paro no jardim, só para tirar o salto e continuar correndo até o meu carro, pego a minha Porsche, saio cantando pneu.

- merda - falo quando vejo Henrique entrando em seu carro, pronto para me seguir até o inferno, se for necessário.

Isso podia ser bom, mas eu queria me afastar de tudo, não significa que eu o queria por perto, até porque não queria.

Bom... pelo menos não naquele momento. Sempre soube que teria que expor os meus medos para Henrique, o que não significa que eu esteja preparada para um salto no escuro.

Esse tempo todo quis poder, hoje eu tenho isso, tenho poder, sou conhecida internacionalmente, falo 4 línguas, sou bilionária, mesmo assim os medos do meu passado ainda me afetam.

Incrível, achei que tivesse superado, mas essa porra estava escondida em algum lugar do meu cérebro, agora estou fugindo de um sentimento que não consigo entender, achei que amava Rafael durante muito tempo, mas nada se compara ao que sinto em relação a Henrique, MAS PORQUE EU CONTINUO FUGINDO?

Não podia voltar para casa, furei muitos sinais vermelhos, Henrique os furava junto comigo, ele sumiu do próprio aniversário, eu preciso voltar, caso contrário ele não vai voltar.

Meu cérebro disse para voltar, mas minhas mãos não rodaram o volante no retorno, fiz pior, decidi ir para um lugar aonde eu sempre frequentava, primeiro teria que despistar Henrique, puxei o freio e dei o famoso cavalo de pau, segurei o freio de mão e o carro girou na pista, a Porsche preta passou direto.

Henrique já não me seguia mais, parei meu carro de frente para um rio congelado, me abracei e me arrependi de ter deixado meu sobretudo na casa dos Mendonça.

Minha respiração ficou escassa, lágrimas brotavam no canto dos meus olhos, definitivamente não gosto de lembrar do meu passado.

Ouvi um ronco de um motor, conheço muito bem o som do meu carro, como Londres é muito segura descartei logo a possibilidade de ser algum roubo, abaixei a cabeça e suspirei.

Henrique enfim teria me encontrado, não sei se conseguiria fugir dali, não sei se ele me deixaria fugir.

- achou mesmo que poderia fugir de mim? - Henrique falou e logo depois bateu a porta com força.

Não respondi, apenas olhei para o céu estrelado, segundos se passaram até que eu senti um sobretudo ser colocado em meus ombros, ele emanava o perfume usado por Henrique e o seu calor.

- não quero te pressionar... - o interrompi.

- eu não estou pronta, sinto que está tudo sendo muito rápido - disse ainda sem olhar em seu rosto.

Acaso perigoso - livro 1 da série: Os MendonçaOnde histórias criam vida. Descubra agora