Mira
Desde que falamos com Jinta, ou qualquer que seja o nome daquele dobrador , estamos correndo sem parar. Minha respiração está desregulada, e eu estou quase ficando sem fôlego. Meu rosto está quente e sinto o suor escorrendo da minha testa. Suni não está em seu melhor momento, ela parou de deslizar pelo concreto e agora só corre, como eu.
É fácil correr com as ruas desertas, porém é difícil se esconder. Por isso corremos, indo de um ponto ao outro, e quando ouvimos qualquer movimento, corremos novamente.
— Mira, vamos parar. Eu não consigo mais. – Ela me diz rouca.
— Mas, falta pouco. Estamos quase lá.
Apesar da escuridão é possível ver de longe o mosteiro. Ele está no nosso horizonte, nos limites da cidade. Quando chegarmos lá, nos abrigaremos e falaremos com o Meelo.
— Eu não sei se consigo mais. Minhas pernas estão cedendo, e se alguém nos atacar eu não poderei fazer nada.
— Seu tio Jinta disse que iria nos dar cobertura. Por isso, vamos, chegando lá poderemos descansar.
Ela não pareceu muito convencida. Mas, continuou.
O mosteiro estava cada vez mais perto. Podiamos ver suas torres altas, seu portão de ferro e suas paredes de 100 anos de idade. Eu nunca havia parado para pensar nele, ele sempre foi apenas mais um prédio na vista. Mesmo se destacando entre os prédios mais novos , eu nunca parei para pensar no por que de haver um mosteiro no meio dessa cidade tão grande e movimentada.
A sirene tocou novamente e ouvimos um barulho constante de motor. Eles estão perto. Tento apertar o passo, mas não consigo, Suni está aterrorizada, ela está cansada e não consegue mais dar um passo sequer.
Eu tento reunir todo o meu fôlego e correr até ela. Pego o seu braço e a puxo para continuar.
— Continue Mira, me deixe aqui. Você terá mais chance sozinha.
Ouvir ela dizendo isso corta o meu coração.
— Eu prefiro morrer do que abandonar um amigo. – Eu digo com convicção.
Ela me encara e sorri.
— Que frase cafona Mira, viu isso é algum filme?
Ela ainda tem forças para fazer piada, mas eu falo sério, eu nunca abandonaria ninguém que eu goste, mesmo que isso custe a minha vida.
Eu me posiciono atrás dela, de frente para os faróis que se aproximam.
Não é um carro policial. Nem nada do gênero. Isso me alivia por um momento.
—Aarion? – Suni me diz me chamando a atenção.
— É ele sim! – Suni acena.
Quem é Aarion mesmo? Esse nome soa familiar.
O carro para na nossa frente.
O homem é da idade do meu pai. Seu cabelo é castanho claro e curto, seus olhos são familiares. Ele está usando uma bandana amarela que esconde a sua testa.
— Ele é um dos irmãos do Meelo. – Suni me diz aliviada.
— Irmão?
Ás vezes eu esqueço que o Meelo tem muitos irmãos. Mas, esse eu conheço de algum lugar.
O olhar do Aarion é intimidador, porém ele sorri.
— Precisam de carona? – Ele diz calmamente.

VOCÊ ESTÁ LENDO
Avatar - A lenda de Mira ( Repostando)
AventureO mundo não é mais o mesmo. O número de dobradores está caindo a cada geração. O mundo está em paz. A tecnologia evoluiu muito e os dobradores não são mais necessários. Mas quanto mais raros eles ficam, mais poderosos e influentes eles são. O últi...