Parte 24 - parte 1

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Avistei ao longe a imensa placa à beira da estrada que dizia "Seja bem-vindo!". Anne olhou para mim e sorriu. Em menos de uma hora eu estaria apresentando ela a minha família. Faz alguns anos que não faço isso e espero não ter perdido o jeito. Apresentar à namorada, principalmente a nossa mãe, não é algo simples de se fazer, sempre ficamos com aquela impressão que a mulher que trouxemos, não a agradou.

Mãe são sempre as pessoas mais difíceis de convencer que está tudo bem, pois fazem questão de se preocupar. Acredito que Anne será um tipo de pessoa que irá conquistar minha mãe à primeira vista.

– Parece ser uma cidade tranquila.

Olhei em sua direção.

– Sim, na maioria das vezes. Meu pai sempre disse que é um lugar excelente para criar os filhos.

– Acredito que ele esteja certo.

Sorri concordando, pois raramente aquele homem estava errado.

Segui o caminho de terra em direção à fazenda. O local ficava bem reservado, cerca de dois quilômetros da cidade. Meu pai herdara esse lugar do meu avô, e eu e meus irmãos nascemos e crescemos nessa fazenda, até virarmos independentes não conhecíamos outro lar.

A terra da estrada estava seca e os pneus derrapavam nos grãos de areia causando barulho. Anne estava atenta ao percurso e ora ou outra falava algo, pois notei que estava um pouco nervosa.

– Não precisa ficar nervosa.

– Não estou nervosa.

– Claro que está. Você já rodou tanto esse anel no dedo que deve estar polido.

Anne parou de rodar no mesmo instante e olhou para fora. A estrada era mata e campos dos dois lados.

– Fico imaginando como deve ser passar por essa estrada em tempos de chuva.

– Não é tão ruim, a areia já está bem firme. Carros circulam livremente, agora pedestres é mais complicado.

– Você andava tudo isso para ir à cidade?

– Às vezes eu ia a cavalo ou na caminhonete, poucas vezes fui a pé.

– Nunca andei de cavalo. É bom?

– Maravilhoso. Vou levar você para dar uma volta.

– Jura?!

– Sim, você vai ver como é bom – dobrei em uma curva e segui em frente.

– Vou cobrar.

– Fique a vontade.

Minutos depois avistei o portão da fazenda. Anne olhou para mim.

– Chegamos.

– Ok, então vamos as apresentações! – falou soltando uma risada.

O portão estava aberto e aproveitei para estacionar bem próximo da entrada da imensa casa que agora estava vazia e silenciosa, movimentada apenas em festividades, como essa. Como se era de imaginar, minha mãe nos ouviu chegando. Assim que saímos e bati a porta a avistei descendo os degraus às pressas em nossa direção.

– Vic!

Não tive tempo nem para apresentar Anne que estava parada ao meu lado, porque simplesmente minha mãe me agarrou para um abraço. Sentir os braços dessa mulher ao meu redor não tem preço. Quando ela percebeu que não estávamos sozinhos se afastou desconfiada e olhou para mim depois para Anne.

Confia em Mim?Onde histórias criam vida. Descubra agora