Estávamos bem próximos da residência dos meus pais quando Letícia nos abordou, dizendo que estavam nos esperando para o lanche. Anne olhou confusa para mim, então expliquei que era um costume da minha família, sempre que todos estavam reunidos, minha mãe preparava um banquete para comermos até cansar, mas que não se preocupasse, não era obrigada a experimentar tudo o que eles oferecessem. Entramos pelos fundos da casa e dobramos a direita. Avistei ao fundo a mesa grande de madeira e todos eles sentados ao redor como se fosse a santa ceia. Até mesmo as crianças estavam sentadas também. Tinha comida para alimentar um batalhão de pessoas.
– Devíamos ter ido trocar de roupa – Anne falou.
Olhei de lado.
– Sim, mas nem sei onde estão as chaves do chalé, e não seria uma boa ideia, pois... nada garantia que voltaríamos para comer – falei sorrindo.
Anne enrubesceu.
Assim que surgimos no campo de visão de todos, David falou:
– Nossa andaram bastante hein!
– Fomos dar uma volta até o rio.
– Está muito cheio? – perguntou meu pai.
– Não, quase seco.
– Ultimamente ele só tem ficado assim. As chuvas estão bem escassas.
– Sério?
– Sim, alguns fazendeiros já estão com medo.
– Por favor, digam que não irão começar um assunto desses agora? – perguntou Let.
– Não – falei.
Anne parecia estar impaciente com a areia em seus pés, pois não parava de esfregar um no outro. Minha mãe notando suas sandálias no chão ao lado da cadeira rapidamente perguntou:
– Quer lavar os pés e calçar uma sandália mais leve?
– Gostaria de lavar os pés se possível.
– Venha comigo, suas malas ainda estão aqui dentro de casa. Voltamos já, e, por favor, deixem comida para a visita. Letícia fique de olhos neles.
Olhei para Anne e deixei escapar um sorriso no canto dos lábios.
– Pode ir tranquila – disse Letícia.
– Vamos querida.
– Calma, garotão, ela volta logo – ouvi Alex comentar, e atirei um pedaço de biscoito nele o golpeando no ombro. Anne olhou para mim antes de sumir casa adentro.
As conversas e afrontas continuaram. David começou a contar sobre como estava sendo sua vida com o novo filho e acusou Susan de tratá-lo como escravo. Mordi algumas vezes seguida um pão-de-alho para ocupar a boca enquanto observava todos a mesa, principalmente meu futuro cunhado. Murillo estava realmente aprovado para fazer parte da família. Tenho que confessar, que não botei muita fé nele, nem em suas intenções nessa relação, mas percebo que estava totalmente enganado. Minha mãe retornou minutos depois sozinha. Assim que se sentou segurou o meu braço e disse:
– Ela é adorável. Gostei dela.
– Que bom.
– E muito linda.
– Sim, realmente.
– Espero que vocês sejam muito felizes.
Minutos depois Anne surgiu. Parecia estar perdida. E como não ficar? Numa casa imensa como essa.
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Confia em Mim?
Roman d'amourUma paixão platônica. Um amor à primeira vista... Victor é um veterinário que acaba se apaixonando pela proprietária da nova loja em frente à sua clínica. Anne é uma ótima florista que consegue rapidamente atrair os clientes. Embora ele saiba quase...