Confia em Mim?

Parte 7

COMO TERMINOU A PARTE 6? CONFIRA O ÚLTIMO TRECHO.

 Segurei seu rosto, arrastei uma lágrima com o dedo e lhe beijei. Foi um beijo lento, queria poder sentir os seus lábios. Durou pouco tempo, porque eu precisava lhe fazer a última pergunta.

 – Preciso que antes de tudo, você me responda: confia em mim?

 Anne olhou para mim e balançou a cabeça. Percebi que ela ainda não estava totalmente preparada, mas queria tentar, precisava de uma chance.

Sei que uma pequena parte de mim está receosa, mas preciso seguir minha vida, e para isso tenho que depositar mais uma vez minha confiança em outra pessoa. 

Parte VII

Após Anne ir embora, recebi uma ligação de Raul, e acabei contando o que houve. Ele, como um bom amigo, falou que tudo daria certo e estava torcendo pelo meu melhor. Agradeci, mas deixei bem claro, que não havia nada concreto ainda.

Estou tentando acreditar que realmente ela veio na minha clínica e falou aquilo. Passamos um mês apenas dando bom dia e boa noite, nada mais que isso, e durante todo esse tempo, fiquei pensando que nunca teria uma nova chance, porém algo mudou.

Tenho noventa e nove por cento de certeza, que fora Carmem que falara aquilo para ela. Quando ela saiu da minha clínica naquele dia, pude notar determinação em seu olhar. E esperta como ela era, tão logo notou algo de diferente em Anne. Preciso lhe agradecer, assim que tudo der certo.

Acabei passando toda a noite acordado pensando em Anne, e, quando consegui fechar os olhos, era tarde da madrugada.

Acordei com o celular tocando embaixo do travesseiro. Tateei o local até encontrá-lo e atendi virando de costas.

– Alô?

– Cara, onde você está? – perguntou Raul, pude notar um pouco de raiva no peso da sua voz.

– Acabei de acordar.

– Você passou a noite bebendo? Por que não veio trabalhar ainda?

Passei a mão no rosto tentando impedir que meus olhos se fechassem novamente.

– Não. Só dormi muito tarde.

Houve um silêncio em sua voz. Depois Raul falou quase num sussurro.

– Acho melhor você levantar o traseiro da cama, e vir até a clínica. Alguém está vindo lhe fazer uma visitinha.

Sentei no mesmo momento.

– Quem está ai?

– Hum, quem mais seria? Anne a mulher dos seus sonhos, está subindo a calçada. Venha logo – e desligou.

Coloquei o celular de lado e levantei da cama indo em direção ao banheiro tomar um banho e tirar o cansaço que ainda persistia.

Dentro do carro, peguei a agenda e dei uma olhada nas consultas marcadas para hoje. Dois cães para consulta clínica, um para tosa – que eu jogaria para Raul – e um gato para troca de curativos. Bem, quase nada para apenas um horário. Rodei a chave e parti em direção a clínica. Alguém me esperava.

Parei o carro e pulei fora. Empurrei a porta e entrei. Dei de cara com Raul apoiado sobre o balcão e Anne sentada em um banco próximo a ele. Quando o sino tocou, ambos olharam para trás. Tentei parecer o mais tranquilo possível, mas era impossível, só de poder vê-la em minha frente, estava com o dia ganho. Desejei por isso durante cerca de quatro meses, e somente agora consegui. Naturalmente fui em direção a eles, coloquei minha maleta sobre o balcão.