Entrei pelos fundos da casa e encontrei minha mãe sentada numa espreguiçadeira fazendo crochê, que segundo ela: era uma excelente terapia, um passa tempo gratificante. Ultimamente sua vida estava tão pacata que suas distrações, se resumiam a ler livros, fazer crochê, gastar fazendo compras, assistindo documentários ou prepando receitas na cozinha. Sentei na cadeira ao seu lado.
– Letícia ainda está mantendo sua namorada refém?
– Sim.
Ela olhou para mim e continuou.
– Como foi que se conheceram? Letícia só me contou por alto, quero os detalhes.
– Não tem detalhes é só isso mesmo.
– E foi tão rápido assim? Nenhum problema?
– Sim, isso teve. Anne não queria saber de relacionamento, ela tinha acabado de sair de um, nada amigável. E isso foi o que dificultou um pouco. Acabamos meio que discutindo no início, pois eu me abri primeiro. Passamos alguns meses apenas nos cumprimentando da porta da lojas. Até que ela percebeu que deveria dar uma chance para sua vida. Afinal ninguém merece sofrer por nada que não faça valer apena.
– Entendo, mas vejo que conseguiu depositar confiança não foi?
– Acredito que sim.
– Estou muito feliz por você, querido!
Olhei para ela e apertei sua mão.
– Obrigado, mãe.
– Espero que vocês dois possam ser feliz.
– É o que eu mais desejo – soltei uma lufada de ar.
– Pensa em casar com ela? Ou a ideia de casamento já morreu?
Mordi o lábio antes de responder.
– Sim, eu penso, mas não falamos sobre isso ainda.
– Entendo. Venha comigo, quero mostrar algo para você.
Ela se levantou e entrou em casa, a segui sem ter ideia para onde estava indo. Subimos as escadas e a segui até o fim do corredor, até perceber que estava indo para o seu quarto. Há anos não entro mais nesse cômodo, desde que deixei de morar com meus pais, no ano que decidi ir para o exército. Entrei logo após minha mãe.
Ela foi rapidamente em direção ao guarda roupa. Sentei-me numa poltrona próxima a janela, puxei um pouco a cortina e espiei o lado de fora.
– Está tão bem guardado que não estou achando.
– O que a senhora está procurando?
– Uma caixinha.
– Quer ajuda? Lembra onde a viu da última vez?
Levantei e fui em sua direção. Ela olhou para trás respondendo:
– Meu filho, eu não lembro mais nem o que comi pela manhã, imagine quando foi a última vez que vi essa caixa.
– Já olhou na sua cômoda? – sugeri.
Ela rapidamente foi em direção ao móvel ao lado da cama, abriu algumas gavetas, retirou uma caixa de papel de dentro e depois me chamou:
– Venha aqui. Achei.
Sentei ao seu lado na beirada da cama. Minha mãe segurava uma caixinha branca. Meu sexto sentido logo me alertou o que poderia ser.
– Tenho isso há muito tempo. Eu ganhei de presente, mas usei apenas nos primeiros anos de casamento.
– Mãe...
VOCÊ ESTÁ LENDO
Confia em Mim?
RomansaUma paixão platônica. Um amor à primeira vista... Victor é um veterinário que acaba se apaixonando pela proprietária da nova loja em frente à sua clínica. Anne é uma ótima florista que consegue rapidamente atrair os clientes. Embora ele saiba quase...