Iroh
Eu tenho segredos, isso não é novidade. A grande questão é que meus segredos de alguma forma refletem o que eu sou. Eu minto a todos a minha volta. Todos acham que eu sou um simples metalúrgico, pobre e sem devida instrução. E é nisso que eu me agarro.
Sou um prisioneiro, nesse momento. Mas, creio que minha condição esta prestes a mudar. Dois guardas se aproximam e pedem que eu me levante. Kento olha desconfiado. O chefe da polícia nunca esteve tão vulnerável.
— Senhor Iroh, você pode ir agora.
Eu olho para Kento.
— E ele? – Eu pergunto.
— Ele continuará aqui, até nos dizer o que precisamos.
Meu improvável amigo apenas acena, e pede que eu vá.
— Não se preocupe, Chefe Beifong, você é o próximo. - Me despeço
Sou libertado sem nenhuma explicação. E isso me deixa preocupado. Eles a encontraram? É a única coisa que passa pela a minha mente. Não, isso demoraria.
Deixo o prédio sem um destino exato. Não acho que a casa cedida pelo governo é um bom local, muito menos a minha casa na cidade da fuligem.
Enquanto penso, vago sem destino. Tentando observar o que acontece nessa cidade caótica. É dia ainda, mas não tenho noção de horas. As pessoas a minha volta se movem de cabeça baixa, elas sabem que alguma coisa aconteceu.
Paro em frente a uma loja de eletrônicos, todas as televisões estão estáticas. A banca de jornal também não abriu. Suspiro e coço a cabeça. Para onde eu devo ir?
Penso em ir para um hospital. Minha perna está doendo. Creio que não está quebrada, mas não conseguirei ir muito longe com ela desse jeito. Ando em passos vagarosos para o lugar mais caótico de Republic City.
Eu deveria saber que depois de tudo o que aconteceu, minha perna seria o menor dos problemas.
O grande Hospital, que um dia já foi referência em ortopedia está lotado. Há pessoas em todos os lugares. Em macas improvisadas no chão, em cadeiras de rodas espalhadas até no estacionamento. Todas feridas e abaladas. Um cheiro acre pesteia o lugar.
Vários enfermeiros passam correndo por mim, eles carregam bandagens e ataduras de um lado para o outro. E se agacham em frente às macas e trocam os curativos dos pacientes. Me sinto culpado. Minha perna luxada não é nada perto daquilo. Estou pronto para ir embora, quando me dou de frente com uma figura conhecida.
Trombo nele sem querer.
— Senhor Iroh? – Ele me reconhece.
Tento puxar da memória aquele rosto conhecido. Da onde eu conheço esse senhor?
Ele é velho. Seu cabelo é cheio, porém é branco como algodão, as marcas da idade estão presentes em todo o seu rosto e seus olhos são azuis.
— Sou Toht. Não sei se o senhor lembra-se de mim.
Ele estende a mão em minha direção.
Faço uma cara de dúvida, mas, retribuo seu cumprimento.
— Eu sou médico. O senhor me chamou para atender a sua filha, ano passado.
Ah, sim. Eu me lembro. Quando a Mira ficou queimando de febre, ele a ajudou.
— O senhor se lembra disso?
— Claro, não tem como esquecer, ela é uma pessoa especial.
Então ele sabia.
— Podemos conversar?
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Avatar - A lenda de Mira ( Repostando)
AdventureO mundo não é mais o mesmo. O número de dobradores está caindo a cada geração. O mundo está em paz. A tecnologia evoluiu muito e os dobradores não são mais necessários. Mas quanto mais raros eles ficam, mais poderosos e influentes eles são. O últi...