Livro 4 -Fogo : Capítulo 12 - Poder

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Haru

Abro e fecho minhas mãos, sinto os meus dedos e o estralos com força. Sinto o meu coração acelerar cada vez mais conforme o tempo vai passando. Isso é poder demais.

O corpo, ele reclama. Posso sentir o poder latejar por minha circulação. Ele é bruto e machuca, porém ainda é menor do que o do Avatar.

Kieran ainda está ao meu lado. Ele é um garoto esperto. Viu que estar perto de mim, era uma garantia contra o clã, e assim ele permaneceu.

— Posso ser o seu assistente? – Ele me pergunta.

— Tanto faz. – Eu respondo.

Porém sei que ter alguém ao meu lado nesse momento é crucial, ainda mais sendo um dobrador de metal.

Ele me ajudou a chegar em casa, e realmente parece interessado em me ajudar. E isso me acalenta um pouco.

Me sento em um das grandes poltronas da sala e tento relaxar. Preciso estar pronto para o próximo. Ao lado existe uma mesa, e eu pego as fotos que estão em cima dela.

— Mira. Onde você está? – Eu pergunto para mim mesmo.

É a foto da escola. Tirada ano passado. Quando ela ingressou para a turma de dobradores. Ela parece eufórica, como se finalmente ela tivesse descoberto seu lugar no mundo. Tenho fotos, do neto do Meelo, da garota dobradora de terra, filha do Mansur, e do Sina. Por algum motivo não consegui encontrar fotos recentes do Riku.

— Suni. – Kieran diz quando repara nas fotos em minhas mãos.

— Você a conhece? – Eu pergunto.

— Sim, ela era da minha turma.

Isso é interessante.

— E o que pode me contar sobre ela?

— Bem, ela é uma dobradora fenomenal. Uma das melhores que eu já conheci.

— Alguma informação relevante?

— Bem, eu não convivi tanto quanto eu gostaria. Fui levado no meu terceiro ano.

Eu suspiro.

— Mas, não acredito que ela seja uma das responsáveis por tudo o que aconteceu. – Ele me fala com convicção.

Eu não o culpo, ela realmente não foi uma das culpadas, nenhum deles. Eu mexo nas fotos.

Tudo foi minha culpa. Mas, ninguém precisa saber.

— Muitas coisas ainda não estão claras, porém ela estava lá. Todos eles estavam. E como você sabe, ela tem o poder para fazer isso.

Ele não retruca, nem diz nada.

Ficamos um tempo sem nos falar.

— Você não acha que precisa ir a um hospital? – Ele me diz ao olhar as linhas brancas que percorrem uma parte do meu braço.

— Não. Isso não tem cura. É apenas uma consequência do poder. Agora preciso descançar. E recuperar minhas forças.

Digo isso e me retiro. Me deito e apago.

Ouço gritos na maior parte do tempo. Como se todo aquele poder estivesse em agonia dentro de mim. Não consigo acordar. Meu corpo não se mexe.

— É barulhento, mas ainda é a única opção.

Sou acordado por uma luz que sai da janela.

Meu corpo doi, porém bem menos que antes. É suportável.

Avatar - A lenda de Mira ( Repostando)Onde histórias criam vida. Descubra agora