O número de dobradores diminuiu, a cada geração o número cai absurdamente.
O último avatar era do reino da terra, ele desapareceu antes de completar 18 anos. E faz anos que não se tem conhecimento de um novo. Muitos dizem que o ciclo acabou, outros afirmam que não existe necessidade de um novo. A tecnologia tomou grandes proporções, e o mundo está em paz.
Eu me chamo Mira, sou filha de um metalúrgico, vivo com meu pai, minha madrasta e meus dois meios-irmãos na periferia de Republic City. Não temos muito dinheiro, mas por alguma razão eu frequento a melhor escola de elite da cidade. Meu pai diz que meu avô materno, trabalhou nessa escola e por isso eu tenho direito a bolsa de estudos. Nessa escola existe uma turma especial formada por dobradores. Não importa qual era a sua vida antes, se alguém da sua família é um dobrador, automaticamente você tem acesso a elite. Por causa da escassez de dobradores, eles se tornaram muito valorizados.
Hoje é meu aniversário, faço 14 anos. Meu pai nunca se lembra e minha madrasta não se importa. A única coisa que quero fazer hoje é ir para a escola, apesar de tudo. Hina havia me prometido um bolo!
Hina é minha única amiga. Desde que salvei das implicâncias dos nossos colegas, me tornando o alvo principal. Eles trocaram a nerd pela pobre. Ela acha que sempre deve me compensar por causa disso.
— Feliz aniversário! – Ela me diz alegremente enquanto se aproxima com um bolo de morango.
Hina sabe como eu amo morango!
O pai de Hina é o dono da maior fábrica de doces da cidade, por isso ela consegue tudo tão facilmente. Meu pai nunca poderia comprar um bolo assim para mim.
A chama reflete nos meus olhos. Os olhos dourados característica marcante da nação do fogo, iguais a do meu pai.
—Agora assopre as velas!
A chama se extingue com um sopro. A vela solitária trêmula, antes da fumaça surgir.
— O que as perdedoras estão comemorando? – Uma voz conhecida diz ao longe.
Reconheço a voz automaticamente, é Suki, a garota que se acha a rainha da escola, porque é bisneta de Sokka, uma pessoa muito importante na nossa história. Sua irmã gêmea é uma dobradora, e por causa da frustração de não ser, ela descontava em todos a sua volta.
Ela se aproxima. Podemos ouvir o impacto do seu salto no chão de linóleo do refeitório.
— Quem deu permissão?
— Permissão de quê? – Eu digo firmemente.
Eu decidi revidar tudo o que fazem comigo, sou muito explosiva e tenho me contido desde a última vez que levei uma suspensão.
— A pobrezinha sabe falar. – Ela falou com desdém.
— Sei bater também, quer ver? — Disse com raiva.
— Você também está mostrando suas garrinhas.
— Vamos, embora Mira. – Disse Hina.
— Sim, vão embora, perdedoras!
Foi nessa hora que eu não aguentei, peguei o bolo e joguei na cara de Suki. Mas logo eu me arrependi. Eu desperdicei o presente de Hina.
— Você vai pagar por isso! — Ela dizia aos berros.
Seu cabelo castanho estava impregnado de chantili e os olhos verdes, característico do reino da terra, estavam escondidos sobre a massa.
Hina me puxou e rapidamente saímos da confusão que se formava ao redor de Suki.
Ao andar pelos corredores vazios, íamos em direção a nossa sala de aula. Hoje seria aula de História.
— Mira, você é doida. Você sabe que ninguém faz isso com ela e sai impune. Lembra-se da Kaya? Ela foi obrigada a sair da escola, por causa da família da Suki.
— Sim, não precisa me lembrar. Eu não consegui me controlar!
A família de Suki era uma das mais importantes do mundo. Seu Bisavô junto com o Avatar Aang e outras figuras importantes da nossa história fundaram a cidade e mudaram o mundo. Eu nunca poderia me opor a ela.
Fomos a primeiras a entrar na sala de aula. Jing era nossa professora de história, ela se parecia com uma avó gentil, mas era tão focada e rígida, que dava a impressão que ela trabalhava para o exército.
— Hoje teremos uma revisão para a prova da próxima aula! Avatar Aang e a guerra dos Cem anos.
Todo mundo sabia como foi a guerra dos cem anos, mas do jeito que a professora explicava todo o meu conhecimento sobre o assunto parecia leigo.
A aula acabou rapidamente. Minha próxima aula era Educação física e a de Hina matemática, teríamos que nos separar.
A aula de hoje seria na piscina, e eu odiava aulas na piscina, eu não sabia nadar e a piscina tinha mais de três metros de profundidade. Provavelmente eu passaria vergonha.
Aproximei-me da piscina da ala leste, como estava no meu horário, mas havia um aviso.
Em manutenção, aula transferida para a ala oeste.
Eu achei estranho, a ala oeste era uma área quase totalmente destinada ao dobradores, mas como eu já estava atrasada resolvi ir mesmo assim.
Demorei cinco minutos para chegar lá, a porta estava encostada. Assim eu entrei. Tudo estava escuro, eu achei que a turma inteira estaria aqui. De repente sinto uma pressão nas minhas costas. Sou empurrada com força no meio da escuridão. Tropeço e caio.
Sinto a água ao meu redor, uma luminosidade está em cima de mim. Com dificuldade e me debatendo muito, consigo enxergar por uma questão de segundos, Suki e um grupo de pessoas rindo. Afundo novamente, não consigo chegar à margem. A água começa a entrar pelo o meu nariz, não consigo mais segurar a respiração. Não tenho forças nem para entrar em desespero. Desisto de tentar lutar. O melhor é aceitar que minha vida acabou.
Acho que morri, estou em um lugar claro, e várias pessoas estão olhando para mim. Pessoas que eu já vi em vários livros de história, consigo identificar o Avatar Aang e a Avatar Korra. Eles me encaram.
— Mira?! – Alguém muito longe chama.
O lugar escurece e eu consigo enxergar uma mulher me sacudindo. Não consigo identificar todas as formas, mas a mulher me leva com facilidade. Estamos subindo degraus, mas eu não me lembro de ter descido nenhuma escada.
— Mira, acorde!
Mas eu estou acordada! Tento dizer para a mulher, mas minha boca não se move!
Quando o lugar fica claro novamente, eu noto onde eu estou. Eu me lembro do que aconteceu e uma fúria que eu nunca havia sentido antes me situa novamente no mundo.
— Mira! — Agora eu consigo reconhecer outra voz.
— Hina? – Eu digo com dificuldade. Minha garganta está doendo.
— Relaxe, Mira – A mulher diz.
Eu finalmente a reconheci. Ela é uma professora especial. Uma dobradora de água.
— Eu preciso que você relaxe! – Ela diz com mais firmeza.
E de repente eu resolvo fazer o que ela pede. A fúria momentânea que eu estava sentido se esvai no ritmo da minha respiração.
Finalmente eu noto toda a água que está no teto. A piscina havia se esvaziado. Algum dobrador deve ter me salvado.
Mas quando eu olho para a grande concentração de água no teto, eu noto a minha ligação com ela. E como se eu estivesse aberto uma torneira e eu conseguisse controlar a pressão dela. O que me desesperou. Toda a água que havia no teto despencou molhando todas as pessoas que estavam me observando.
A mulher nota minha preocupação.
— Você é uma dobradora de água! – Ela me diz como se estivesse me consolando.
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Avatar - A lenda de Mira ( Repostando)
AdventureO mundo não é mais o mesmo. O número de dobradores está caindo a cada geração. O mundo está em paz. A tecnologia evoluiu muito e os dobradores não são mais necessários. Mas quanto mais raros eles ficam, mais poderosos e influentes eles são. O últi...