Livro 3 -Terra : Capítulo 23 - Desastre

63 9 0
                                    


Riku

Estamos cercados, isso é óbvio. A nossa única saída está repleta de guardas, acho que é só questão de tempo para que o imbecil do Haru apareça.

Estou me contendo. Minha vontade é de explodir esse lugar. Fazer as minhas chamas lamberem o teto e as paredes e fazer todos desse lugar queimarem. Porém eu não faço. No fim algo moral me prende a essa situação. É quase como se eu estivesse sob o efeitos dos inibidores, porém, as vozes e a vontade não estão caladas, na verdade só está mais fácil ignora-las.

Sina está de prontidão, eu não consigo imaginar o que ele fez para chegar até aqui, não é do feitio dele usar os punhos para resolver os problemas, acho até que eu o contagiei com a minha loucura.

— Temos que encontrar outra saída. Eu acabei decorando todo o caminho ao vir para cá, há diversos corredores que podemos usar. – Diz Taey, o dobrador da escola de tecnologia.

Taey se mostrou muito inteligente, tão inteligente que chega a me irritar. Se bem que todos desse lugar estão me irritando.

Eu não falo, apenas aceno com a cabeça.

O primeiro grupo de soldados que avançam se afastam quando percebem a parede de fogo que eu criei, dois outros dobradores ajudam alimentando minha chamas. Tento não a manter erguida por muito tempo, só o suficiente para afastar os soldados. Taey me diz que o oxigênio daquele lugar pode ser limitado, e todo o meu esforço no fim só serviria para nos matar sem ar.

Vemos quando o vapor invade o corredor, tem dobradores de água aqui também, e eles estão tentando nos encurralar. Sei lidar com dobradores de água. No fim é só produzir mais chamas do que eles são capazes de apagar, mas não posso fazer isso. Me sinto frustrado, uma frustração que só aumenta conforme o tempo vai passando.

O Haru já está aqui. Posso ouvi-lo gritando ordem para alguém.

— Temos que fazer outro curto circuito. – Taey me diz.

Isso é fácil. Tento me acalmar. Eu preciso me concentrar. Sinto a eletricidade se formar nas pontas dos meus dedos.

— Você é louco? Não aponte isso para o chão. Há muita água. – Taey diz.

— Talvez eu seja! Mas, que porcaria você quer que eu faça?

Assim ele aponta para o teto.

Sigo sua ordem. As poucas luzes explodem a nossa frente.

Me movo bem no escuro. Posso ouvir a confusão dos nossos inimigos.

— Riku, temos que fazê-lo pensar que escapamos. Não dobre fogo, ele não pode nos ver.

Taey cochicha para outras pessoas que estavam conosco. E eu sinto uma brisa vibrando sobre as nossas cabeças.

O que acontece a seguir me deixa confuso. Aos poucos sou puxado para trás por uma corrente de ar. E erguido levemente, suficiente para não tocar o chão.

E isso me deixa ao ponto de explodir. É difícil ignorar as vozes agora. Se existe uma coisa que me irrita é usar dobra em mim sem permissão, e sabe o que me irrita mais é agir como um covarde.

Assim eu ataco com força. Faço tudo se iluminar com o meu fogo. Haru cai de costa quebrando a parede a trás dele.

— Riku! – Sina grita, mas já é tarde.

Eu já senti todos os tipos de sensações. Já senti medo, raiva, ódio, tristeza, alegria e até amor, mas o que eu senti dessa vez era novo. Era uma angustia, misturada com medo, com ódio e frio. Era uma sensação ruim, muito ruim. Era muito maior que a loucura que rondava a minha mente.

Avatar - A lenda de Mira ( Repostando)Onde histórias criam vida. Descubra agora