Parte 29 - Parte 2

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Após David seguir para a casa, entrei no chalé todo suado e desejando por um banho de água fria. Estava um completo silencio, não que Anne fosse barulhenta, mas estava tão tranquilo o ar que apenas o som dos meus passos se podia ouvir. Rodei devagar o trinco a fim de evitar qualquer barulho e entrei. Acabei me deparando com as portas do guarda-roupa abertas e Anne de baby-dool segurando um cabide com um vestido cor de pêssego maduro, eu nunca fui bom em tonalidades, principalmente em roupas femininas, mas apostava que aquela era a cor certa. Fui em sua direção a abraçando de surpresa.

– Victor! Você tá... suado...

Falou tentando soltar-se dos meus braços. Após eu roubar um beijo a deixei em paz e fui me sentar na poltrona perto da janela.

– Já disse que você cheira maravilhoso? – ela olhou para mim sorriu e revirou os olhos – É sério. Sei lá... é um cheiro doce...tentador...

E fiz menção de me levantar apenas para vê-la pular para trás esticando os braços. Cai na gargalhada.

– Calma, não sou tal mau.

Ela colocou seu vestido estendido sobre a cama, arrumou uma mecha do cabelo atrás da orelha e falou quebrando o silêncio.

– Letícia já ligou umas quatro vezes.

– O que ela queria? – perguntei dando uma espiada pela janela para o lado de fora.

– Reclamando, porque a cabeleireira e a manicure ainda não tinham chegado.

– Mas ainda nem são sete horas, porque a pressa?

– Victor são sete e meia já. E é preciso muita pressa, ela tem todo um penteado para...

Sei que não é um gesto nobre ignorar a fala de uma pessoa, principalmente da pessoa que você ama, mas acabei deixando que Anne falasse sozinha e explicasse os motivos da minha irmã está tão desesperada e divaguei em pensamentos sobre nós dois e o que eu estava prestes a fazer. Com os olhos vidrados nela me peguei pensando o quanto me apaixonei por ela nos últimos meses. Todos os dias em que acordo percebo que a amo mais. Anne conseguiu reerguer minhas estruturas que antes estavam desmoronadas de uma forma tão silenciosa que nem percebi que aos poucos eu estava deixando para trás todos aqueles destroços do meu passado. Durante todo esses meses estava ficando cego e insensível, pois não tinha notado o quanto estava transformado. Eu voltei a viver graças a ela.

Acordei do transe no momento em que Anne me perguntou se consegui entender a situação da minha irmã. Apenas empurrei as palavras para fora.

– Sim, claro que sim. Imagino o desespero dela.

Levantei da poltrona para tomar um banho, pois percebi que fedendo a suor não seria uma boa escolha para fazer o pedido. E não podia perder tempo.

– Vou tomar um banho para irmos tomar o café-da-manhã, aposto que estão esperando por nós.

– Ok, não demore. Ainda vou tomar o meu e estou faminta!

Gritou antes que eu fechasse a porta. Apenas sorri.

Com a água fria, pois sempre detestei banho quente, escorrendo pelo rosto comecei a pensar na grande mudança em nossa vida se esse meu pedido for aceito. Sei que pode acontecer que Anne não aceite agora, ou nunca, mas não quero pensar nessa mísera possibilidade. Hoje realmente estou com os pensamentos para lá de positivos e tenho a certeza que não me decepcionarei. Sei que já fui casado e a vida a dois não será mais novidades, porém acredito que nem cheguei a aproveitar ou realmente ter uma vida a dois. Meu casamento com Simone esfriou precocemente e os anos que decorreram foi de pura conveniência. Deixei ser enganado por todos aqueles anos porque eu não queria aceitar que somente eu teria um casamento ruim. Então tenho a completa certeza que irei aproveitar minha nova vida. Sei os erros que cometi e desejo não repeti-los. Dois anos sozinho foram suficiente para eu pensar sobre minha vida, sobre meus defeitos, minhas qualidades e acima de tudo sobre o que quero para o meu futuro.

Confia em Mim?Onde histórias criam vida. Descubra agora