Confia em Mim?

Parte 8

COMO TERMINOU A PARTE 7? CONFIRA O TRECHO DO FINAL.

– Pego você as sete, ok?

– Não! Quero ir sozinha, pegarei um táxi. Só me deixe o seu endereço. E levarei a sobremesa.

– Ok, tudo bem.

Anotei meu endereço em uma folha e entreguei para ela. Após lê-lo, o guardou no bolso da jardineira. Aproximei-me do seu ouvido e falei quase num sussurro, meus lábios roçaram em sua orelha ao soprar as palavras.

– Aguardo você hoje à noite.

Beijei de leve sua nuca e sai em direção a minha clínica, sem olhar para trás, pois caso contrário, eu ficaria ali por um longo tempo.

Parte VIII

Liguei o terceiro queimador do fogão e coloquei a panela com o molho para ferver. Olhei para trás em direção ao relógio. Calma, ainda tenho meia hora até ela chegar. Sequei as mãos e peguei uma tigela de porcelana e coloquei o arroz. Até mais cedo, eu não sabia o que fazer para o jantar, pensei em tantas coisas durante toda à tarde, que no final das contas, fiz um buffet e não um jantar para duas pessoas.

Minha salvação veio da internet, quando coloquei para pesquisar no Google “Receitas de jantar romântico” se não fossem as dicas que surgiram, estaria frito. Arroz árabe, peito de frango ao vinho porto e uma linda garrafa de vinho Merlot como bebida foram às escolhas. Eu não tinha nem ideia se as combinações eram legais, apenas que pareciam serem deliciosas.

Coloquei o molho em uma tigela pequena e pus sobre a mesa, forrada com uma toalha vermelha. Fiz questão de pedir a esposa de Raul, que fosse até uma loja de flores e comprasse um arranjo de rosas vermelhas. Eu não poderia colocar um feito por ela mesma, não teria graça. Tudo estava com um toque perfeito e encantador. Nem parecia ter sido feito por mim (certo que eu não era uma tragédia na cozinha, só não tinha tanta prática em pratos refinados). Espero que o vinho não esteja tão forte, tenho a garrafa há mais de oito anos e já estava engarrafado a cinco quando comprei.

Sobraram quinze minutos para eu me arrumar. Corri em direção ao quarto no andar de cima. Tomei uma chuveirada gelada e troquei de roupa. Borrifei de leve o perfume, não queria sentir meu cheiro e sim o dela. Minha camisa escura fora uma boa escolha para a ocasião. Após me certificar que estava pronto para recebê-la, desci indo em direção à cozinha. O frango estava em fogo baixo, queria seguir a risca a receita. Teria que dar certo.

Fui em direção à sala e liguei o som. Selecionei algumas músicas para tocar baixinho e ir preenchendo o ambiente. Nunca fiquei nervoso em encontros, principalmente quando eu os marcava, mas não sei por qual motivo, estou tão preocupado e com medo que algo saia errado. Sete horas em ponto. Ela já deve estar vindo. Sentei no sofá e fechei os olhos enquanto a canção invadia meus ouvidos acalmando a alma.

Estava num devaneio longínquo quando tocaram a campainha. Levantei e fui em direção à porta. Rodei o trinco e dei de cara com Anne, linda, encantadora e magnífica vestida num lindo vestido cor de champanhe na altura do joelho. Ela trazia nas mãos uma tigela. A sobremesa.

– Entre. Seja bem-vinda!

– Obrigada! – e estendeu a tigela em minha direção – coloque na geladeira. Fiz uma Panacotta de Morango.

Eu não fazia ideia que sobremesa era essa.

– Acredito que esteja deliciosa.

– Assim espero, a primeira vez que faço. Arrisquei.