Livro 4 -Fogo : Capítulo 16 - Um velho conhecido

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Mira

Eu respiro fundo e tento assimilar o que estava acontecendo. Olho para a Suni e com o olhar eu peço para ela tentar de novo.

— Não há mais ninguém aqui. – Ela para no momento em que ia dizer : Pelo menos ninguém vivo.

Meu coração se aperta. Eu não vou conseguir sobreviver a mais uma perda. A mais uma tragédia que aconteceu por minha culpa. Por que eu não ajudei? Aquilo martela no fundo da minha alma. É uma culpa que me persegue desde a morte da Hina, e que agora vai me destruir.

As lágrimas que estavam se formando desde antes, agora caem pelo meu rosto.

Não consigo ver o que acontece em volta. Eu apenas ouço a comoção, a surpresa daquelas pessoas. Mas, nada daquilo importa.

Eu me ajoelho no chão e aperto minhas unhas nas palmas das mãos. Eu não estou conseguindo suportar a dor que só aumenta.

Eu sinto a mão de Suni no meu ombro.

— Mira?

Eu a ouço chamar, mas eu não tenho coragem de olhar para ela.

— Mira. – Ela me chama de novo.

Dessa vez ela me chacoalha.

— Olhe de uma vez!

Eu levanto minha cabeça e eu o vejo.

Suas roupas estão quase destruídas, e seu cabelo está negro pelas cinzas. Porém ele caminha entre os escombros.

— Como? – Eu pergunto.

Ele anda devagar e segura uma bola peluda e negra em seus braços.

Eu me levanto rapidamente e corro em sua direção.

Eu o abraço com força.

— Quanto tempo se passou? – Ele me pergunta.

— Seu idiota! – Eu respondo – Você é a pessoa mais burra que eu conheço!

Eu o solto e vejo que a bola de pelo ficou entre nós.

— Eu precisava busca-lo.

Era um gatilo. Uma coisa pequena e peluda.

— Ele estava preso em um dos armários dos fundos. Não tinha tanta fumaça lá, então eu consegui aguentar. Acho que bati o meu recorde.

Ver ele falando com tamanha tranquilidade me faz ficar com raiva.

Eu bato algumas vezes no seu ombro.

— Idiota. – Eu continuo a dizer.

Ouço uma salva de aplausos. Nós olhamos para trás e vemos todos a nossa volta nos aplaudindo.

— Isso é incrível. – Eu ouço Meelo dizer.—Mas, também um grande problema.

Problemas, sim. Mas naquele momento nós conseguimos salvar algumas pessoas, e aquilo foi suficiente para ignorarmos o que estava prestes a acontecer.

Riku entregou o animal para a garotinha que ele havia salvo anteriormente. Ela o agradeceu, mas ele ignorou.

— Da próxima vez não esqueça o seu amigo. – Ele disse como um sermão.

Fomos para a casa do velho. A tempestade foi diminuindo ao longo da madrugada, assim de manhã, exceto pela destruição causada, não havia nenhum sinal dela.

Dormimos feito pedras, todos nós.

Não fomos para os nossos trabalhos. O velho mesmo preferiu ficar em casa o dia todo. Ele não disse nada a respeito do que havia acontecido.

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