Parte 16
Fui acordado logo cedo por uma cliente desesperada pedindo socorro, pois sua cadela não estava conseguindo parir. Troquei de roupa as presas e peguei meus equipamentos e parti em direção a sua casa. Era pouco mais de quatro e meia da manhã. Eu tinha dormido terrivelmente ruim, mas não podia negar um pedido de urgência.
Sua cadela era um pastor alemão de um ano e meio e na última consulta que realizei notei que possivelmente poderia ter problemas na hora do parto. Mas não imaginei que seria em plena madrugada. Assim que toquei a campainha o portão foi aberto de supetão.
- Entre doutor! - pediu sua dona.
- Onde ela está?
- Na varanda lá nos fundos da casa, não consegue se mexer e está ganindo a horas.
Fui em direção aos fundos da casa. Encontrei o animal debaixo da mesa ganindo baixinho. Notei sangramento. Coloquei as luvas e alisei seu focinho. Como eu já cuidava dela há meses, estávamos amigos.
- Por favor, doutor, não deixe ela morrer!
- Farei o possível, mas pelo que estou vendo irei precisar leva-la para a clínica.
- Sério?
- Sim, ela irá precisar de anestesia, não tenho como fazer o parto desse jeito, ela já está sofrendo muito. E tudo indica que precisarei fazer uma pequena cirurgia.
Com cuidado a levei para o carro enrolada num lençol, pois eu não tinha preparado nada para isso, e parti junto da sua dona para a clínica. Eu sabia que a situação da cadela estava ruim, o canal dela era pequeno e pela última ultrassom que eu havia tirado, notei como seus filhotes eram grandes, apenas cinco, mas que dariam trabalho para sair.
Preparei a sala e a coloquei sobre a mesa com cuidado. Ela pesava bastante. Me preparei e apliquei uma anestesia, dando início a uma pequena cirurgia. Sua dona ficou no corredor sentada esperando. Eu não costumava fazer partos cirúrgicos sozinho, sempre eu chamava um auxiliar, mas cinco horas da manhã não era horário para isso. Então terei que dar conta de tudo sozinho.
Notei que ela só precisava de uma ajuda, e não de uma cirurgia, pois para sua sorte havia dilatação no canal, mas ficou com medo de parir. Fiz algumas contrações em sua barriga e minutos depois o primeiro filhote saiu. Era preto e gordinho. O peguei com cuidado o colocando de lado. Olhei para a porta e vi Cassandra sua dona olhando pelo vidro. Sorri para ela.
Após alguns minutos o último filhote saiu e o sofrimento chegou ao fim. Eram quase seis horas da manhã. Limpei-os e chamei sua dona.
- Cinco filhotes saudáveis e uma mãe lutadora.
- Obrigada doutor!
- Fiz o meu dever. Já fiz os curativos nela, assim que ela acordar coloco os filhotes pertos dela. A tarde você já pode vir busca-la.
- Ok. Preciso ir, as crianças ficaram sozinhas.
Assim que ela saiu fui me sentar na entrada da loja para descansar. Estava muito cedo para Raul chegar, por isso eu teria que ficar esperando por ele, não poderia deixar a cadela sozinha. Pensei em Anne que daqui a algumas horas estaria se acordando. Terei que ir correndo para casa, pois as sete e meia preciso estar passando em sua casa para buscá-la.
Hoje era o último dia da feira e assim como no primeiro. Anne possivelmente estaria ansiosa, pois é claro, além do resultado da melhor barraca teria o da melhor orquídea. Queria muito que ela pudesse levar o título, fiz tanta questão que ela se inscrevesse que acho que ficarei terrivelmente triste se ela não ganhar.
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Confia em Mim?
RomanceUma paixão platônica. Um amor à primeira vista... Victor é um veterinário que acaba se apaixonando pela proprietária da nova loja em frente à sua clínica. Anne é uma ótima florista que consegue rapidamente atrair os clientes. Embora ele saiba quase...