Confia em Mim?

Parte 19

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- Victor.

- Oi - olhei para ela que caminhava na minha direção. Anne parou na minha frente e deu-me um beijo descendo sua mão pelo meu peito que já estava em chamas.

- Isso é um boa noite!

- Também acho - e fechei a porta atrás de mim. Encostei a testa na madeira e suspirei. O amor por essa mulher está incontrolável, pensei sozinho.

BOA LEITURA!

Parte 19

O som do motor rodando a hélice estava tirando o meu sono. Não estava mais acostumado a dormir com o barulho de uma ventilador girando ar quente de um lado para o outro. O quarto estava abafado, e mesmo sem o lençol, meu corpo estava pegando fogo. Eu podia sentir meus ouvidos com uma pressão maior. Eu não iria conseguir dormir, não dessa forma.

Sentei na cama e peguei o meu celular. Era um pouco mais de meia-noite e meia. Estava tarde. Olhei em direção ao aparelho preso a parede e o almadiçoei por um milênio. Por que justamente hoje ele decidiu me deixar na mão? Pensei no ar potente que tinha no meu quarto. Fechei os olhos. Como eu queria estar naquele cômodo.

Já que não tinha outra alternativa para dar fim a esse calor, até que tinha, mas era estúpida demais, eu precisava me refrescar, ou então acabaria entrando em combustão. Aquele seu beijo de boa noite realmente foi poderoso. Anne sabia como me atingir eu já havia percebido isso. Ela sabia como se aproximar de mim. Só não conseguia entender por que tanta confiança assim não resultava em nada. O que mais seria preciso eu fazer para mostrar a ela que podia confiar em mim?

Abri a porta do quarto e sai no corredor pouco iluminado, apenas o abajur na sala dava um pouco de luminosidade ao ambiente. Fechei de leve a porta do quarto e caminhei em direção a cozinha, precisava beber um litro d'água para reabastecer o estoque de líquido em meu corpo, antes que as minhas células rachassem.

Liguei a luz, peguei um copo e coloquei no bebedouro. Antes mesmo de ficar cheio o tomei. Enchi outro copo e sentei no banco do balcão. Estava um silêncio imenso e meus pensamentos estavam tão agitados que era possível ouvi-los.

Durante toda a minha vida, eu sempre desejei encontrar uma mulher que eu pudesse amar. Queria alguém para poder dividir o meu tempo, meus pensamentos e acima de tudo minha vida. Vivemos tão pouco tempo para querermos tudo só para nós. Se todo mundo pensasse assim acredito que estaríamos melhores.

As vezes acho que a culpa disso tudo são dos meus pais, que sempre viveram uma vida tranquila e superando tudo. Talvez se tivessem sido mais rigorosos e realistas com o filhos eu não estaria assim me lamentando por algo. Teria seguido minha vida e dado um fim a tudo isso, mas não, eu me tranquei a tudo e quando decido prosseguir mais uma vez uma mulher entra na minha vida me atingindo por inteiro. Senti quase a mesma coisa na época que conheci Simone, porém durante todos aqueles anos nos quais vivemos juntos nunca consegui ficar confortável com ela. Algo entre nós dois era inconectavel. E só depois de meses foi que vir entender o motivo de tudo aquilo. Simone não me amava, então isso era o repelente na nossa relação, o sentimento de repulsa que vivia dentro do meu peito, tentando me fazer enxergar e eu nunca consegui fazer isso.

Com Anne estava sendo diferente, eu já sondei todos os lados da minha mente e pensamentos a procura de algum alerta, mas não consigo encontrar nada. Pois a uma conectividade entre mim e ela, porém eu sinto que preciso de uma liberação para acessar o seu espaço. Não consigo me aproximar dela sem receio de ouvir uma rejeição. Aquele último acontecimento no carro, foi o suficiente para eu perceber que não devia mais tentar nada, esperaria a vez dela. Não havia necessidade disso, em tudo que já fiz eu deixei claro que a amo e desejo ela.