Confia em Mim?

Parte 30

Por nossa vontade teríamos ficado ali abraçados pela eternidade, mas não demorou muito para o celular tocar, com uma ligação de Letícia, que ignorei, pois se tínhamos que nos apressarmos então não poderia perder tempo ouvindo suas reclamações. Rapidamente Anne se vestiu arrumou sua bolsa e partimos em direção a casa dos meus pais.

O dia estava começando a esquentar. Parecia que realmente seria um dia ensolarado. Notei uma equipe aparando o gramado onde a cerimônia iria acontecer. A tenda já estava montada e quase todas as cadeiras brancas estavam enfileiradas esperando serem organizadas. O palco de madeira que montamos ficou muito bom, deu um destaque excelente no gramado verde.

Anne, assim como eu, parecia estar flutuando desde o meu pedido. Acredito que sempre tenha sido seu sonho se casar, porém tivera todo esse momento inesquecível destruído. Sei que tudo o que acontece tem uma razão, e tenho certeza que este nosso passado tenha sido necessário para que hoje pudéssemos estar sentindo e comemorando esse momento.

– Tem certeza que quer contar agora?

– Sim. não vejo porque esconder – respondeu Anne.

Decidimos que contaríamos ao minha família quando chegassemos no café-da-manhã. Eu sabia que causaria um alvoroço em todos eles, principalmente em minha mãe, que parece que só se sentirá realizada quando ver todos os filhos casados. Espero que meu pai não ache que me precipitei ou estou tentando mostrar que dessa vez eu acertei, porque sinto dentro de mim que não foi um erro. Para muitos pode até ser precipitado, afinal não temos nem seis meses juntos, mas qual o motivo de se esperar quando há amor e uma aceitação de ambas as partes; nenhum. E claro, estamos apenas noivos e que isso não quer dizer que vamos nos casar na próxima semana, podemos esperar um ano ou dois. O que realmente importa é que em breve seremos oficialmente um do outro.

Antes de subirmos os degraus da varanda pude ouvir o barulho de vozes que vinha dos fundos. Eles realmente não sabiam conversar baixo. Olhei para Anne que apertou com força minha mão.

– Se prepare para um grande alvoroço.

– Ah... que nada. Eles são ótimos!

– Ainda bem que você teve essa impressão.

Assim que surgimos na varanda atraímos a atenção de todos eles. Até mesmo meu pai tirou o olho do jornal. Notei que meus sobrinhos ainda não estavam na mesa, acredito eu que uma hora dessas da manhã estejam dormindo. Anne estava com a mão fechada. E por incrível que pareça senti um pouco de nervosismo, não sei por qual motivo, só sei que meus batimentos aumentaram um pouco, disso eu tinha certeza. Leticia foi a primeira a falar como sempre.

– Nossa! Até que enfim!

– Pensei que vocês tinham sido raptados – ironizou David.

Estavam todos a mesa, exceto minha mãe.

– Nem atrasamos tanto assim – comentei.

– Ah... não, quase nada. Apenas são oito horas e quinze minutos – resmungou minha irmã sorrindo.

– Bom... – olhei para Anne que concordou – Gostaríamos de contar algo.

Minha mãe surgiu assim que terminei de falar, trazendo uma travessa com fatias de bolo. Ela se livrou da travessa e me deu um abraço, antes que ela começasse a falar, Alex pediu que ela se sentasse, pois tínhamos um aviso para dar.

– Bem...

– Diga logo pelo amor de Deus! – implorou Susan.

– Calma, vocês são muito curiosos. É... Anne aceitou o meu pedido de casamento, estamos noivos!